A Marinha da Colômbia continua a dar duros golpes ao narcotráfico com a apreensão, em meados de julho, de 261 toneladas de narcóticos – 183 toneladas de cocaína, 58 toneladas de maconha e 20 toneladas de pasta base de coca –. Seu sucesso se deve à dedicação, à capacitação e ao treinamento de suas equipes e ao apoio de nações parceiras.
“Do total de substâncias ilícitas apreendidas, 102 toneladas foram conseguidas graças à cooperação internacional com os Estados Unidos, um fato que reafirma a importância do esforço multinacional”, disse à Diálogo o Capitão de Fragata Edgar Hernando Jaimes Gómez, chefe de Análise da Direção Antidrogas do Corpo de Fuzileiros Navais da Colômbia.
“Estamos apreendendo quase 1 tonelada por dia [de substâncias ilícitas], quase 30 toneladas por mês, porque os grandes volumes são transportados por mar”, disse à Diálogo o Contra-Almirante Rafael Olaya Quintero, do Corpo de Fuzileiros Navais da Colômbia, assessor permanente da Campanha Naval Orión.
Noventa por cento do comércio mundial é realizado por via marítima, um meio que, além de ser econômico, permite a movimentação de grandes volumes de carga; o tráfico de drogas e o crime transnacional também utilizam as linhas de comunicação marítimas. “Mais de 90 por cento do narcotráfico é feito por mar e grande parte do crime transnacional também é feito por mar; estamos falando não apenas de drogas, mas também de migração ilegal, um ponto nevrálgico hoje para os Estados Unidos, e estamos falando de tráfico de armas e da pesca ilegal”, enfatizou o C Alte Olaya.
É por isso que a Marinha da Colômbia tem a estratégia para combater o narcotráfico Red Naval Plus, uma estratégia que conta com quatro componentes: a inteligência, que busca informações para obter resultados e fornece insumos aos órgãos judiciais encarregados dos processos; o Centro Internacional de Investigação Marítima contra o Narcotráfico (CIMCON), que estuda o fenômeno do narcotráfico do ponto de vista acadêmico; as quatro forças navais (Caribe, Pacífico, Leste e Amazônia); e o esforço coordenado com a Procuradoria Geral da República e a Unidade de Análise Financeira, para atacar de forma abrangente a cadeia de valor contra o narcotráfico.
“Também queremos desmantelar a organização como tal, pois não conseguimos nada com a apreensão de toneladas e toneladas, quando não estamos indo para a principal fonte de financiamento”, explicou o C Alte Olaya.
“A luta permanente, não apenas no mar, mas também em terra, para combater o crime transnacional do narcotráfico, nos permitiu, no decorrer do ano [até 11 de julho], desmantelar oito estruturas dedicadas ao narcotráfico, cinco no Caribe e três no Pacífico”, disse à imprensa o comandante da Marinha da Colômbia, Almirante de Esquadra Francisco Hernando Cubides Granados. “Todo esse esforço levou à captura de 384 pessoas ligadas ao crime de narcotráfico, das quais 57 fazem parte das oito estruturas […], permitindo uma abordagem abrangente do fenômeno do narcotráfico.”
São muitos os desafios enfrentados pelas autoridades no combate ao narcotráfico marítimo. Por exemplo, o CIMCON realizou uma caracterização das diferentes descobertas e apreensões de diferentes substâncias psicotrópicas e narcóticos, e conseguiu identificar 16 tipos de narcotráfico marítimo (15 móveis e três estacionários).
Enfrentando desafios
As Forças Militares da Colômbia trabalham de forma integral por meio de comandos conjuntos. “Em um teatro de operações, temos unidades do Exército, da Força Aérea Colombiana, da Marinha Nacional, da Polícia e também conectamos outras entidades estatais”, afirmou o CF Jaimes.
O tráfico de drogas também está sendo atacado com o esforço multinacional. “A cooperação com os Estados Unidos é absolutamente importante, um fator determinante nessa estratégia; mantemos comunicação permanente com a Força-Tarefa Conjunta Interagências Sul [JIATF Sul] e o Comando Sul dos EUA para esse processo permanente de troca de informações, e isso se materializa através da JIATF Sul e da Guarda Costeira dos EUA, que é o elo operacional para cumprir o acordo de supressão do tráfico de drogas ilícitas; portanto, é nosso aliado permanente”, disse o CF Jaimes.
Um exemplo notável de coordenação multinacional na luta contra o narcotráfico é a Campanha Naval Orion, que já está em andamento há 11 anos. “Unimos forças com 41 países, 106 instituições, em uma campanha que realizamos duas vezes por ano, […] para lidar de forma mais eficaz com os vários aspectos do tráfico ilícito de narcóticos”, explicou o C Alte Olaya.
“Os desafios que temos no momento são os de continuar a crescer na aplicação da tecnologia de desenvolvimento operacional e incrementar nosso alcance de controle operacional, aumentar nossos meios e capacidades”, disse o CF Jaimes. “No cenário do Caribe e do Pacífico, por onde passa a maior quantidade [de narcotráfico], esse é o grande desafio, bem como conseguir afogar as organizações criminosas transnacionais de tal forma que não seja lucrativo para elas, que consigamos levá-las a um ponto de falência em que as apreensões sejam maiores do que a probabilidade de lucro que elas possam obter.”