Os EUA impuseram sanções no dia 25 de julho de 2019 contra três enteados de Nicolás Maduro, por sua participação no esquema que roubou centenas de milhões de dólares em contratos de importação de alimentos, em tempos em que a fome atinge toda a Venezuela.
“Existe um programa de bem-estar social do qual muitos venezuelanos dependem forçosamente para sua sobrevivência”, disse o secretário de Estado dos EUA Mike Pompeu. “Maduro e seus protegidos transformaram esse programa em uma arma política e um mecanismo para enriquecimento próprio.”
O esquema foi comandado por Alex Saab, um empresário colombiano também sob sanção, que acumulou um grande número de contratos com o governo socialista de Maduro.
De acordo com o Departamento do Tesouro dos EUA, Saab usava uma rede de empresas de fachada em todo o mundo – Colômbia, Emirados Árabes Unidos, Hong Kong, México, Panamá e Turquia –, para ocultar os lucros de contratos sem licitação e supervalorizados, obtidos através de propinas e subornos.
“Saab se uniu às pessoas próximas de Maduro e comandou uma rede de corrupção em grande escala utilizada com crueldade para explorar a população faminta da Venezuela”, disse o secretário do Departamento do Tesouro dos EUA Steven Mnuchin. “Eles usavam a comida como meio de controle social, para recompensar os apoiadores políticos e punir os opositores, ao mesmo tempo em que embolsavam centenas de milhões de dólares, através de diversos esquemas fraudulentos.”
Segundo o Departamento do Tesouro, alguns dos contratos de Saab foram obtidos com pagamento de suborno a Yoswal, Yosser e Walter Flores, filhos da esposa de Maduro, Cilia Flores, de um relacionamento anterior.
Com as medidas tomadas, ao todo, 10 indivíduos foram impedidos de fazer negócios nos Estados Unidos, incluindo o parceiro e amigo de Saab, o colombiano Álvaro Pulido, e vários membros de sua família, bem como os enteados de Maduro.
Com a fome disseminada na Venezuela, Maduro passou a assumir um controle maior sobre a importação e a distribuição de alimentos. Em 2016, ele começou a vender todos os meses caixas de alimentos básicos subsidiados, que se tornaram uma débil tábua de salvação para milhões de cidadãos que sofriam com a escassez e a hiperinflação, que chegou a 130.000 por cento em 2018.
Os críticos acusam Maduro, além de permitir a crescente corrupção, de utilizar os alimentos basicamente como uma arma, disponibilizando as caixas de alimentos principalmente para os funcionários e apoiadores do governo. As acusações geraram apelos de diversos governos latino-americanos, bem como do Canadá e da França, para que Maduro fosse julgado no Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade.
“Isso não é apenas corrupção” disse o secretário adjunto do Departamento do Tesouro dos EUA Marshall Billingslea, em uma entrevista concedida em 2018 à Associated Press. “Trata-se literalmente de um saque contra o único programa de segurança social que ainda existe na Venezuela.”