A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, publicou um relatório aterrador sobre a deterioração da situação dos direitos humanos na Nicarágua, o que, segundo ela, está incitando que um número sem precedentes de pessoas fuja para outros países. Ela apresentou seu relatório em 16 de junho ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, onde está sendo revisado.
Em sua atualização oral, Bachelet advertiu que o direito das pessoas à liberdade de expressão e de circulação está sob grave ameaça na Nicarágua. Ela disse que centenas de organizações da sociedade civil foram destituídas de seu status legal.
Ela afirmou que a nova legislação penal está sendo usada para perseguir os opositores do regime de Daniel Ortega-Rosario Murillo e acrescentou que medidas repressivas, tais como confisco de bens dos opositores políticos, foram instituídas, aparentemente para silenciar os críticos.
Citando fontes da sociedade civil, Bachelet disse que 173 pessoas foram arbitrariamente presas em conexão com a crise política e de direitos humanos, que eclodiu em 2018, e que outras 50 pessoas foram detidas no contexto das eleições presidenciais de 2021. Ela afirmou que os detidos estão sendo mantidos em condições que contrariam as normas da ONU sobre o tratamento de prisioneiros.
“Parentes relataram que seus entes queridos estão sendo mantidos em condições desumanas. Muitos deles precisam de atenção médica urgente permanente ou especializada e isso lhes é negado”, declarou. “Gostaria de renovar meu pedido às autoridades competentes para assegurar a libertação imediata das pessoas que são detidas arbitrariamente e garantir sua integridade física e psicológica.”
Bachelet advertiu que a crise sócio-política, econômica e de direitos humanos na Nicarágua está expulsando milhares de pessoas de suas casas. Falando através de um intérprete, ela disse que os nicaraguenses estão deixando o país em números sem precedentes.
“Nos últimos oito meses, o número de refugiados e solicitantes de asilo da Nicarágua na Costa Rica se multiplicou por dois e agora chega a 150.000. Isto representa 3 por cento da população costarriquenha”, afirmou.