Casa Branca: oferta dos EUA a Nicolás Maduro “é extremamente generosa”

Mauricio Claver-Carone, diretor sênior do gabinete de Assuntos do Hemisfério Ocidental do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, participa da Cúpula Concórdia Américas, em Bogotá, Colômbia, no dia 14 de maio de 2019. (Foto: Departamento de Estado dos EUA)
Por Carolina Valladares/Voz da América (VOA)/Editado pela equipe da Diálogo maio 08, 2020
Em entrevista à Voz da América, Mauricio Claver-Carone, diretor sênior do gabinete de Assuntos do Hemisfério Ocidental do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, sugeriu que Nicolás Maduro estude seriamente o plano apresentado pelo governo de Donald Trump para a criação de um governo de transição.
Nem Nicolás Maduro nem o presidente interino Juan Guaidó fariam parte desse plano.
Claver-Carone, que é também assessor de segurança de Donald Trump, afirmou que a proposta da Casa Branca é “extremamente generosa” e advertiu Maduro de que “aqueles que enfrentam a justiça norte-americana sempre terminam mal”. Há algumas semanas, o promotor geral dos EUA William Barr apresentou denúncias formais contra o líder venezuelano por narcoterrorismo, narcotráfico e corrupção.
Carolina Valladares, VOA: Os últimos passos dos Estados Unidos na região, incluindo o anúncio de maior presença militar, indicariam que a paciência dos EUA para com a Venezuela está se esgotando?
Mauricio Claver-Carone, assessor do presidente Donald Trump para Assuntos Hemisféricos: Indubitavelmente, o que estamos vivenciando na atualidade é um regime com um líder que basicamente usurpou todos os poderes do Estado, para utilizá-los a serviço do narcoterrorismo. Não víamos isso desde os anos 1980, com Manuel Noriega, no Panamá, o que cria uma situação onde temos que levar a sério esse risco para nossos vizinhos, nossos aliados, a região e, evidentemente, os cidadãos dos Estados Unidos.
Valladares: Nicolás Maduro disse que recusa a oferta dos Estados Unidos. Que caminho resta à administração Trump em relação à Venezuela?
Claver-Carone: Temos sido muito pacientes. Obviamente a pressão máxima começou em janeiro de 2019. A iniciativa que lhe oferecemos agora é generosa, creio que talvez seja bastante generosa, e por isso ele deveria considerá-la atentamente. Acredito que esse é o momento em que o bom senso deve prevalecer. Eles devem estudar bem essa grande oportunidade, porque essas oportunidades não se apresentam sempre. Com toda a certeza, Nicolás Maduro, hoje em dia, se arrepende de não ter aproveitado as oportunidades que teve há três ou seis meses, e novamente não queremos que ele se arrependa dentro de três ou seis meses por não ter aproveitado agora essa oportunidade. Que ele tome o seu tempo, que não seja um tempo demasiado longo, mas que use o seu bom senso. Não é o momento de ver quem é mais macho. É o momento de ver o que é melhor para seu país e para o povo da Venezuela.
Valladares: Vocês esgotaram a via judicial, apresentando denúncias contra Maduro por narcotráfico, a via diplomática, com a proposta de diálogo, e a via econômica, com as sanções. Quanto à via militar, qual seria a opção?
Claver-Carone: Em última análise, não estamos utilizando 100 por cento da pressão máxima que iniciamos em janeiro de 2019. Nós não queremos chegar à pressão máxima. Queremos seguir um processo, no qual estamos agora em 60 ou 70 por cento, que permita uma transição democrática e pacífica. Essa oportunidade ainda existe e é a que eu gostaria que fosse desenvolvida. Creio que essa iniciativa está sobre a mesa, o mecanismo está sobre a mesa, e eles deveriam aproveitá-los.
Valladares: Os Estados Unidos ofereceram um processo de diálogo no qual fazem o esboço de um cenário sem Guaidó e sem Maduro. Isso significa que a estratégia de apoiar Juan Guaidó fracassou?
Claver-Carone: Exatamente o contrário. Estamos na situação atual devido à liderança internacional de Juan Guaidó e à crise pela qual passa Nicolás Maduro. A comunidade internacional está disposta, agora com o coronavírus, a ajudar amplamente com mais de US$ 2 bilhões, valor que Guaidó anunciou que precisa. No entanto, a comunidade internacional reconhece o governo de Juan Guaidó, e não a narcoditadura que Nicolás Maduro impõe abertamente.