Apesar da crise da COVID-19 e das medidas impostas pelo governo de Honduras para evitar a propagação do vírus, como o confinamento obrigatório, o fechamento das fronteiras e o destacamento de militares e policiais para realizar novas tarefas, as forças de manutenção da ordem hondurenhas continuam golpeando duramente o narcotráfico.
Entre os dias 16 de março (início do confinamento obrigatório) e 9 de junho, a Força Nacional Anti Maras e Gangues (FNAMP, em espanhol), no âmbito das operações da Força de Segurança Interinstitucional Nacional (FUSINA, em espanhol), conseguiu confiscar mais de 3 toneladas de maconha, informou a FUSINA em um comunicado. Além de substâncias ilícitas, as unidades da FNAMP capturaram 300 integrantes de gangues e confiscaram 43 armas, 33 veículos e mais de US$ 74.900.
De acordo com cifras proporcionadas à Diálogo pela Secretaria de Defesa, no primeiro trimestre de 2020 as forças de manutenção da ordem realizaram milhares de patrulhamentos de segurança e reconhecimento em nível nacional e capturaram 670 pessoas por atividades de narcotráfico.
Com as restrições impostas pelo governo, os grupos criminosos se adaptaram e começaram a utilizar veículos que transportam suprimentos de primeira necessidade, informou a FNAMP. Por exemplo, no final de abril, a FNAMP interceptou um caminhão de carga de alimentos em uma estrada de Tegucigalpa com mais de 1.130 quilos de maconha que dois membros da gangue Barrio 18 (também conhecida como Calle 18 ou Mara 18) transportavam.
Os demais criminosos que foram capturados nos últimos três meses pela FNAMP levavam quantidades menores de drogas, declarou a instituição.
“Com o início da emergência da COVID-19 e a queda nas extorsões, as organizações criminosas das maras e gangues se concentraram na modalidade do micro tráfico”, disse à Diálogo o Major das Forças Especiais Ubaldo Rodríguez Chinchilla, chefe da Unidade de Análise e Inteligência da FNAMP, referindo-se também às taxas que os grupos criminosos cobram dos comerciantes.
Desde o início de 2020, a FNAMP se dedica aos casos de micro tráfico, já que, segundo a instituição, mais de 90 por cento da distribuição é executada pelas maras e gangues.
“Essas organizações de maras e gangues buscam as oportunidades para assumir algum tipo de função no narcotráfico, um papel de protagonismo, e vem daí o interesse de adotar o conceito do micro tráfico no interior do nosso país”, ressaltou o Maj Rodríguez.
Criada em julho de 2018, a FNAMP tem a missão de combater as maras e gangues dedicadas ao tráfico de drogas, extorsão e lavagem de dinheiro, entre outros delitos correlatos, como o tráfico de armas e mesmo o terrorismo.