pandemia causou uma enorme mudança nas transações digitais em todo o mundo, trazendo oportunidades e desafios para os usuários e as empresas de todos os tamanhos. Em Honduras, por exemplo, a atividade digital abriu a porta para um novo estilo de pagamentos e consumo. Estima-se que, em 10 transações bancárias, sete são possíveis graças à atividade digital no país centro-americano, informou o jornal hondurenho La Tribuna, no dia 13 de agosto de 2021.
No entanto, essa nova tendência permitiu que os criminosos cibernéticos aumentem a prática de fraudes e atividades ilegais.
“Os bancos inovaram com o uso da tecnologia, para tornar as coisas mais fáceis para os clientes. Entretanto, com essa boa intenção de facilitar e criar plataformas amigáveis e acessíveis, os membros de gangues e quadrilhas aproveitam essas vulnerabilidades para praticar extorsão”, disse à Diálogo o Tenente-Coronel Ubaldo Rodríguez, chefe regional da Zona Centro-Leste da Força Nacional de Combate a Gangues e Quadrilhas (FNAMP, em espanhol) de Honduras.
Para combater as atividades malignas dos criminosos cibernéticos, a FNAMP vem treinando seu pessoal em adestramento básico para combater os delitos informáticos. Os membros de sua Unidade de Análise de Inteligência recebem formação para serem especialistas em cyber-crime. “Sentimos a necessidade de capacitar todo o pessoal da força […] para incorporar esse novo conceito estabelecido como delitos informáticos”, explicou o Ten Cel Rodríguez.
Entre as capacidades da força, segundo o oficial, estão o rastreamento de roubo de identidade, o rastreamento na deep web, a extração forense e a busca avançada de software e hardware, entre outros.
“O que geramos é para que membros de gangues e quadrilhas não pratiquem crimes mais sofisticados como o phishing [quando as pessoas são enganadas para compartilhar informações pessoais], roubo de identidades ou roubo de informações pessoais. Esses membros de gangues e quadrilhas estão utilizando as redes sociais para tirar vantagem do anonimato ou outra fachada para cometer outros delitos. Isso é o que estamos tentando evitar com essa capacitação dos integrantes da FNAMP”, acrescentou o Ten Cel Rodríguez.
Segundo dados da Direção Policial de Investigações da Polícia Nacional de Honduras, os delitos cibernéticos no país aumentaram cerca de 500 por cento entre 2018 e 2020. Além de praticar extorsão contra as pessoas, os criminosos utilizam seus conhecimentos cibernéticos para invadir as plataformas informáticas do governo e apagar delitos penais, explicou o Ten Cel Rodríguez.
No início de 2021, a FNAMP lançou uma campanha de conscientização sobre as formas de manter-se prudente na internet e de fazer denúncias, para motivar a população a alertar as autoridades quando sentir que uma atividade é fraudulenta. De acordo com a FNAMP, os criminosos aumentaram a utilização das redes sociais e de aplicativos de mensagens para praticar extorsão.
“Foi comprovado que as organizações criminosas, criando perfis falsos, obtêm informações sobre as vítimas, para depois ameaçar e intimidar, e com isso exigir grandes quantidades de dinheiro sob a forma de extorsão”, disse à Diálogo o Coronel Amílcar Hernández, diretor da FNAMP.
Em agosto de 2021, a FNAMP capturou uma quadrilha criminosa de 11 pessoas que se dedicavam a ameaçar e extorquir. “No momento da captura, confiscamos uma grande quantidade de cartões SIM que permitiam [o acesso à internet e] a criação de contas nos terminais eletrônicos que foram ativados com carteiras de identidade falsas”, disse o Ten Cel Rodríguez. A captura dos criminosos foi possível graças às denúncias que efetuaram as vítimas.
No decorrer deste ano, a FNAMP já capturou 1.250 pessoas por delitos de extorsão. Segundo dados fornecidos pela Secretaria de Defesa de Honduras, a instituição também conseguiu evitar o pagamento por extorsão de cerca de US$ 400.000 nos primeiros seis meses de 2021.
“A maior conquista da FNAMP é que não ficamos para trás na área tecnológica; nós nos antecipamos às ações criminosas, agimos contra e evitamos que as ameaças sejam maiores”, concluiu o Ten Cel Rodríguez.