Sob a liderança da Força Aérea Colombiana (FAC), as forças aéreas das Américas treinam para criar uma força-tarefa multinacional contra o narcotráfico. Essa ideia surgiu em 2018 e culminou com a operação de interdição aérea binacional Colômbia-Guatemala COLGUA II, realizada no primeiro semestre de 2019 e que ativou a força-tarefa multinacional denominada Escudo do Caribe.
O objetivo da força, segundo a FAC, é realizar operações conjuntas contra os grupos narcotraficantes transnacionais, para neutralizar o uso dos corredores e garantir a segurança aérea dos países participantes. A força contará com a participação dos países com os quais a FAC mantém procedimentos operacionais, disse à Diálogo o Coronel Jorge Augusto Saavedra Chacón, diretor da Defesa Aérea e Antimíssil da FAC e coordenador da iniciativa.
“Os países que poderão participar são Brasil, Costa Rica, Equador, Guatemala, Jamaica, Panamá, Peru e República Dominicana”, disse o Cel Saavedra, acrescentando que o convite se estenderá a outros países da região.
Segundo as necessidades de cada nação, a força entra em ação oferecendo recursos, conhecimentos e capacidades da FAC, bem como de qualquer outro país que queira participar de uma operação específica.
“A força-tarefa é ativada e desativada com um objetivo específico”, disse o Cel Saavedra. “A estrutura começa a ser utilizada quando chegamos ao país X, como ocorreu na Guatemala, onde começa a haver um comandante operacional, um Estado-Maior e alguns componentes.”
De acordo com a proposta da FAC para o Escudo do Caribe, os exercícios serão realizados em duas etapas: uma doutrinária e uma operacional. A primeira edição do exercício COLGUA foi realizada em 2018 em um cenário de interdição aérea fictícia entre a Colômbia e a Guatemala. A operação COLGUA II, feita na Guatemala em abril de 2019, trouxe resultados concretos: a neutralização de três aeronaves, a captura de dois traficantes, a destruição de uma pista de aterrissagem ilegal e o levantamento de imagens de mais de 25 pistas clandestinas.
Em junho de 2019, o Escudo do Caribe foi novamente ativado, desta vez através do exercício simulado binacional Colômbia-Equador Andes II, realizado em várias bases aéreas perto da fronteira que os países compartilham.
“Pretendemos fazer uma análise que permita examinar o cumprimento da missão imposta. Queremos avaliar táticas, técnicas e procedimentos operacionais e, por fim, compartilhar as lições aprendidas, para que no futuro seja possível reagir de forma ótima e oportuna na interceptação de voos ilícitos que pretendam cruzar nossa fronteira comum”, disse o Brigadeiro Mauricio Campuzano Núñez, comandante da Força Aérea Equatoriana.
As forças aéreas da Colômbia e do Equador têm como objetivo realizar o exercício Andes III, programado para 2020, para obter resultados como os do COLGUA II. Espera-se que em breve haja procedimentos similares com outros países, como o Peru e o Panamá, que têm exercícios operacionais planejados também para 2020, afirmou o Cel Saavedra.
“Se estivermos unidos, as coisas ficarão mais complicadas para as organizações marginais que têm como objetivo o narcotráfico”, concluiu o Cel Saavedra. “Se cada país contribuir com recursos, poderemos destruir os planos do narcotráfico e eliminar os corredores que essas organizações utilizam.”