Em entrevista à Voz da América, Mauricio Claver-Carone, diretor sênior do gabinete de Assuntos do Hemisfério Ocidental do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, sugeriu que Nicolás Maduro estude seriamente o plano apresentado pelo governo de Donald Trump para a criação de um governo de transição.
Nem Nicolás Maduro nem o presidente interino Juan Guaidó fariam parte desse plano.
Claver-Carone, que é também assessor de segurança de Donald Trump, afirmou que a proposta da Casa Branca é “extremamente generosa” e advertiu Maduro de que “aqueles que enfrentam a justiça norte-americana sempre terminam mal”. Há algumas semanas, o promotor geral dos EUA William Barr apresentou denúncias formais contra o líder venezuelano por narcoterrorismo, narcotráfico e corrupção.
Carolina Valladares, VOA: Os últimos passos dos Estados Unidos na região, incluindo o anúncio de maior presença militar, indicariam que a paciência dos EUA para com a Venezuela está se esgotando?
Mauricio Claver-Carone, assessor do presidente Donald Trump para Assuntos Hemisféricos: Indubitavelmente, o que estamos vivenciando na atualidade é um regime com um líder que basicamente usurpou todos os poderes do Estado, para utilizá-los a serviço do narcoterrorismo. Não víamos isso desde os anos 1980, com Manuel Noriega, no Panamá, o que cria uma situação onde temos que levar a sério esse risco para nossos vizinhos, nossos aliados, a região e, evidentemente, os cidadãos dos Estados Unidos.
Valladares: Nicolás Maduro disse que recusa a oferta dos Estados Unidos. Que caminho resta à administração Trump em relação à Venezuela?
Claver-Carone: Temos sido muito pacientes. Obviamente a pressão máxima começou em janeiro de 2019. A iniciativa que lhe oferecemos agora é generosa, creio que talvez seja bastante generosa, e por isso ele deveria considerá-la atentamente. Acredito que esse é o momento em que o bom senso deve prevalecer. Eles devem estudar bem essa grande oportunidade, porque essas oportunidades não se apresentam sempre. Com toda a certeza, Nicolás Maduro, hoje em dia, se arrepende de não ter aproveitado as oportunidades que teve há três ou seis meses, e novamente não queremos que ele se arrependa dentro de três ou seis meses por não ter aproveitado agora essa oportunidade. Que ele tome o seu tempo, que não seja um tempo demasiado longo, mas que use o seu bom senso. Não é o momento de ver quem é mais macho. É o momento de ver o que é melhor para seu país e para o povo da Venezuela.
Valladares: Vocês esgotaram a via judicial, apresentando denúncias contra Maduro por narcotráfico, a via diplomática, com a proposta de diálogo, e a via econômica, com as sanções. Quanto à via militar, qual seria a opção?
Claver-Carone: Em última análise, não estamos utilizando 100 por cento da pressão máxima que iniciamos em janeiro de 2019. Nós não queremos chegar à pressão máxima. Queremos seguir um processo, no qual estamos agora em 60 ou 70 por cento, que permita uma transição democrática e pacífica. Essa oportunidade ainda existe e é a que eu gostaria que fosse desenvolvida. Creio que essa iniciativa está sobre a mesa, o mecanismo está sobre a mesa, e eles deveriam aproveitá-los.
Valladares: Os Estados Unidos ofereceram um processo de diálogo no qual fazem o esboço de um cenário sem Guaidó e sem Maduro. Isso significa que a estratégia de apoiar Juan Guaidó fracassou?
Claver-Carone: Exatamente o contrário. Estamos na situação atual devido à liderança internacional de Juan Guaidó e à crise pela qual passa Nicolás Maduro. A comunidade internacional está disposta, agora com o coronavírus, a ajudar amplamente com mais de US$ 2 bilhões, valor que Guaidó anunciou que precisa. No entanto, a comunidade internacional reconhece o governo de Juan Guaidó, e não a narcoditadura que Nicolás Maduro impõe abertamente.