Em 2021, o Equador bateu um recorde histórico com a apreensão de 210 toneladas de drogas, o que foi um duro golpe contra o narcotráfico. Segundo a Direção de Investigação Antidrogas da Polícia Nacional do Equador, 60 por cento da droga apreendida estava nos portos, informou o site equatoriano de notícias Primicias. Até o início de março de 2022, já haviam sido apreendidas mais de 40 toneladas de drogas, com a maioria das operações realizadas também nos portos.
No entanto, a luta contra o narcotráfico é árdua; enquanto as autoridades endurecem a vigilância e os controles, os grupos criminosos buscam escapar à detecção com diferentes métodos de ocultação das drogas, para manter seus mercados abastecidos. O uso de contêineres de produtos de exportação para transportar a droga é uma das modalidades utilizadas atualmente pelo narcotráfico transnacional. No Equador, a preocupação com a contaminação de contêineres com drogas, principalmente os que transportam bananas, vem crescendo e, por isso, o governo está disposto a contra-atacar.
“O Estado não pode ceder espaços a essas quadrilhas criminosas e temos que fazê-lo, porque já há países reclamando que muitos contêineres chegam com drogas a seu destino e começam a visar o Equador como uma marca que demanda cuidados e preocupação”, disse o presidente equatoriano Guillermo Lasso à imprensa, no dia 16 de fevereiro de 2022.
Apenas entre os dias 13 e 17 de fevereiro, a Polícia Nacional, em coordenação com a Direção de Investigação Antidrogas, a Unidade Canina e o apoio do Grupo Especial Móvel Antinarcóticos, realizou três operações em um porto no sul de Guayaquil, onde foram apreendidas mais de 11 toneladas de cocaína dentro de contêineres, informaram os meios de comunicação locais. Segundo as autoridades, essa droga teria um valor de US$ 136 milhões nos mercados dos países europeus para onde estaria destinada.
Como os contêineres são contaminados
De acordo com o coordenador geral do Conglomerado Bananeiro do Equador, Juan José Pons, as drogas podem ser introduzidas nos carregamentos nas chácaras, durante seu transporte, no pátio de contêineres, no porto, na companhia proprietária, ou nos portos de trânsito, informou a agência espanhola de notícias EFE.
Uma reportagem do Primicias diz que “os narcotraficantes pagam por dados de contêineres para contaminá-los”. A chave para camuflar a droga é conhecer o destino do contêiner que será exportado, informação que é fornecida pelo órgão de logística de transporte, como explica um motorista de trailer de contêineres entrevistado por essa mídia. Com essa informação, os motoristas são abordados no caminho e outros fazem parte da estrutura criminosa. No entanto, a rede de corrupção se expande a outras instâncias que apresentam vulnerabilidades, como os agentes operacionais dos portos que podem ser cooptados pelas organizações criminosas, seja por vontade própria, ou obrigados através de mecanismos de extorsão.
Os exportadores equatorianos manifestaram sua preocupação, pois não está em jogo apenas o nome da marca exportadora do país, mas os clientes, que são receptores de mercadorias do Equador e recebem um contêiner contaminado, imediatamente estão sujeitos a um processo de investigação, informou a EFE. O país também se expõe ao assédio e à violência dos grupos criminosos que operam nesses países quando têm seus interesses afetados.
Em entrevista ao Primicias, o Coronel Byron Ramos, subdiretor nacional de Investigação Antidrogas da Polícia, afirmou que a instituição “fez um estudo profundo de segurança em todos os portos, o qual foi entregue aos diferentes administradores portuários […]”. Por sua vez, o presidente Lasso disse à imprensa, em meados de fevereiro: “tomamos o controle de pontos estratégicos, como o porto de Guayaquil”.