A Polícia Nacional do Paraguai realizou a maior apreensão de cocaína no país sul-americano com a descoberta de mais de 3 toneladas da droga na Região Metropolitana de Assunção, no final de julho de 2021, segundo um comunicado do gabinete estatal de imprensa Agência de Informação Paraguaia.
As autoridades apreenderam um total de 3.415 quilos de cocaína, distribuídos em umas 160 bolsas dentro de um contêiner que estava em um depósito na cidade de Fernando de la Mora, disse à Diálogo o comissário principal Osvaldo Alejandro Ávalos, chefe do Departamento Antinarcóticos da Polícia Nacional do Paraguai.
“As substâncias estavam ocultas […] e compactadas dentro de bolsas de açúcar orgânico, para sua exportação com destino à África”, explicou o comissário Ávalos.
Após um trabalho de inteligência de vários meses, as autoridades lançaram uma operação que resultou na apreensão recorde. As investigações mostraram que a droga havia entrado no Paraguai por via aérea, procedente do Peru ou da Bolívia, informou a agência espanhola de notícias EFE.
Um empresário paraguaio, Juan José Dubini Franco, e seu filho, Juan José Dubini Verdún, arrendatários do depósito, foram detidos por sua suposta participação no tráfico internacional de drogas, informou o jornal paraguaio ABC Color. De acordo com a EFE, durante a incursão na residência dos Dubini, as autoridades encontraram telefones celulares, equipamentos de informática e documentação vinculada a envios de importações, bem como um veículo com um compartimento que havia sido utilizado para transportar as drogas.
“A partir dessa operação […], ficou evidente que as organizações criminosas transnacionais estariam utilizando o Paraguai como país de trânsito, aproveitando o mercado internacional ao qual têm acesso os produtos nacionais de exportação, além do vulnerável sistema de controle para a entrada da cocaína no país (por vias aérea e terrestre), como também a saída da droga (por vias terrestre e marítima), diante da falta de equipamentos tecnológicos para fortalecer os controles”, disse o comissário Ávalos.
Segundo a InSight Crime, uma organização internacional dedicada à análise do crime organizado na América Latina, o Paraguai se tornou um dos principais exportadores de cocaína para a Europa e a África. Durante muitos anos, o Paraguai foi ponto de trânsito da cocaína para o Brasil, de onde a droga saía em direção aos portos europeus. Entretanto, com o aumento da fiscalização nos portos brasileiros, os narcotraficantes buscaram novas rotas, “especialmente as que partem de países que não são produtores de cocaína, nem centros de transporte marítimo. O Paraguai se encaixa nessa categoria”, disse a InSight Crime.
Depois da apreensão recorde, o ministro do Interior do Paraguai, Arnaldo Giuzzio, ressaltou a importância de fortalecer a fiscalização para evitar a entrada de drogas no país. “Necessitamos urgentemente melhorar nosso espaço aéreo e o controle com escâner e tecnologia nos espaços públicos e privados”, disse ele em uma entrevista coletiva, segundo a EFE.
Entre janeiro e julho de 2021, incluindo a megacarga da droga, a Polícia Nacional apreendeu 5.936 kg de cocaína. Em 2020, as autoridades confiscaram um total de 3.423 kg de cocaína.