As autoridades paraguaias alcançaram recordes históricos na apreensão de narcóticos entre 2018 e 2023, com a apreensão de 30.000 toneladas de maconha e quase 14 toneladas de cocaína em mais de 5.000 operações, informou em um comunicado a Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) do Paraguai.
“A cooperação internacional foi fundamental para a realização dessas ações na luta contra o crime organizado”, disse à Diálogo Francisco Ayala, diretor de Comunicações da SENAD.
Os agentes prenderam quase 2.000 pessoas ligadas ao narcotráfico e apreenderam mais de 1.000 veículos, informou a Agência de Informações Paraguaia (IP) em um comunicado. As operações causaram um prejuízo econômico de mais de US$ 1,1 bilhão às organizações criminosas no Paraguai, considerando a quantidade de drogas e bens móveis e imóveis apreendidos durante esse período.
“Mais de 80 por cento desse prejuízo econômico é resultado da cooperação internacional”, afirmou Ayala. Um dos vínculos atuais mais importantes da SENAD é com a Polícia Federal (PF) do Brasil. Ambas as forças realizam operações regulares para erradicar plantações e desmantelar organizações criminosas de lavagem de dinheiro na área de fronteira.
Em junho, por exemplo, a SENAD e a PF desmantelaram dois depósitos de drogas e apreenderam mais de 4 toneladas de maconha, como parte da Operação Fronteira Segura VII. “A operação de hoje [27 de junho] foi resultado de uma ágil troca de informações entre instituições de ambos os países e permitiu a identificação e localização de outro grande depósito de armazenamento e distribuição de drogas na cidade de Pedro Juan Caballero, departamento de Amambay, no Paraguai”, disse a PF em um comunicado.
“As operações Fronteira Segura são uma estratégia de ação conjunta entre a PF e a SENAD e têm como objetivo o desmantelamento contínuo de organizações criminosas transnacionais”, acrescentou a PF. De acordo com Ayala, a cooperação com a PF vem ocorrendo há mais de 14 anos e tem produzido os melhores resultados. “Mas, ao mesmo tempo, a cooperação com as autoridades uruguaias e argentinas também foi fortalecida, principalmente em investigações relacionadas a carregamentos de cocaína que passam por portos com destino à Europa”, lembrou.
A Ultranza PY
“Outro exemplo de cooperação é o trabalho permanente que a SENAD realiza com a Administração para o Controle de Drogas (DEA) dos EUA”, observou Ayala. A cooperação com a DEA possibilitou a realização em 2022 de A Ultranza PY, a maior operação contra o crime organizado e a lavagem de dinheiro na história do Paraguai.
“Nessa operação, foram realizados 120 procedimentos, com 24 detidos e 50 acusados, e mais de US$ 250 milhões em bens móveis e imóveis foram colocados à disposição do Estado paraguaio”, informou a IP.
De acordo com Ayala, a SENAD também estabeleceu um “intercâmbio fluido de informações” com a Europol, a Polícia Alfandegária alemã e as polícias de países como Bélgica, Espanha e Itália. “Esse intercâmbio permanente trouxe resultados muito animadores para o Paraguai”, afirmou. “É claro que não fica para trás o vínculo com outras organizações da região, como Colômbia, Equador, Peru e Bolívia, com as quais houve grupos de trabalho e reuniões permanentes para fortalecer a cooperação”, acrescentou Ayala.
Controle alfandegário
Em meados de julho, as alfândegas do Paraguai e do Uruguai assinaram um acordo de cooperação para melhorar os controles de segurança em seus portos. “Eles fizeram isso depois que um carregamento de 10 toneladas de cocaína foi detectado no porto alemão de Hamburgo, proveniente do território paraguaio e que tinha passado pelo porto de Montevidéu”, informou o site argentino Infobae. “Essa seria a segunda carga mais importante apreendida em toda a Europa”, publicou o jornal paraguaio Última Hora.
A maior apreensão ocorreu em fevereiro de 2021, quando funcionários da Alfândega alemã interceptaram 16 toneladas de cocaína no porto de Hamburgo, informou o site alemão Bild. O acordo assinado entre o Paraguai e o Uruguai prevê o aumento do uso de scanners para monitorar os navios que partem com destino à Europa, acrescentou Infobae.