Durante um passeio pela bela Fortaleza de São João, local da fundação da cidade do Rio de Janeiro, em 1565, o Contra-Almirante (RM1) Gilberto Cezar Lourenço, da Marinha do Brasil, fez um comentário que provocou risos nos passageiros do ônibus em que se encontravam. “O sol nasce para todos, mas a sombra do Pão de Açúcar é só para quem tem o privilégio de trabalhar na Escola Superior de Guerra [ESG] do Brasil”, disse ao se referir a um dos principais cartões postais da Cidade Maravilhosa, que fica localizado bem em frente à ESG, no bucólico bairro da Urca.
Os passageiros do ônibus eram os representantes das delegações dos 10 países participantes da XXIII Conferência dos Diretores de Colégios de Defesa Ibero-Americanos (CDCDIA): Brasil (anfitrião), Chile, Equador, Espanha, Guatemala, México, Peru, Portugal, Uruguai e Estados Unidos, que sempre participa como observador permanente. O evento anual foi realizado de 29 de agosto a 2 de setembro, tendo como sede a ESG, que abrigou a conferência pela quinta vez – as edições anteriores foram em 2001, 2008, 2011 e 2016.
Bicentenário da Independência
A cerimônia de abertura da CDCDIA foi presidida pelo chefe de Educação e Cultura do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, Tenente Brigadeiro do Ar Luis Roberto do Carmo Lourenço, acompanhado do Comandante da ESG, General de Divisão Adilson Carlos Katibe e do subcomandante da escola, General de Brigada Himario Brandão Trinas. Em seu discurso de abertura, o Gen Div Katibe reforçou que representa uma honra para a ESG sediar a conferência, particularmente neste ano que marca o Bicentenário da Independência do Brasil, em 7 de setembro. “A ESG e o Brasil consideram de fundamental importância essa conferência, que além de configurar um fórum de alto nível para estudos relacionados à paz, à defesa e à segurança internacional, atua no campo afetivo, fortalecendo laços de amizade, cooperação e configurando percepções comuns sobre segurança e defesa no espaço geopolítico ibero-americano”, disse.
Após os discursos de abertura, o estandarte da Associação de Colégios de Defesa Ibero-Americanos, conduzido por um militar trajando uniforme histórico do Batalhão do Imperador, foi transferido entre os anfitriões da conferência, uma vez que nas duas edições anteriores essa transição não foi possível devido à pandemia da COVID 19, tema da conferência em 2022.
A primeira palestra foi do Gen Div Katibe, cujo título foi “O papel das forças armadas em apoio às políticas estatais de saúde na luta contra a pandemia da COVID-19: lições aprendidas”. No decorrer da conferência, outros países também apresentaram suas perspectivas sobre o mesmo tema.
A COVID-19 em discussão
O Coronel Luis Lara Tapia, do Exército do Equador, diretor da Academia de Defesa Militar Conjunta, disse que entre as lições aprendidas por seu país com a pandemia está a manutenção no planejamento militar de um plano de contingência para enfrentar futuras emergências sanitárias. Já os representantes dos Estados Unidos, a professora doutora Mirlis Reyes e o General de Brigada James Taylor, do Exército dos EUA, diretor do Colégio Interamericano de Defesa, fizeram uma apresentação sobre como as forças armadas devem se preparar para os desafios impostos por possíveis futuras pandemias, consideradas uma ameaça assimétrica pela ótica americana.
Os representantes dos 10 países participantes foram convidados a uma visita, no dia 1º de setembro, a Brasília para conhecer a recém-criada Escola Superior de Defesa, cujo comandante, Vice-Almirante Paulo Renato Rohwer Santos, da Marinha do Brasil, também participou da CDCDIA. No encerramento do evento, dia 2 de setembro, foi anunciado que a Guatemala será a sede da Conferência dos Diretores de Colégios de Defesa Ibero-Americanos em 2023.