A América Central, o México e a República Dominicana concordaram em criar uma estratégia de segurança articulada que permita elevar o impacto da luta contra o crime organizado, narcotráfico, gangues, tráfico de armas e tráfico humano. Este é o resultado da 1ª Conferência Regional de Ministros e Secretários de Segurança, realizada na Cidade da Guatemala em fevereiro, informou o Ministério do Interior da Guatemala em um comunicado.
Participaram da reunião ministros e delegados de Belize, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, México e República Dominicana.
O primeiro passo será fortalecer os mecanismos de cooperação e os canais de comunicação de caráter regional e, em seguida, criar mesas redondas técnicas para discutir em detalhes as questões relacionadas à garantia da segurança pública e ao fortalecimento da luta frontal contra o crime organizado transnacional.
“A América tem um grande desafio na luta contra o narcotráfico […] e a maneira de rentabilizar o manuseio ilícito de drogas deve ser atacada”, explicou à Diálogo Jorge Luis Vidal, analista argentino em Inteligência Criminal e na luta contra o narcotráfico, em 19 de março. “Os aspectos chave para atacar esta estrutura são o controle rigoroso da fronteira e a criação de unidades especializadas em investigação financeira. Desta forma, a logística de exportação de narcóticos é bloqueada e as finanças destes grupos são atacadas.”
As estruturas do crime organizado e do narcotráfico são dinâmicas, diz o Relatório Mundial sobre a Cocaína 2023, do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), destacando que no México o cenário criminal é cada vez mais complexo e fragmentado.
“Estes fenômenos criminosos não são novos. O que é novo é que estamos enfrentando-os regionalmente”, disse David Napoleón Barrientos, ministro do Interior da Guatemala, ao jornal guatemalteco Prensa Libre. “Cada um dos países tem suas próprias estratégias. Nós as discutimos e compartilhamos […]; a ideia é gerar planos e protocolos regionais. Isto será feito pelos especialistas de cada país nas mesas redondas.”
Segundo o UNODC, as autoridades identificaram nove grandes grupos criminosos organizados, onde o Cartel de Sinaloa pode ser descrito como uma “rede de alianças” de múltiplas células especializadas, cada uma com uma função específica na cadeia de abastecimento.
“Temos um grave problema que arrasta toda a região no fluxo de narcóticos para os Estados Unidos ou para a Europa. É por isso que as fronteiras devem ser ‘radarizadas’ e devem ser postos em prática controles ordenados das rotas de transporte internacional”, acrescentou Vidal. “É importante que os países possam ter uma agência nacional antinarcóticos que tenha acesso a todas as informações geradas pelas forças de segurança.”
O UNODC detalhou que o cultivo da cocaína aumentou 35 por cento em 2021, devido a melhorias no processo de transformação da folha de coca em cloridrato de cocaína.
“O crime é transnacional e nós também temos que ser muito coordenados”, disse à AFP Luis Rodriguez Bucio, subsecretário de Segurança e Proteção do México, durante a conferência. “Temos que saber quem atende o telefone quando ligamos para outro país.”
De acordo com o jornal Los Angeles Times, as autoridades salvadorenhas detiveram mais de 65.000 pessoas acusadas de pertencer ou colaborar com gangues desde o início de seu estado de exceção, em março de 2022.
“Temos um enorme esforço conjunto com a Guatemala […]; é um trabalho que nos permitiu realizar mais de 50 operações para localizar e capturar terroristas salvadorenhos em território guatemalteco”, disse ao Prensa Libre o ministro da Justiça e Segurança Pública de El Salvador, Gustavo Villatoro. “É claro que oferecemos aos países da região, especialmente aos nossos vizinhos, toda a cooperação necessária para poder enfrentar com sucesso este flagelo.”
Segundo o Balance dos Homicidios 2022, publicado em 8 de fevereiro de 2023 pela organização InSight Crime, dedicada ao estudo do crime organizado na América Latina e no Caribe, a região é uma das mais violentas do mundo, apesar de não ter conflitos armados formais. Dos países que participaram da Conferência, o primeiro lugar é ocupado por Honduras com 35,8 homicídios; em segundo lugar, pelo México, com 25,2 homicídios, e Belize em terceiro lugar, com 25 homicídios por cada 100.000 habitantes.