Os mecanismos de cooperação entre Honduras, Estados Unidos e o governo interino da Venezuela adquirem maior intensidade para conter as máfias do narcotráfico venezuelano vinculadas ao regime de Nicolás Maduro, apesar da pandemia da COVID-19.
Para fortalecer as operações militares contra o tráfico de drogas e a criminalidade em toda a região, o presidente de Honduras Juan Orlando Hernández inaugurou em Tegucigalpa, no dia 25 de maio, o Centro Combinado de Operações Interagencial (CCOI).
O CCOI será utilizado para operações de multi-domínio e será vinculado ao Centro Interagencial de Operações Táticas em Colón, Gracias a Dios e Olancho. “Essa plataforma interagencial cria apoio mútuo, em tempo real, para a realização de operações táticas contra as máfias do narcotráfico”, disse à Diálogo o Coronel do Exército de Honduras Juan Ramón Macoto, comandante da Força de Segurança Interinstitucional Nacional.
Antes da inauguração do CCOI, uma comissão integrada por representantes de Honduras, Estados Unidos e do governo interino da Venezuela realizou uma inspeção do Centro Interagencial de Operações Táticas em Gracias a Dios para verificar os métodos de procedimento do Cartel dos Sóis, uma estrutura criminosa nas fileiras do regime de Maduro, que utiliza Honduras como ponte para o tráfico de drogas ilegais, informou Claudio Sandoval, embaixador do governo interino venezuelano em Honduras.
“Cem por cento dos aviões que pousam ilegalmente nesse país com carregamentos de drogas vêm da Venezuela”, garantiu Sandoval à imprensa. “Lá [em Gracias a Dios] existe um cemitério de pequenas aeronaves descartáveis do narcotráfico que são usadas apenas para transportar uma carga e depois a prova do crime é largada no local.”
“Partem do estado [venezuelano] de Zulia, de Perijá e Guajira, porque dessa forma economizam horas de voo”, declarou Sandoval ao jornal hondurenho El Nacional. “A América Central é importante, ideal para o Cartel dos Sóis. Ali aterrissam as pequenas aeronaves e em seguida a droga é trasladada por via terrestre para a Guatemala, México e Estados Unidos”, acrescentou.
Com a criação do CCOI e a entrada em vigor da nova lei hondurenha de espaço aéreo, as rotas do narcotráfico estarão cada vez mais fechadas. A nova lei de intercepção aérea não letal alinha Honduras com as convenções e alfândegas internacionais e abre a porta a uma maior coordenação e cooperação com os EUA.
“As estruturas criminosas também utilizam as águas hondurenhas para transportar produtos ilícitos. Os submersíveis, embarcações rápidas e botes pesqueiros são os meios mais utilizados, geralmente através de mecanismos de transbordo, para assim chegar à zona costeira e aproveitar a zona lacustre e fluvial”, finalizou o Cel Macoto.