Líderes seniores de 23 marinhas internacionais se reuniram no Workshop do Simpósio Naval do Pacífico Ocidental (WPNS) 2023, na Escola Naval do Peru, em La Punta, Lima.
O evento foi de natureza acadêmica e teve como objetivo abordar questões relacionadas ao fortalecimento da interoperabilidade e da cooperação em termos da interconexão das instituições no Oceano Pacífico.
“O Pacífico é um enorme corpo de água que temos que cuidar e proteger”, disse à Diálogo, em 15 de outubro, o Capitão de Corveta José Miguel Sazo Garrido, subchefe do Departamento de Assuntos Internacionais do Estado-Maior Geral da Marinha do Chile, ao participar da reunião. “Concordamos que é uma área fundamental em termos de comunicação, transporte, comércio e também do ponto de vista do ecossistema e dos recursos marinhos; portanto, deve ser protegida nesses diferentes níveis.”
Delegações da Austrália, Camboja, Canadá, Chile, Cingapura, Colômbia, Coreia do Sul, Estados Unidos, Filipinas, França, Indonésia, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia e Tailândia, entre outros países, participaram do simpósio. Havia também delegações de observadores do Equador, Holanda, Índia, Paquistão e Sri Lanka.
Durante o evento, realizado no fim de agosto, foram atualizados os procedimentos em caso de encontros não planejados no mar, resposta a desastres naturais e status atual do simpósio. Do mesmo modo, também foram discutidas questões como intercâmbio de experiências e aspectos de interoperabilidade, com o objetivo de criar confiança entre as marinhas.
Além disso, os participantes discutiram o intercâmbio de oficiais subalternos, o programa de interação de líderes emergentes e o Guia de Resposta a Desastres do Simpósio, entre outros, de acordo com o Governo do Peru.
“O programa de interação de oficiais subalternos foi um ponto muito bem analisado e discutido no simpósio”, disse o CC Sazo. “Aqui, os jovens oficiais que serão os futuros líderes de suas marinhas puderam compartilhar experiências, criar redes de comunicação e interação, que mais tarde servirão como um canal técnico para desenvolver diferentes atividades e fortalecer a confiança e os laços desde o início.”
Percebendo que a cooperação no Pacífico transcende as marinhas que estavam presentes, a Holanda expressou sua intenção de participar da reunião em ocasiões futuras e de cooperar com as respostas a desastres.
“Esta reunião serve para semear a paz e a estabilidade em nível regional”, disse à Diálogo Pedro Yaranga, analista internacional peruano. “Alguns países do Pacífico estão projetando que nos próximos 10 ou 20 anos eles enfrentarão uma criminalidade muito mais sofisticada, que usará tecnologia de ponta.”
Por sua vez, a Austrália propôs a adoção de um código de encontros não planejados no mar para as unidades navais, de modo que, caso uma unidade esteja operando em uma determinada área e encontre outra, possa evitar colisões ou interferências em suas ações e acidentes.
Embora não tenha sido o tema principal do simpósio, o combate ao narcotráfico foi abordado pela Marinha da Colômbia. Ela apresentou sua estratégia, ações e meios disponíveis para enfrentar essa ameaça, o que deu origem a um diálogo entre as marinhas.
Essa foi a primeira participação da Marinha da Colômbia no simpósio, depois que sua aceitação como membro pleno do fórum foi aprovada na edição anterior em Yokohama, Japão, ressaltou a instituição em sua página no Facebook.
“Esse tipo de reunião serve para fortalecer a resposta a crimes como o narcotráfico, que está crescendo no mundo”, disse Yaranga. “O tráfico de drogas sintéticas, que são muito mais nocivas, é mais barato e elas são mais fáceis de transportar via marítima para diferentes mercados.”
“Aqui na região, o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital dominam mais de 80 por cento do narcotráfico no Brasil. Os narcotraficantes saem pelo Atlântico, mas querem se expandir para todo o Pacífico também. É o que mais interessa ao narcotráfico no momento”, acrescentou Yaranga. “Portanto, esse simpósio faz sentido para que haja maior coordenação, o que nos permitirá enfrentar essas ameaças como um bloco.”
Ao finalizar a atividade, o anfitrião, Contra-Almirante Luis Del Carpio, da Marinha de Guerra do Peru, agradeceu a presença de todas as marinhas.
“O fato de o simpósio ter sido realizado no Peru é um sinal importante para o país, dada a sua localização central no Pacífico”, disse Yaranga. “Isso deve ser visto como um exemplo a ser seguido pelos governos latino-americanos, para que tomem decisões políticas e combatam juntos o crime organizado transnacional.”
“O mais interessante e enriquecedor, do meu ponto de vista, foi a interação com as outras marinhas e oficiais, não apenas nas atividades oficiais, mas também nas reuniões de corredor, almoços etc.”, disse o CC Sazo. “Tudo serviu para fortalecer a confiança e a amizade e percebemos que temos desafios comuns nessa grande região, que é o Pacífico.”