O Centro William J. Perry para Estudos Hemisféricos de Defesa completa 25 anos este ano e não há nada melhor para comemorar suas bodas de prata do que trazer de volta algo muito apreciado por todos: as cerimônias presenciais de formatura.
Após dois anos de programação virtual devido às restrições da COVID-19, o Centro Perry realizou o primeiro curso presencial e a primeira cerimônia de formatura em 13 de maio, para alunos do curso de Implicações Estratégicas dos Direitos Humanos e Estado de Direito. Em 27 de maio, a segunda cerimônia presencial de formatura celebrou as realizações dos alunos do curso Combatendo as Redes de Ameaças Transnacionais (CTTN) de 2022, no Auditório do Salão Abraham Lincoln, sede do Centro Perry dentro da Universidade de Defesa Nacional (NDU), instituição com a qual mantém uma relação acadêmica, em Fort Lesley J. McNair, em Washington, D.C.
“Sei que as cerimônias presenciais de graduação são muito importantes para os estudantes, especialmente os vindos do exterior”, disse Jeffrey J. Murphy, diretor interino do Centro William J. Perry. “Com essa cerimônia, eles deixam de ser estudantes e se tornam ex-alunos. E é essa rede de apoio daqui para a frente que será tão importante no futuro. Aguardo com expectativa toda a ajuda que eles trarão no futuro e que eles recorram ao Centro Perry como um parceiro de confiança para ajudá-los quando retornarem às suas funções corriqueiras.”
Estudantes de toda a região
Quarenta e quatro estudantes da Argentina, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, México, Paraguai e Peru e República Dominicana iniciaram a fase online do CTTN 2022, em 25 de abril. “Este é meu segundo curso sobre o combate às ameaças transnacionais. O Centro Perry é, para mim, um lugar de muito conhecimento e muita interação, sobretudo com colegas de países do hemisfério, onde podemos ter a visão direta daqueles que estão interagindo com as problemáticas desses lugares”, disse à Diálogo Luiz Guzmán, da Procuradoria do estado de Jalisco, no México,.
A fase presencial teve início em 16 de maio, e o momento não poderia ter sido mais apropriado. De acordo com um novo estudo realizado pela empresa britânica de análises de riscos Verisk Maplecroft, o papel da região no tráfico transnacional de entorpecentes e o aumento contínuo da força das organizações criminosas, além da sofisticação das gangues de narcotráfico são os fatores-chave que sustentam o perfil de risco da América Latina, como informou o jornal britânico The Guardian. Como tal, o curso CTTN do Centro Perry se concentrou na análise do fenômeno do crime organizado transnacional e das atividades ilícitas em que as organizações criminosas transnacionais se envolvem. O curso também avaliou as ameaças à defesa e à segurança, representadas por essas e outras redes ilícitas, e avaliou as atuais estratégias e políticas nacionais, regionais e internacionais para combatê-las, bem como formas de melhorar a governança efetiva, conceituando novas abordagens para combater o crime organizado internacional na América Latina.
“Nós realmente precisamos nos unir porque nenhuma nação pode fazer isso sozinha. É fundamental que nós, com a ajuda de nações parceiras, combatamos juntos essas ameaças, que são insidiosas e tão amplas. Isto requer uma abordagem multinacional. Reunir colegas de diferentes países, para que possam trabalhar juntos na construção de soluções para o futuro. Esse é o benefício deste e de outros cursos aqui no Centro William J. Perry”, disse o Major-Brigadeiro Michael T. Plehn, da Força Aérea dos EUA, presidente da NDU, durante seu discurso na cerimônia de formatura de 27 de maio.
Curso reformulado
A diretora do curso CTTN, professora Celina Realuyo, explicou que o mesmo teve que ser renovado esse ano devido à pandemia. “Infelizmente, as redes de ameaças transnacionais, como o crime organizado transnacional, o tráfico de pessoas, o tráfico de drogas e o cibernético aumentaram durante a COVID. Embora os governos estivessem tão concentrados em tentar responder à crise humanitária, sanitária e econômica, na verdade, deixaram um enorme vácuo para que os criminosos transnacionais operassem. Portanto, é importante reunir os especialistas da região para criar sua própria rede do bem contra a rede do mal.”
Falando da importância do curso, o estudante brasileiro Augusto Carlos Rocha de Lima, que é promotor de Justiça da Unidade de Crime Organizado e coordena o Laboratório de Combate à Lavagem de Dinheiro no estado do Rio Grande do Norte, disse: “Lidamos diariamente com o combate ao Primeiro Comando da Capital, Comando Vermelho e outras facções criminosas locais. Esses temas estão muito presentes no curso CTTN. Isso é realmente o que me levou a vir aqui”.
Segundo o Major-Brigadeiro Andrew A. Croft, subcomandante militar do Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM), um dos oradores na cerimônia de formatura de 27 de maio, combater as ameaças transnacionais é uma das linhas de esforços do SOUTHCOM que o Centro Perry apoia, sendo a outra a solidifição de parcerias. “Nossa educação militar profissional, seja ela feita aqui no Centro Perry ou em alguma outra escola, é um de nossos métodos mais importantes para edificar relações com nossas nações parceiras ao longo do tempo, porque os alunos aprendem nossa cultura e nossos valores, que são muito semelhantes, mas entendem o que são os Estados Unidos e aprendem também sobre o país. E isso nos une através de gerações e através das diferentes mudanças na política. Isso transcende tudo, o que é realmente maravilhoso”, disse o Maj Brig Croft.