A República Dominicana tem uma posição geográfica muito atraente para o turismo internacional. É um dos destinos do Caribe mais visitados pelos turistas. Contudo, além dos turistas, atrai também as organizações criminosas transnacionais, traficantes de drogas, armas, pessoas e lavagem de dinheiro.
Essa situação preocupa o Brigadeiro Richard Vásquez Jiménez, subcomandante geral da Força Aérea da República Dominicana, que concedeu uma entrevista à Diálogo para falar sobre os temas de segurança em seu país e a importância da cooperação internacional no combate às ameaças comuns na América Latina. A entrevista ocorreu durante a Conferência de Chefes das Forças Aéreas da América Central, realizada na cidade de Tucson, Arizona, entre 12 e 13 de dezembro de 2016.
Apenas cinco meses após assumir o cargo, o Brig Vásquez tem a certeza de que o compartilhamento de experiências entre países vizinhos e a união de esforços comuns é importante para eliminar o crime transnacional. Por isso, desde o momento em que assumiu esse cargo dentro do organograma das Forças Armadas, o Brig Vásquez se comprometeu a trabalhar em equipe com os membros de sua força e da região em geral. Diálogo: Qual é a importância da presença da República Dominicana na Conferência de Chefes das Forças Aéreas da América Central? Brigadeiro Richard Vásquez Jiménez: Na minha condição de subcomandante geral da Força Aérea da República Dominicana e representando nosso comandante geral, o Brigadeiro Luis Napoleón Payán Díaz, nossa presença aqui nesta conferência atende a um critério do alto comando de defesa de nossa nação dominicana no sentido de apoiar, segundo as relações internacionais e a diplomacia da defesa, os esforços que são realizados com o objetivo de alcançar a segurança regional, hemisférica e global. Todos nós aqui estamos juntos para compartilhar experiências na abordagem dos riscos e na luta contra as ameaças que, de maneira comum, nos afetam como nações, o que nos permite articular esforços para enfrentá-las.
Diálogo: Há alguma meta em particular da República Dominicana para esta conferência anual? Brig Vásquez: Com nossa participação, buscamos cumprir os compromissos e acordos internacionais que assinamos com nações parceiras para lutar contra os atores não estatais do crime internacional organizado, que põem em risco a segurança tanto em nível global, hemisférico e regional, como internamente em nossas nações.
Diálogo: Quais são os problemas de segurança mais importantes que a República Dominicana enfrenta? Brig Vásquez: As principais preocupações de segurança para nossa República Dominicana decorrem da posição geográfica que o país ocupa, o que representa um atrativo para o tráfico de drogas, a lavagem de dinheiro, o tráfico de armas, tráfico de pessoas, entre outros crimes organizados transnacionais. O fator principal que nos preocupa é o da insegurança dos cidadãos, o que, como ocorre em outros países da região, tem que ser enfrentado pelos militares das Forças Armadas em apoio à polícia nacional.
Por esse motivo, na República Dominicana foi elaborado e colocado em prática um plano integrado de segurança dos cidadãos entre as instituições militares e policiais.
Diálogo: Com a experiência da República Dominicana no combate ao crime transnacional, por exemplo, de que tipo de cooperação regional vocês participam para contribuir para uma estratégia regional para resolver esses problemas? Brig Vásquez: Como parte dos acordos de cooperação que, em termos de segurança, temos como nação, estamos presentes na maioria dos organismos criados para trabalhar de maneira combinada entre nossas nações. Além disso, participamos com nossos recursos aeronáuticos de diversas operações de interceptação, em conjunto com as forças aéreas dos países parceiros da região, como são os exercícios Caribe, na Colômbia, e Céus Soberanos, com os Estados Unidos.
Para colaborar, também devemos melhorar como forças e fazer esforços. Devemos melhorar nossas forças e fazer esforços para ampliar nossa participação e essa é a atitude de nossa autoridade suprema como o melhor modo de cooperar na luta contra essas ameaças. Diálogo: Por que a colaboração, o trabalho em equipe e a cooperação entre os países parceiros, incluindo os Estados Unidos, é importante para combater os problemas do crime transnacional? Brig Vásquez: Realmente, essa importância se baseia no fato de que os atores não estatais que criam a arquitetura e a configuração das ameaças à segurança na atualidade atuam de maneira articulada, fomentam entre si a amizade e trocam informações, dados e experiências para atingir seus fins ilícitos.
Por esse motivo, o sucesso ao enfrentá-los depende de que nós, como organismos militares estatais, atuemos segundo estratégias conjuntas e combinadas como nação. Além disso, devemos fomentar os níveis de confiança e amizade entre nossos chefes e comandantes. Diálogo: Que tipo de colaboração a Força Aérea da República Dominicana tem com os Estados Unidos? Brig Vásquez: Trabalhamos tanto com os Estados Unidos quanto com os países vizinhos e parceiros no combate ao crime organizado.
Nós respondemos às diretrizes do nível político nacional para trabalhar junto aos órgãos institucionais da defesa nacional e aos de segurança pública, mas também com nossos homólogos no exterior de maneira conjunta e coordenada. Temos diversos planos operacionais para enfrentar o crime organizado transnacional, que são praticados através de exercícios junto a organismos de segurança pública que estabelecem acordos em assuntos relacionados à anticriminalidade com seus homólogos em outros países. Realizamos também treinamentos nos Estados Unidos e em diferentes países parceiros e eles também enviam seus militares ao nosso país para realizar estudos e treinamento, o que proporcionou como resultado a aplicação de doutrinas bem articuladas e sincronizadas para, dessa forma, poder utilizar os recursos aeronáuticos de maneira integrada com as forças aéreas de outros países da região.
Diálogo: Como a Força Aérea da República Dominicana participa e colabora com o Sistema de Cooperação das Forças Aéreas Americanas (SICOFAA)? Brig Vásquez: No que se refere à segurança hemisférica, a Força Aérea da República Dominicana tem presença ativa e está integrada nos planos e ações gerados dentro do sistema como parte da luta contra as diversas ameaças à segurança internacional. Esse vínculo através do SICOFAA e os intercâmbios com forças aéreas parceiras, que temos através do SICOFAA, nos fornecem informações oportunas e dados pertinentes, o que nos fez obter sucessos significativos no passado e também no presente. Valorizamos ao máximo a oportunidade que essa organização chamada SICOFAA nos proporciona.
Diálogo: Qual é a importância desse tipo de sistemas conjuntos para a cooperação regional? Brig Vásquez: Precisamente, através desse sistema, como lhe dizia anteriormente, estabelecem-se laços de amizade entre as diferentes forças aéreas dos países do continente. Através desses laços de amizade podemos trocar informações tanto sobre essas diferentes ameaças que nos afetam em comum como nação, mas também sobre o modo pelo qual cada uma das nações as enfrenta. Essas são experiências que podemos coletar e usá-las para fazer uma retroalimentação como força nacional para, baseados nessas experiências, também podermos aplicá-las.
Digamos que é um sistema que é chamado para que nós, como instituições aéreas parceiras, atuemos sob uma mesma orientação contra as mesmas ameaças que nos afetam. Diálogo: O senhor gostaria de acrescentar algum comentário ou um convite aos países parceiros? Brig Vásquez: Somente gostaria de expressar-lhes que devemos manter essa unidade, essa parceria entre forças aéreas, já que isto é necessário para que possamos enfrentar as ameaças comuns que hoje em dia vemos que provocam intranquilidade.
Não só como países do hemisfério, mas também internamente em nossa nação, em nossas nações, essas ameaças nos estão afetando enormemente em termos de segurança dos cidadãos das nossas nações.