A Academia Interamericana das Forças Aéreas (IAAFA, em inglês) dos Estados Unidos foi a anfitriã de oficiais militares e representantes de Belize, Brasil, Costa Rica, El Salvador, Equador, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, Jamaica, México, Paraguai, Peru, República Dominicana, Suriname, Trinidad e Tobago e Uruguai, que participaram do IV Simpósio de Intercâmbio do Hemisfério Ocidental (WHES IV, em inglês) em San Antonio, Texas, de 20 a 24 de maio de 2019. O simpósio é organizado anualmente para fazer intercâmbio de informações e experiências de operações de resposta em situações de desastres, ajuda humanitária, operações antinarcóticos e estratégias aéreas e marítimas.
“Estamos aqui para educação e treinamento, que é a missão da IAAFA. Trabalhamos para solucionar nossos desafios, nossos problemas; compartilhamos perspectivas, conhecimentos, ideias e fazemos a diferença para o povo desse nosso hemisfério”, disse o Brigadeiro da Força Aérea dos EUA Mark E. Weatherington, subcomandante do Comando de Educação e Capacitação Aérea da Base Conjunta San Antonio-Randolph, no Texas.
O simpósio é um fórum aberto para que os altos chefes militares da região exponham seus avanços e desafios, tendo o crime organizado como denominador comum. “Com essa iniciativa dos EUA, podemos [expor] o que se passa conosco, os problemas, e conhecer-nos frente a frente para combinarmos nosso trabalho”, disse à Diálogo o Brigadeiro Javier Rene Barrientos Alvarado, comandante geral da Força Aérea Hondurenha. “Trata-se de uma grande oportunidade para todos os países, para cooperar e atuar com melhores resultados.”
No caso específico de El Salvador, o narcotráfico e as gangues são as causas do mal-estar da população. “Esse binômio gangues-narcotráfico deixa um rastro de luto e morte para as famílias e os países ameaçados por esses flagelos”, garantiu o Coronel do Exército DEM Carlos Alberto Tejada Murcia, comandante do Comando de Engenheiros da Força Armada de El Salvador. “Uma das gangues de El Salvador, a MS-13 [Mara Salvatrucha], é considerada uma organização criminosa transnacional.”
Durante quatro dias, os oficiais expuseram as formas mais eficientes para enfrentar as ameaças comuns. As experiências e as informações compartilhadas ajudaram os participantes a encontrar soluções específicas para seus problemas locais.
“Honduras era um dos países mais violentos do mundo”, disse à Diálogo o Brig Barrientos. “Fizemos uma reestruturação e uma depuração profunda na Polícia Nacional e nas Forças Armadas para tornar as duas instituições mais fortes.”
“As transformações dos últimos seis anos em nosso país estão funcionando”, acrescentou à Diálogo o Coronel do Exército Hugo Lorenzo Coca Cantarero, subdiretor de operações das Forças Armadas de Honduras. “Em 2012, tínhamos 86 homicídios para cada 100.000 habitantes, e agora essa cifra foi reduzida em 50 por cento.”
A média de homicídios em 2018 baixou para 40 para cada 100.000 habitantes, depois que 4.000 policiais corruptos foram demitidos, bem como com a intensificação da educação, do treinamento, o aumento dos salários e a contratação de novos membros para as instituições de segurança, informa o Banco Interamericano de Desenvolvimento em seu relatório Como Honduras reduziu à metade seu índice de homicídios? A meta agora é treinar e formar 23.000 novos agentes até 2023, diz o relatório.
A Guatemala informou que sua solução inicial foi um investimento considerável para melhorar as capacidades das Forças Armadas. “Compramos aviões, recuperamos helicópteros, otimizamos o sistema de radares 3D para a vigilância do espaço aéreo e fizemos um esforço integral e combinado para enfrentar o crime transnacional”, disse à Diálogo o Brigadeiro Timo Hernández Duarte, comandante da Força Aérea Guatemalteca.
O Estado de Direito está sendo constantemente atacado por traficantes e outros criminosos. “Eles controlam partes de cidades e povoados, subornam os funcionários do governo, assassinam juízes e policiais, bem como nossos amigos e companheiros, e também assassinam transeuntes inocentes”, disse na reunião o Major-Brigadeiro da Força Aérea dos EUA Michael T. Plehn, subcomandante militar do Comando Sul dos EUA. “[Para] o Comando Sul dos EUA, a concorrência é mortal; muitos dos senhores participam dela diariamente e dezenas de milhares de vidas são devastadas a cada ano em nossa redondeza. Essa é uma concorrência [da qual] todos nós participamos de forma ativa”. “Temos que trabalhar lado a lado, temos que sentir confiança entre todos para podermos realizar melhores operações”, finalizou o Brig Barrientos.