Há 70 anos, desde 20 de maio de 1954, que os governos de Honduras e Estados Unidos assinaram o Convênio Bilateral de Ajuda Militar. Esse acordo faz parte do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), para a manutenção da paz e da segurança no Hemisfério Ocidental.
Como resultado dessa aliança, os membros das Forças Armadas de Honduras e seus homólogos dos EUA aprenderam uns com os outros, por meio de treinamento, exercícios e intercâmbios, além de fortalecerem sua luta comum contra grupos criminosos e o tráfico de drogas, pessoas, fauna e flora silvestres.
“Construímos uma parceria duradoura e de confiança com Honduras, devido aos nossos interesses compartilhados em cooperação e interoperabilidade”, disse a General de Exército Laura J. Richardson, do Exército dos EUA, comandante do Comando Sul (SOUTHCOM), em um comunicado.
A Força-Tarefa Conjunta Bravo (JTF-Bravo) dos EUA, destacada na Base Aérea de Soto Cano, em Comayagua, Honduras, há 40 anos, expressou sua gratidão pela amizade e apoio de longa data. “Temos a honra de manter esse relacionamento forte e próspero com Honduras, nossa nação anfitriã”, disse a JTF-Bravo via X.
“O mais importante é o relacionamento entre as forças militares dos dois países, que são aliados há muitos anos”, disse a Tenente-Coronel de Aviação Dulce María Vásquez Amador, da Força Aérea Hondurenha, comandante da Base Aérea de Soto Cano. “Entre os aspectos destacados estão o apoio a operações aéreas durante desastres naturais e a ajuda humanitária, bem como a coordenação do apoio logístico, tanto em segurança como em treinamento.”
Pilar fundamental
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Na aliança militar entre os Estados Unidos e Honduras, a JTF-Bravo é uma presença vital para a cooperação humanitária entre os dois países.
“Essa proximidade resulta em muitos benefícios para os pacientes que chegam aos hospitais públicos da Secretaria de Saúde em toda Honduras”, disse à Diálogo, em 27 de maio, o Dr. Ricardo Avilés, oficial de Ligação Médica da JTF-Bravo. “Realizamos atividades com muitos grupos de trabalho que incluem, mas não se limitam a cuidados médicos gerais em áreas negligenciadas, como odontologia, campanhas de vacinação e missões especializadas em hospitais públicos, para realizar cirurgias em várias especialidades e reconstrução de lesões traumáticas.”
“Essas equipes trazem consigo medicamentos, suprimentos médicos, pessoal especializado e, acima de tudo, a vontade de ajudar pacientes de baixa renda e interagir com o pessoal de saúde do país”, disse Avilés. “Como exemplo de compromisso, é fornecido apoio contínuo às salas de emergência para adultos, com equipes de emergência quase todos os meses do ano no Hospital Escuela, em Tegucigalpa, e no Hospital Mario Catarino Rivas, em San Pedro Sula.
Treinamento constante
Há 15 anos, o exercício bianual CENTAM SMOKE, liderado pelo Departamento de Bombeiros do 612º Esquadrão Aéreo da JTF-Bravo, contou com a participação de militares e civis de Belize, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Jamaica e Panamá, informou à Diálogo o inspetor de incêndios da JTF-Bravo, Herberth Gaekel.
O objetivo desse exercício é melhorar a capacidade regional de emergência, otimizar a prontidão operacional para uma resposta rápida e padronizar o conhecimento dos bombeiros de toda a América Latina, no caso de incêndios ou desastres.
Reconstrução do meio ambiente
“A política militar [hondurenha] não se concentra apenas na defesa e na segurança. A proteção e a recuperação do meio ambiente são de extrema importância e altamente apoiadas”, disse à Diálogo Leonel Herrera, diretor da Fundación Árbol de Misericordia, uma ONG hondurenha voltada para o reflorestamento e a melhoria da infraestrutura para a educação e a saúde. “O apoio da JTF-Bravo nos permite, em parceria com a Secretaria de Educação e as Forças Armadas de Honduras, atingir a meta de plantar 200.000 árvores por ano.
“Mais de 1.000 hectares de floresta foram reflorestados, criando mini corredores biológicos que estabelecem a conectividade. Isso permite que a vida selvagem se desloque de uma área da floresta para outra sem perigo”, acrescentou Herrera. “Nas áreas de pastagem, foram plantadas ‘barreiras vivas’, uma espécie de bulevares de árvores entre as pastagens que ligam os habitats e são espaços seguros para a biodiversidade.”
“Essas áreas foram ideia dos que participamos do reflorestamento da área do Lago Yojoa e que agora permite que o quetzal, que se move a 1.200 metros acima do nível do mar, possa descer até cerca de 650 metros”, continuou Herrera. Além disso, essas áreas são usadas por crianças em idade escolar para observar a vida selvagem.
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Os 1.000 hectares reflorestados não apenas preservam a biodiversidade, mas também são a fonte do recurso mais precioso: a água. De acordo com a ONG canadense Water for People, dos 9,7 milhões de habitantes de Honduras, cerca de 7,5 milhões, isto é, mais de 77 por cento, não têm acesso à água potável.
“Com esses 1.000 hectares de área reflorestada, agora temos 18 fontes de água protegidas, que fornecem esse líquido vital a aproximadamente 75.000 famílias. A JTF-Bravo também apoia a análise das fontes de água, para determinar sua possível contaminação”, disse Herrera.
Foi assim que, em uma comunidade, eles conseguiram determinar a causa de várias doenças gastrointestinais. Ao fazer a análise, descobriram a contaminação por fezes fecais, e o problema foi resolvido com o fornecimento de purificadores de água potável.
Esse trabalho é realizado por meio de uma aliança entre a equipe da JTF-Bravo, da Fundação Árvore de Misericórdia e da equipe da Secretaria de Saúde, da Secretaria de Educação, das Forças Armadas e de outras ONGs da região, beneficiando os departamentos de Cortés, Santa Bárbara e Comayagua.
Mais fortes juntos
“A parceria entre os Estados Unidos e Honduras se reforça mutuamente e é benéfica para garantir a estabilidade contra agressões, desenvolver a capacidade das nações parceiras e responder lado a lado a desastres naturais”, disseram as Forças Aéreas Sul dos EUA/12ª Força Aérea, em um comunicado.
“As Forças Armadas dos EUA estão mais fortes do que nunca, graças à colaboração com Honduras nos últimos 70 anos e, juntas, essa relação continuará a construir parcerias sólidas com outras nações da região.”