O regime ilegítimo de Nicolás Maduro na Venezuela estreita suas relações com o Irã, abrindo as portas à atividade militar da República Islâmica na região e pondo em risco a segurança dos países vizinhos.
A relação entre o Irã e a Venezuela é um fato, diz o relatório “A relação Maduro-Hezbollah: Como as redes respaldadas pelo Irã apoiam o regime venezuelano”, publicado em outubro de 2020 pelo centro de pensamento Atlantic Council.
“O Irã e o apoio do Hezbollah ao regime de Maduro na Venezuela seguem a estratégia de apoiar Bashar al-Assad na Síria para proteger a logística, ponto de apoio da ponte terrestre do Irã através do Levante. Na Venezuela, a ponte aérea logística entre Caracas, Damasco e Teerã é o que Maduro protege”, diz o relatório.
Durante 2020, a presença do Irã na Venezuela se multiplicou, primeiramente porque o país do Oriente Médio enviou combustível para a Venezuela, para que Maduro pudesse fazer frente à crise de abastecimento de gasolina causada pela má gestão da estatal Petróleos de Venezuela, e também porque o chavismo demonstrou sua intenção de comprar mísseis do regime iraniano.
Quanto ao envio de combustível, o Irã aceitou que a Venezuela fizesse o pagamento com barras de ouro. Essa transação foi confirmada pelo ex-comandante-chefe iraniano do Corpo da Guarda da Revolução Islâmica (IRGC, em inglês), General de Brigada Yahya Rahim Safavi, em uma entrevista no dia 28 de setembro à Rádio Farda, a versão iraniana do serviço de comunicação Radio Free Europe/Radio Liberty, financiada pelo governo dos EUA. O Gen Bda Safavi do IRGC declarou: “Demos gasolina à Venezuela e recebemos barras de ouro, e transportamos as barras para o Irã por avião, para evitar qualquer contratempo no caminho”. Segundo o presidente legítimo interino da Venezuela, Juan Guaidó, detrás desse ouro há várias atividades criminosas do chavismo.
“Estão pagando por essa gasolina com ouro de sangue, sem contratação e sem aprovação do Parlamento nacional. Destruíram o Amazonas, há ecocídio, há tráfico [de pessoas]. Estamos monitorando esses navios constantemente; estamos muito preocupados com a segurança dos venezuelanos e da América Latina por essa tentativa de presença iraniana em solo venezuelano”, disse Guaidó via Zoom, desde Caracas, segundo relatou no dia 21 de maio o portal da Embaixada da Venezuela nos Estados Unidos.
Quanto à compra de mísseis iranianos, de acordo com a rede colombiana Noticias Caracol, no dia 22 de agosto, o mesmo Maduro declarou à imprensa: “Que boa ideia falar com o Irã e ver que mísseis de curto, médio e longo alcance eles têm e, se estiver dentro de nossas possibilidades, devido às grandes relações que temos com o Irã, comprar baterias ‘missílicas’ para reforçar a defesa aérea, antiaérea, terrestre e ‘missílica’ da Venezuela”.
José Ricardo Thomas, catedrático da Universidade Central da Venezuela, explicou à Diálogo no dia 8 de novembro que Maduro está pondo em risco toda a região, ao tentar implementar uma estratégia similar à utilizada por Cuba durante a Guerra Fria.
“Com a compra dos mísseis, o que eles estão tentando […] é provocar os Estados Unidos. Trata-se de colocar alguns mísseis de alcance médio que atinjam diretamente os Estados Unidos”, garantiu Thomas.
“A localização estratégica da Venezuela na América do Sul e no Caribe proporciona ao Irã e ao Hezbollah a capacidade de reduzir sua desvantagem geográfica frente aos Estados Unidos. Para ocultar essa relação, Chávez, e depois o regime de Maduro, forneceram identidades duplas a alguns habitantes do Oriente Médio, construindo uma rede clandestina que proporciona inteligência, treinamento, recursos, armas, suprimentos e conhecimentos técnicos, tanto para Maduro quanto para Assad”, acrescenta o Atlantic Council.
Por sua vez, o representante especial dos EUA para a Venezuela, Elliott Abrams, disse à Fox News, no dia 26 de outubro, que não tolerarão nem permitirão que o Irã envie mísseis de longo alcance à Venezuela. “Faremos todo o possível para impedir o envio de mísseis de longo alcance e, se porventura chegarem à Venezuela, serão eliminados ali”, disse.