Os Estados Unidos, através de seu embaixador em Assunção, Marc Ostfield, ratificaram seu apoio à Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) do Paraguai, durante uma reunião com sua ministra, Zully Rolón,na sede da instituição, no início de julho. A reunião serviu para reafirmar o compromisso assumido pelos dois países na luta contra o crime organizado transnacional, disse a SENAD no Twitter.
“Temos o prazer de ter sempre o apoio, mais ainda, dos Estados Unidos. A cooperação entre os dois países na luta contra o crime organizado está em curso há três décadas”, disse à Diálogo o agente especial Marcelo Paredes, coordenador geral do gabinete da SENAD, em 22 de julho. “Esta luta […] deve ser levada a cabo por todos nós.”
“Valorizamos a cooperação com a SENAD para continuar lutando contra o crime organizado transnacional e o narcotráfico no Paraguai”, disse o embaixador Ostfield no Twitter, em 7 de julho. “Trabalhando juntos, podemos avançar em direção a um Paraguai e Estados Unidos mais seguros.”
A SENAD é uma das instituições do país que trabalham e desenvolvem o intercâmbio de informações com várias agências dos EUA, afirmou Paredes. O agente daSENAD é um reflexo do que é um agente especial da Administração para o Controle de Drogas dos EUA (DEA), acrescentou.
Diferentes frentes
O Paraguai é o maior produtor de maconha da região e a rota mais importante para transportar a cocaína da Bolívia para a Europa, relata o diário paraguaio El País. Clãs bolivianos lançam remessas de até 500 quilos de cocaína de aviões leves no Chaco paraguaio, relata o diário argentino El Clarín.
De 2018 a julho de 2022, o Paraguai apreendeu mais de 2.200 toneladas de maconha, indicou Paredes. Nesse mesmo período, as autoridades apreenderam mais de 22 toneladas de cocaína.
Uma das maiores operações contra o narcotráfico foi a Operação A Ultranza Paraguai, lançada em fevereiro de 2022 pela SENAD em coordenação com a DEA, a Agência da União Europeia para aCooperação Policial (Europol) e a Polícia do Uruguai.
A Ultranza culminou sua primeira fase em março, com mais de 100 incursões em várias regiões do país, resultando em prisões de financiadores e lavadores de dinheiro e apreensões de imóveis, aeronaves, barcos e veículos de alto nível, afirmou. “Poderia haver uma segunda operação A Ultranza”, acrescentou Paredes.
Vulnerabilidades
A cooperação com os Estados Unidos é estratégica para o Paraguai. Ela permite lançar as bases para a criação de órgãos especializados, como a Unidade Especializada na Luta contra o Narcotráfico.
O que fortaleceu o vínculo na luta contra estas ameaças “é o compromisso dos EUA quanto à capacitação, tecnologia e equipamento que continuamente dão ao Paraguai na luta contra o narcotráfico”, declarou.
Outro elo, segundo Paredes, é a Unidade de Investigação Sensível, que desmantela as redes de contrabando e captura os traficantes de drogas. A unidade é treinada pela DEA sob a liderança do governo paraguaio.
“Sabemos que estas estruturas criminosas não têm uma fronteira definida. Nós, como países tanto regionais como intra-regionais, devemos usar a cooperação como modelo, porque estas estruturas utilizam as vulnerabilidades de cada país”, disse ele.
Nos últimos dois anos, foram apreendidas na Europa mais de 40 toneladas de cocaína saindo do Paraguai, de acordo com a plataforma paraguaia Judiciales. Este é um sinal do restabelecimento de traficantes e gangues no país e sua busca por novas rotas transatlânticas, disse a InSight Crime, a organização internacional dedicada a investigar o crime organizado na América Latina e no Caribe.
“Estamos descobrindo uma das deficiências que o país enfrenta […], devido ao grande número de movimentos de contêineres;temos que impulsionar a tecnologia de scanner de contêineres […] e a compra de radares para a vigilância aérea”, declarouParedes.
Os Estados Unidos também apoiam o Paraguai para deter a corrupção e promover a responsabilização daqueles que minam as instituições governamentais. “A luta contra a corrupção e a colaboração entre nossos governos é […] uma prioridade e continuaremos com as designações de indivíduos significativamente corruptos,quando houver evidências”, disse o embaixador Ostfield à Radio Monumental 1080 AM, em junho.