O “descontentamento da população” na Venezuela incitou 1.739 protestos em outubro de 2019, segundo um estudo do Observatório Venezuelano de Conflito Social (OVCS).
A entidade concluiu que “a demanda por direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais” continua vinculada a demandas trabalhistas, serviços públicos de melhor qualidade, bem como educação, saúde e alimentação.
O OVCS informa em um documento de 14 páginas que essas exigências representam 91 por cento do total de protestos registrados (1.574).
A situação social, econômica e política da Venezuela provocou uma crise humanitária que se concretiza na migração maciça de venezuelanos para vários países da região e do mundo, em busca de melhores condições de vida e de liberdade.
No dia 5 de dezembro, o enviado da ONU para Migrações, Eduardo Stein, disse em uma entrevista à AP que o êxodo de mais de 4,6 milhões de pessoas causou mudanças irreversíveis na América Latina.
Ainda que a situação da crise venezuelana se solucione rapidamente, os migrantes dificilmente poderão regressar, e “a região toda não será mais a mesma”, disse Stein.
“Precisamos ter em mente que essa população não regressará imediatamente, mesmo que seja encontrada uma solução política amanhã mesmo”, acrescentou.
O inevitável aumento da inconformidade
Em comparação ao mesmo período de 2018, os protestos aumentaram 18 por cento.
Gráficos revelados no relatório do OVCS indicam que o restante das manifestações foi “por exigências de direitos civis e políticos, que inclui os grupos oposicionistas e os simpatizantes do regime de [Nicolás] Maduro”.
O observatório elaborou um mapa de localização dos descontentamentos. O estado de Anzoátegui liderou os protestos em outubro, com 148 dos 1.739 registrados em todo o país. Em seguida vêm os estados de Bolívar (130), Mérida (114), Miranda (105) e Trujillo (101), além do Distrito Capital (97).
Entre outras, o estudo apontou mobilizações de trabalhadores do setor público “que exigiam salários dignos e respeito às suas contratações coletivas”.
O OVCS ressaltou que “o setor educacional liderou os protestos”, seguido pelos sindicatos de saúde e indústrias básicas.
O regime de Maduro respondeu com “ameaças, sanções disciplinares, suspensão de salários”, entre outras medidas, garantiu a instituição.
A falta de resposta levou os manifestantes a realizarem novas ações para mostrar suas preocupações e exigências, entre elas: greves, bloqueios de ruas, marchas e concentrações em locais públicos.
Por fim, o observatório exigiu que o regime de Maduro na Venezuela “atenda às demandas da população”, “avance em direção a um processo de transição para recuperar a democracia” e garanta o respeito ao direito do cidadão de realizar protestos públicos.