Em 1º de dezembro de 2021, o Departamento de Estado dos EUA (DoS) anunciou uma recompensa de até US$ 5 milhões por informações que levassem à prisão e/ou condenação de Juan Carlos Valencia González, um suposto membro de alto escalão do Cartel Jalisco Nova Geração (CJNG). O DoS considera o CJNG como uma das organizações de tráfico de drogas mais violentas que operam atualmente no México. A Administração para o Controle de Drogas dos EUA assegura que o CJNG iniciou um movimento de expansão para fora do México há alguns anos, causando uma guerra entre o grupo e seus arqui-inimigos do Cartel dos Zetas, que continua até os dias de hoje.
Nessa guerra internacional, o CJNG chegou à Guatemala, de acordo com informações publicadas pela InSight Crime, uma organização dedicada ao estudo do crime organizado na América Latina e no Caribe. Durante décadas, os grupos mais poderosos do México, como o Cartel do Golfo, o Cartel de Sinaloa e os Zetas fizeram uma parceria com redes de tráfico de entorpecentes da Guatemala para garantir um fornecimento constante de cocaína na América Central. No entanto, os relatórios sobre o envolvimento do CJNG com o narcotráfico são recentes e preocupantes, diz a InSight Crime.
Ameaças nas redes sociais
De acordo com a InSight Crime, o grupo começou a chamar a atenção pela sua presença na Guatemala em setembro de 2021, com um vídeo postado na internet, no qual homens armados e com forte sotaque mexicano reivindicavam fidelidade ao CJNG e acusavam a polícia guatemalteca de roubar um carregamento de drogas. “Vamos pegar vocês”, disse o sujeito mascarado que gravava o vídeo dirigido à polícia. “Vocês têm 24 horas para devolver tudo.”
Em dezembro, o CJNG mostrou que já tinha seus pés firmemente plantados na Guatemala. Foi quando ocorreu a captura de 12 membros de uma estrutura que, segundo os ministérios Público, do Interior e de Defesa guatemaltecos, vinha operando a serviço desse cartel mexicano para o transbordo de cocaína no país desde pelo menos 2018, quando as ações do grupo começaram a ser rastreadas, segundo relatou o jornal salvadorenho El Faro em um artigo publicado em fevereiro de 2022. “O CJNG não é mais um rumor vindo da fronteira com o México. É um fato na Guatemala”, disse a publicação.
Mais discretos
De acordo com o site argentino Infobae, o CJNG tem usado um método diferente e mais discreto para expandir sua influência no país centro-americano, ao contrário dos Zetas, que sempre usaram estratégias violentas para garantir o controle do tráfico de drogas em áreas dominadas por eles. “Sem a necessidade de intervir em território estrangeiro com células ou grupos armados, a organização liderada por Nemesio Oseguera Cervantes, conhecido como El Mencho, estaria construindo redes de tráfico de drogas com grupos guatemaltecos locais na costa do Pacífico e na fronteira ocidental com o México, pois aí foram detectados pontos importantes para o recebimento de carregamentos de cocaína provenientes da Colômbia e da Venezuela”, relatou a Infobae em maio.
Pode ser que voar sob o radar seja uma estratégia dos líderes do CJNG, para evitar uma resposta mais forte vinda das autoridades guatemaltecas, como aconteceu depois das campanhas sangrentas dos Zetas no país. Somente o tempo dirá.