Militares do 1º Batalhão de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (1º Btl DQBRN) do Exército Brasileiro participaram, de 27 de junho até 1º de julho, como instrutores do Curso Básico sobre Resposta de Emergência a Incidentes Químicos para Países de LínguaPortuguesa, em Angola. O curso foi promovido pela Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) e coordenado pela Autoridade Nacional para o Controle de Armas e Desarmamento, doMinistério da Defesa Nacional e Veteranos da Pátria do Governo de Angola.
Além do Brasil e de Angola, também participaram militares, bombeiros civis, oficiais de alfândega, profissionais de saúde e especialistas em produtos perigosos de Guiné-Bissau, Moçambique e Portugal. Foi o primeiro desses cursos sediado por um país africano de língua portuguesa. Ministraram o curso cinco instrutores, três brasileiros do 1º Btl DQBRN e dois angolanos.
O Centro de Comunicação Social do Exército Brasileiro (CCOMSEx) explicou à Diálogo, em um comunicado, que o 1º Btl DQBRN, que completará 70 anos de criação em 2023, vem estabelecendo uma trajetória de excelente relacionamento com a OPAQ, tendo se tornado referência para as demais instituições que atuam nesta área. “Tudo isso deve-se ao consagrado e amadurecido Sistema de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear do Exército, concebido em 1989, cuja estrutura possibilita dispor de doutrina atualizada, equipamentos no estado da arte e recursos humanos altamente especializados”, disse o CCOMSEx.
Segundo o comunicado, os militares do 1º Btl DQBRN atuaram em um dos maioresacidentes radiológicos do mundo, quando o Césio 137, um isótopo radioativo resultante da fissão nuclear de outros materiais radioativos, como urânio e plutônio, foi removido de seu alojamento de proteção nacidade de Goiânia, no estado brasileiro de Goiás, em 1987. O CCOMSEx mencionou ainda a participação do 1º Btl DQBRN em feiras, cursos, exercícios e workshops nacionais e internacionais e a atuação na revisão e elaboração de dispositivos internacionais relacionados às convenções e tratados de desarmamento e não proliferação QBRN.
O batalhão também é membro da rede de especialistas contraterrorismo QBRN da Organização das Nações Unidas e seus membros participam como assessores e inspetores de armas químicas em missões de paz, além de promover cursos para as forças armadas de nações parceiras, como Espanha, Estados Unidos e Portugal. Em 2017, o Brasil foi designado pela OPAQ como sede do Centro Regional de Assistência e Proteção contra Armas Químicas para o grupo de países da região da América Latina e do Caribe (GRULAC).
A capacitação em Angola abrangeu majoritariamente instruções teóricas como temas como Princípios de Proteção Cutânea e Respiratória, Agentes Químicos de Guerra e seus Efeitos Toxicológicos, Tratamento Médico Especializado em Emergências Químicas e Sistema de Controle de Incidentes Químicos.
“Entretanto, houve também instruções práticas, como Equipamentos de Proteção Individual; Detecção e Coleta de Amostras em Áreas Contaminadas; e Descontaminação de Pessoal, Equipamentos, Instalações e Áreas”, afirmou o CCOMSEx. “Para o Exército Brasileiro, no plano internacional, o evento representa uma valiosa oportunidade para fortalecer a imagem da Força Terrestre junto aos países da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa] e à OPAQ, a partir da comprovação da qualidade de seus recursos humanos especializados em DQBRN”, acrescentou.
O Exército Brasileiro disse que está prevista uma segunda etapa, denominada Curso Avançado sobre Resposta de Emergência a Incidentes Químicos para Estados-Partes de Língua Portuguesa, para o ano de 2023, a ser realizada em Portugal. Ainda este ano, o 1º Btl DQBRN conduzirá capacitação em assistência e proteção contra armas químicas para integrantes do grupo de países da GRULAC, a pedido da Junta Interamericana de Defesa junto à OPAQ.