Em 9 de outubro, a Polícia Federal (PF) do Brasil deflagrou uma operação para desarticular um esquema de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e contrabando de ouro da Venezuela para o Brasil.
“As investigações apontam que a organização criminosa seria integrada por um libanês, que, com seus dois irmãos residentes na Venezuela, coordenaria o esquema de compra de ouro ilegal”, disse a PF em um comunicado.
A fundição do metal seria feita em Santa Elena de Uairén, município venezuelano situado a 15 quilômetros da cidade brasileira de Pacaraima, em Roraima.
Durante a operação Dhahab (ouro, em árabe), 60 policiais cumpriram quatro mandados de prisão preventiva, 11 de busca e apreensão e três de sequestro de bens, todos em Roraima.
“Somente um dos envolvidos teria movimentado mais de R$ 67 milhões [cerca de US$ 12 milhões] no primeiro semestre deste ano”, disse a PF. Entre fevereiro e março, o grupo teria enviado à Venezuela mais de R$ 10 milhões (cerca de US$ 2 milhões), entre dólares e reais, e recebido mais de 50 quilos de ouro, segundo o inquérito policial.
As transações seriam feitas por meio de movimentações bancárias de laranjas e empresas de fachada, além do saque de dinheiro em espécie.
“Tanto o ouro quanto os valores em espécie seriam transportados em compartimentos ocultos de veículos. A organização criminosa também compraria ouro da Guiana”, informou a PF.
A extração de ouro na Venezuela é chefiada por grupos armados, incluindo o Exército de Libertação Nacional e dissidências das extintas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
“Além de suas operações de narcotráfico, a ex-máfia das FARC participa da exploração ilegal de ouro nos estados de Bolívar e Amazonas”, informa o site InsightCrime.
A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) denunciou que moradores de Bolívar são “vítimas de amputações e outros abusos atrozes” cometidos pelos grupos armados que controlam as minas, incluindo organizações venezuelanas conhecidas como ‘sindicatos’.
“Os grupos armados parecem agir geralmente com a aquiescência do governo e, em alguns casos, com a sua participação, para manter um controle rígido sobre as populações locais”, disse a HRW em um relatório recente.