O governo do Panamá destacou 1.200 agentes de segurança na selva de Darién, na fronteira com a Colômbia, para combater os grupos criminosos transnacionais que assolam essa área inóspita no meio da rota sul-americana de tráfico de drogas e armas. Os crimes que ocorreram nas últimas semanas na região indicam claramente um aumento dos grupos criminosos, de acordo com o Ministério da Segurança do Panamá.
A iniciativa, conhecida como Operação Chocó, faz parte da Campanha Escudo e será realizada em cinco setores com ações de segurança, reconhecimento e inteligência, para assumir o controle das rotas utilizadas pelas organizações criminosas, informou a agência de notícias panamenha Telemetro.
“Forças policiais do Serviço Nacional Aeronaval [SENAN] e do Serviço Nacional de Fronteiras [SENAFRONT] se juntaram a esta campanha”, informou o jornal Panamá América. “Essas gangues são organizadas por jovens que têm um líder que pode ser do Clã do Golfo.”
O SENAFRONT usa um sistema biométrico para identificar pessoas e confirmar se elas pertencem ou não a um grupo terrorista. Essa ferramenta facilita o intercâmbio de informações com agências de segurança internacionais, como a Organização Internacional de Polícia Criminal (INTERPOL) e o Bureau Federal de Investigações (FBI) dos EUA. Graças a esse sistema, foram presos nove criminosos procurados em seus países de origem por diferentes crimes, incluindo narcotráfico e tráfico de pessoas, informou o jornal digital panamenho MiDiario, em 19 de junho.
“O sistema de reconhecimento biométrico é uma excelente ferramenta que dá resultados muito bons”, disse à Diálogo Jaime Abad, advogado criminalista e ex-diretor da extinta Polícia Técnica Judicial do Panamá, em 18 de julho. “Espero que o integremos não apenas nos pontos de fronteira ou no Aeroporto de Tocumen, mas também em todos os aeroportos menores que têm voos locais e em lugares onde os fluxos de estrangeiros convergem.”
Relatórios de inteligência coletados pelas forças de segurança sugerem que se move na área o Clã do Golfo, uma organização criminosa de narcotráfico da Colômbia, composta por 9.000 criminosos que espalham seus tentáculos em aproximadamente 30 países, e estima-se que trafique cerca de metade da cocaína da Colômbia, informou France 24.
Frank Ábrego, mestre em Segurança Nacional e ex-diretor geral do SENAFRONT, concorda que o uso da tecnologia melhora os resultados das operações que realizam em uma área tão complicada como o Darién.
“Entre as capacidades mais eficazes que podem ser acrescentadas estão as tecnológicas para a vigilância, o controle e a proteção da fronteira entre a Colômbia, com 266 quilômetros, e a Costa Rica, com 330 quilômetros, onde é impossível ter um controle rigoroso”, disse à Diálogo Ábrego. “A selva de Darién representa um obstáculo natural para operações de alto impacto. As tecnologias são caras, mas ajudam significativamente na segurança e defesa das nações.”
Parceiro estratégico
Essa operação envolve veículos todo terreno, lanchas, bem como seis helicópteros, doados pelo governo dos EUA para operações humanitárias e para a luta contra o narcotráfico, disse o ministro da Segurança, Juan Manuel Pino, à Voz da América. “Também recebemos colaboração em equipamentos de segurança e informações de inteligência”, acrescentou.
De fato, os Estados Unidos estão cooperando continuamente com as forças de segurança do Panamá e da Colômbia, para aumentar seus esforços para impedir que organizações criminosas transnacionais usem o Darién para atividades ilícitas, confirmou o jornal La Prensa.
“Os Estados Unidos são um fator determinante na consolidação da segurança, não apenas porque estão em conformidade com a sociedade panamenha, mas também porque os resultados têm um impacto no hemisfério”, afirmou Ábrego. “Sua conhecida posição geográfica […] faz com que as contundentes atividades realizadas contra o crime organizado transnacional tenham valiosas repercussões externas.”
A General de Exército Laura J. Richardson, do Exército dos EUA, comandante do Comando Sul, observou, durante sua mais recente visita ao Panamá, que a parceria com o país “reflete nosso compromisso duradouro com a região e nosso interesse compartilhado para ter um hemisfério seguro e pacífico”, citou o jornal La Verdad Panamá, em 15 de junho.
A Gen Ex Richardson acrescentou, segundo a agência de notícias EFE, que os Estados Unidos continuarão a apoiar a capacitação institucional e o treinamento com as forças de segurança, com o apoio da Brigada de Assistência às Forças de Segurança e Assuntos Civis, que são realizadas tanto na Colômbia quanto no Panamá.
Entre 2022 e 1º de junho de 2023, as forças de segurança panamenhas detiveram cerca de 200 criminosos no Estreito de Darién, informou o Ministério de Segurança Pública em um comunicado.