Se o computador ou o celular com o qual você lê este artigo foi importado de outro país, o mais provável é que chegou dentro de uma caixa que vinha em um contêiner transportado por uma embarcação, já que a maioria das mercadorias do mundo inteiro, inclusive uma boa parte da comida, das matérias-primas e dos artigos de primeira necessidade, são transportados por via marítima.
Segundo dados oficiais da Autoridade do Canal do Panamá, em 2016, três por cento de todas as mercadorias transportadas por via marítima no planeta atravessaram em navios o istmo do Panamá, pelo canal que conecta o mar do Caribe com o Oceano Pacífico.
Por outro lado, desde sempre os oceanos desempenharam um papel de protagonista nas estratégias de defesa dos territórios dos diferentes países. Isso obriga os Estados a garantirem a segurança nos mares, para evitar as operações de redes criminosas internacionais em suas águas.
Por isso, e na busca de garantir mares mais seguros, mais de 100 membros de instituições oficiais responsáveis pela segurança e defesa de vários países, bem como representantes de empresas fabricantes de equipamentos especializados, com o apoio do Serviço Nacional Aeronaval (SENAN) do Panamá, falarão na cidade do Panamá sobre temas comuns aos diferentes países da região, relativos à luta conjunta contra o crime organizado transnacional, à importância da cooperação interagências, ao terrorismo, à economia e ao meio-ambiente.
CABSEC 2017
A Cúpula de Vigilância Costeira e Segurança Marítima da Bacia do Caribe (CABSEC, por sua sigla em inglês) e a Cúpula de Segurança Sul-Americana (SAMSEC, por sua sigla em inglês) de 2017 serão realizadas de 21 a 23 de março na cidade do Panamá, informou o site do evento.
Os temas centrais da cúpula serão a proteção marítima, o narcotráfico, o crime organizado e os processos de coordenação interagências.
Conforme informou à Diálogo o comissário Jesús Rodríguez, coordenador do evento por parte do SENAN, até o momento estão confirmados 120 participantes, entre os quais ministros de defesa, chefes de diversas forças armadas e diretores de diferentes órgãos de segurança de países como Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Estados Unidos e México, entre outros. Participarão também representantes militares e civis de outras partes do mundo.
Durante a cúpula, os participantes abordarão temas de ajuda humanitária sobre experiências recentes na região, bem como outros relacionados a operações de interceptação contra o narcotráfico e outros problemas de ordem pública.
Serão analisados também temas regionais sobre assimetrias e suas evoluções, os desafios contra o crime organizado e sobre a experiência afegã para o controle do narcotráfico, cuja prática deu resultados muito bons e é utilizada como um modelo a ser seguido.
Rodrigo Cigarruista, gerente da seção de Proteção e Vigilância do Canal do Panamá, disse à Diálogo que o evento será uma cúpula dividida em palestras especializadas, mesas de trabalho para resolver desafios e, posteriormente, debates entre especialistas que procurarão gerar insumos para os projetos de proteção e defesa regional e nacional dos diferentes agentes participantes.
Participarão da conferência expositores do Comando Sul dos EUA, que enfatizarão o processo de coordenação a ser realizado pela Força-Tarefa Conjunta Interagências-Sul. Serão abordados também temas sobre a natureza atual das ameaças transnacionais e transregionais.
Os participantes da cúpula esperam falar também sobre assuntos relacionados às melhores práticas na cooperação entre agências, à importância da interceptação em águas internacionais nas operações contra o narcotráfico, à segurança marítima impulsionada pelos serviços de inteligência para maximizar o uso eficiente dos recursos e ao intercâmbio de informações.
“Não nos esqueçamos de que o crime organizado, por suas condições, assim como o narcotráfico, é uma atividade que tende a mudar rapidamente. É preciso colocar-se adiante para poder conter esses avanços gerados todos os anos”, disse Cigarruista.
Dentro do desenvolvimento dessas temáticas, haverá dinâmicas que permitam colocar as autoridades à frente do controle, segurança e defesa de seus países, pois todos os oficiais e responsáveis que participam dessa cúpula têm a responsabilidade de oferecer segurança e defesa a mais de um bilhão de habitantes.
Importância para o Panamá
Segundo o comissário Rodríguez, os participantes buscam “estreitar laços de amizade e que isso leve a reforçar as estratégias na luta contra o crime organizado e as ameaças atuais como narcotráfico, terrorismo e tráfico de pessoas.”
Da mesma forma, isto lhes permitirá que se preparem para enfrentar outras ameaças emergentes para melhorar a segurança no hemisfério. Outros conteúdos a serem tratados são imigração, corrupção e lavagem de dinheiro, entre outros temas que causam problemas à segurança. “Cada país traz suas experiências, sucessos e fracassos para ajudar o resto do grupo”, explicou o comissário Rodríguez.
Por sua vez, Cigarruista assegurou que o evento é importante para o Panamá da perspectiva do canal. “O Panamá, por ser um centro logístico multimodal e possuir a passagem mais importante, representada pelo canal, obtém muitas vantagens com essa cúpula, ao conhecer o status regional da situação criminosa, já que isso permite criar projetos que fortalecem os processos de interconexão e nos permite criar uma rota segura para o comércio marítimo mundial e, com isso, fortalecer nossos interesses nacionais”, finalizou.