As Forças Armadas do Equador desmantelaram três acampamentos paramilitares perto da fronteira com a Colômbia e detectaram a presença de grupos armados colombianos vinculados ao narcotráfico.
As operações foram realizadas entre 27 e 30 de agosto de 2020, no cantão de Putumayo. O Exército do Equador informou que encontraram no local munições, coletes, mochilas de combate, carregadores, toldos, minas antipessoais, alimentos e diversos objetos de logística.
Os militares também encontraram panfletos com emblemas do grupo armado Comandos da Fronteira (CDF). Altos comandos militares do Equador sabem que o CDF é formado por dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que estão tentando se reagrupar após o processo de paz, informou o jornal equatoriano El Comercio, no dia 2 de setembro,
“Foram detectadas permanentes infiltrações dos grupos armados ilegais da Colômbia no extremo oriental da fronteira de Sucumbíos […], no cantão de Putumayo”, disse à imprensa o General de Exército Oswaldo Jarrín, ministro da Defesa do Equador, no dia 31 de agosto. “Pelo que se sabe, um desses grupos se denomina Comandos da Fronteira […], que, provavelmente em busca de refúgio, tenta infiltrar-se no território equatoriano.”
De acordo com a agência de notícias equatoriana Análisis Urbano, o CDF está em permanente confronto com outras dissidências das FARC na região, para controlar o tráfico de cocaína destinado ao Equador, e se fortalece com o recrutamento de crianças e jovens, que são levados para trabalhar nos laboratórios de processamento de cocaína.
“Eles utilizam [os menores] por dois ou três meses e depois eles fazem a rotação com outros jovens em troca de benefícios financeiros; no entanto, há alguns menores de idade que foram levados para os enfrentamentos e foram assassinados ao se negarem [a obedecer], ou tiveram que se mudar quando tentaram sair do grupo para denunciá-lo”, afirmou a agência Análisis Urbano, no dia 14 de setembro.
Outro grupo dissidente das FARC que pratica crimes na fronteira norte do Equador é a Frente Oliver Sinisterra, acusada em 2018 do sequestro e assassinato de três jornalistas equatorianos de El Comercio, bem como do atentado com um carro-bomba ao quartel de polícia de San Lorenzo, em Esmeraldas, Equador, naquele mesmo ano.
A Nova Marquetalia, quadrilha que também pratica crimes na região, abastece-se principalmente com a migração de jovens venezuelanos recrutados para engrossar as fileiras dessa “organização narcoterrorista”, publicou o jornal equatoriano NotiMundo, no dia 3 de setembro. A Marquetalia, localizada no estado de Tolima, Colômbia, é uma zona rural considerada historicamente como o berço das FARC.
Com a assessoria do Comando Sul dos EUA, as Forças Armadas do Equador treinam na selva para reforçar suas capacidades operacionais, “para neutralizar a presença de grupos armados no território amazônico”, informou o site equatoriano Noticias Equinoccio, no dia 2 de setembro.