Uma diversidade de preocupações mantém o Comando Indo-Pacífico dos EUA (INDOPACOM, em inglês) em alerta, grande parte delas concentradas nas atividades da China, que frequentemente não correspondem às palavras ditas em Beijing, disse seu comandante.
“Com certeza, vemos com preocupação muitas ações que surgem de Beijing”, afirmou o Almirante de Esquadra John C. Aquilino, da Marinha dos EUA, comandante do INDOPACOM, durante uma apresentação no dia 4 de agosto, no Fórum de Segurança de Aspen, Colorado. “Acho que o que mais me preocupa não são exatamente as palavras, mas as ações que estamos vendo.”
As ações da China em Hong Kong, por exemplo, faltando com as promessas de autonomia garantida sob o acordo de 1997 com o governo britânico, são motivos de preocupação, declarou o Alte Esq Aquilino.
“Essas ações são completamente contrárias às palavras de Beijing de aderir ao acordo que estava em vigor”, ele disse. “Vemos ações similares, se olharmos para a fronteira da Índia, e vemos isso com preocupação. Se olharmos para as ações associadas aos uigures em Xinjiang, e as violações daquilo em que acreditamos – a dignidade, o respeito e os direitos humanos – vemos essas ações com preocupação.”
O INDOPACOM também se preocupa com as reivindicações da China sobre o Mar do Sul da China, que o Alte Esq Aquilino disse que afetam o bem-estar e a prosperidade de todas as nações da região.
“Vemos com preocupação a reivindicação ilegal [da China] sobre a totalidade do Mar do Sul da China, que impacta direta e negativamente todos os países da região, quanto à sua subsistência, seja ela da pesca ou do acesso aos recursos naturais”, disse o Alte Esq Aquilino. “São essas coisas que me levam a crer que devemos executar uma dissuasão integrada agora, e com urgência.”
Dez nações fazem fronteira com o Mar do Sul da China, e muitas delas dependem dele para o comércio com os demais países, disse o Alte Esq Aquilino. A prosperidade de todos depende da continuidade de um acesso livre àquelas águas.
Cerca de um terço do gás natural líquido e um quarto do comércio global passam pelo Mar do Sul da China, disse o oficial. As nações fronteiriças também dependem do mar para seus recursos, como a pesca.
“É extremamente importante para todas as nações”, disse ele. “A reivindicação ilegal à totalidade do Mar do Sul da China ameaça a todos. Quando se trata do Mar do Sul da China, entender sua importância é essencial.”
Os Estados Unidos, em parte através do INDOPACOM, trabalham com seus aliados e parceiros na região para reduzir as tensões ali, afirmou.
“Passamos muito tempo com nossos aliados e parceiros para garantir que a ordem do regramento internacional seja mantida e que reivindicações ilegais não sejam uma ameaça”, disse. “Mas os chineses recentemente renomearam unilateralmente 80 pontos geográficos na região, com uma alegação inerente a esses atos. Isso contraria exatamente o que todas as nações da região esperam, acreditam, e necessitam para manter sua prosperidade.”
Os Estados Unidos já operam no Pacífico há mais de 80 anos, disse o Alte Esq Aquilino, e continuarão a fazê-lo, até mesmo para manter as ordens do regramento internacional já acordadas, das quais os Estados Unidos e todas as nações do Pacífico dependem para assegurar sua prosperidade.
“Essa tentativa de confirmar o que seria uma visão revisionista da história de reivindicações contraria tudo aquilo em que nossas nações acreditam sobre os valores comuns”, disse o oficial. “Operaremos aqui, para garantir que a liberdade de navegação seja mantida para todos, e preservaremos a estabilidade e a paz da prosperidade que compartilhamos [na região].”