O presidente interino da Venezuela Juan Guaidó conversou com a Voz da América e deu detalhes sobre o seu plano para criar um “Governo de Emergência Nacional”, através de um Conselho de Estado, e alertou sobre a crise que o país atravessa com a pandemia do coronavírus.
Guaidó, que também é presidente da Assembleia Nacional, informou que nesse momento Nicolás Maduro “está isolado, encurralado. Ele não tem opções porque ficou sem o apoio popular”.
“Ele [Maduro] vai fazer o que sempre fez: desviar, distrair a atenção. E, nesse momento, já não há espaço para isso”, acrescentou.
Guaidó reiterou que a ideia de formar um Conselho de Estado paritário foi cogitada inicialmente durante as conversações em Barbados, em 2019. “Muitas pessoas estão tentando buscar uma solução para isso, inclusive aquelas que ainda apoiam um ditador”, declarou.
Essa proposta foi respaldada pelos Estados Unidos alguns dias depois de ter sido apresentada. O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, até afirmou que as sanções impostas poderiam ser suspensas, se as condições fossem atendidas.
O regime de Maduro já respondeu que não aceitará qualquer tipo de “tutela” de nenhuma força estrangeira.
“Eles deveriam ser sensatos e escutar o que a comunidade internacional está oferecendo no momento e para a qual os venezuelanos estão fazendo pressão: uma solução para o conflito”, disse Guaidó à VOA.
Embora ele assegure que ainda não é possível falar sobre quem formará o conselho, afirmou que seus membros não podem ter vínculos com o terrorismo, o narcotráfico, a violação dos direitos humanos ou a corrupção.
Guaidó explicou que essa transição que se tenta criar com um “governo de emergência” não é apenas “iminente”, mas também necessária para “que a Venezuela sobreviva”, e é o objetivo comum da oposição venezuelana como um todo.
“A transição na Venezuela é um fato, mas quanto tempo vai demorar? Vai depender do esforço de todos os venezuelanos. E hoje, mais do que nunca, eu comemoro a responsabilidade, a maturidade política que alcançamos, não somente os venezuelanos, mas também os seus dirigentes.”
Ao ser indagado sobre se a operação naval anunciada pelos Estados Unidos no Caribe poderá criar expectativas em alguns setores da sociedade quanto a uma eventual intervenção militar, Guaidó disse que “a intervenção na Venezuela já existe hoje e é dos cubanos, através do G2, de inteligência e contrainteligência”.
Guaidó afirmou que a ilha “deverá responder se eles utilizam o país para o narcotráfico ou somente por ideologia e petróleo.”