Durante sete anos, soldados do Batalhão de Engenheiros de Desminagem Humanitária Nº 2, do Exército Nacional da Colômbia, intervieram para eliminar a presença de artefatos explosivos no município de Roncesvalles, departamento de Tolima, na cordilheira central da Colômbia. Nessa área, foram registradas 14 vítimas de minas antipessoais durante esse período. Os desminadores estavam presentes em 27 setores, informou, em 10 de maio, a Brigada de Desminagem Humanitária do Exército Nacional.
Da mesma forma, a sub-região de Los Montes de María foi declarada território livre de suspeita de contaminação por minas antipessoais em 2 de maio. Nesse território, cerca de 600.000 metros quadrados foram limpos pelo Batalhão de Desminagem e Engenheiros Anfíbios (BDIAN), da Marinha da Colômbia, em 19 municípios nos departamentos de Bolívar e Sucre, no Caribe Colombiano.
Essas duas entregas de áreas liberadas de minas são as mais recentes e fazem parte dos resultados alcançados pelas Forças Militares da Colômbia, o país mais afetado por minas depois do Afeganistão, de acordo com o Registro Único de Vítimas. Na Colômbia, mais de 12.000 pessoas foram vítimas de minas antipessoais. No entanto, os esforços de desminagem das Forças Militares funcionam, pois 81 por cento do território nacional está livre de minas.
Em nível nacional, de 2009 até 17 de maio de 2024, 6.518.522 m2 foram liberados em todo o país; 20 municípios foram declarados livres de suspeita de contaminação por minas antipessoais; e 242 dispositivos foram destruídos. Os militares atenderam 1.072 eventos do Sistema de Informação de Gerenciamento de Ações contra Minas; 72 áreas perigosas foram limpas; e 5.937 jornadas de educação sobre a prevenção de riscos de dispositivos explosivos foram realizadas, de acordo com dados fornecidos à Diálogo pelo Capitão de Corveta Carlos Andrés Blanco Cifuentes, do Corpo de Fuzileiros Navais da Colômbia, comandante do BDIAN.
Nesse mesmo período, a desminagem humanitária na Colômbia conseguiu entregar 327 zonas ou municípios livres de suspeitas de minas e 9.249 artefatos explosivos foram destruídos, de acordo com o CC Blanco. Esses resultados foram alcançados em 82 por cento pela Brigada de Desminagem Humanitária; 6,11 por cento por Halo Trust; e 6,11 por cento pelo BDIAN; enquanto a porcentagem restante foi alcançada com a participação de organizações como a Campanha Colombiana Contra Minas; a Associação de Técnicos em Explosivos; o Conselho Dinamarquês para Refugiados; a Ajuda Popular Norueguesa; a Associação de Técnicos em Explosivos e Investigadores de Incêndios; e Humanidade e Inclusão.
O BDIAN conta com o apoio da Agência de Assistência Humanitária e Cooperação de Segurança e Defesa (ODHACA), entidade que desde abril de 2021 entregou vários equipamentos para tarefas de desminagem humanitária. A Organização dos Estados Americanos, por meio do programa de Ação Integral contra Minas Antipessoais, também entregou várias doações, como tendas para o destacamento de pessoal e uniformes para os desminadores, entre muitos outros. Além disso, eles receberam apoio em capacitação, através de quatro cursos sobre manuseio básico de explosivos, dos quais participaram aproximadamente 120 desminadores desde 2022.
Os cursos de desminagem e de líder de desminagem são oferecidos no Centro de Treinamento de Operações de Paz da Marinha Nacional. Esses cursos são usados para detectar, marcar, neutralizar e destruir artefatos explosivos. “Também participaram de 11 cursos de desminagem humanitária, em um total capacitado de aproximadamente 250 homens, desde 2015, com o apoio do Grupo de Assessores Técnicos Interamericanos do Brasil, que nos capacitaram com 21 alunos do curso de monitores desde 2016”, explicou o CC Blanco.
Na Colômbia, os principais responsáveis pela utilização de minas antipessoais são os guerrilheiros, que deixam como principais vítimas membros da Força Pública, mas também civis, como crianças e adolescentes, de acordo com o Centro Nacional de Memória Histórica (CMH). “A maioria dos que sofrem a explosão de uma mina antipessoal sobrevive com sequelas físicas, que permanecem pelo resto de suas vidas, e as vítimas geralmente precisam de cuidados permanentes, algo que agrava a situação das famílias camponesas ou daquelas que se sustentam em condições difíceis”, disse o CMH.
“As minas antipessoais têm uma missão que conservam para sempre: matar ou mutilar sem controle humano”, segundo o CMH. “Esse propósito para o qual elas são instaladas não termina até que uma vítima as exploda por acidente, independentemente de elas explodirem na frente de um soldado, um camponês, um menino ou uma menina.”