O Tenente-Brigadeiro-do-Ar Alberto Zanelli, comandante em chefe da Força Aérea Uruguaia (FAU), está convencido de que as estratégias de trabalho conjunto entre as forças aéreas da região ajudam a combater as organizações criminosas transnacionais, especialmente o narcotráfico. Compartilhar conhecimentos, informações e lições aprendidas são táticas necessárias para derrotar o inimigo comum.
Para falar sobre esse tema, o Ten Brig Ar Zanelli falou à Diálogo durante sua participação na LVIII Conferência de Chefes das Forças Aéreas Americanas (CONJEFAMER), realizada na Cidade do Panamá, no Panamá, entre os dias 19 e 21 de junho de 2018. O militar de alta patente também conversou sobre o trabalho interagências e sobre a ajuda humanitária, entre outros assuntos.
Diálogo: Por que a participação da FAU na CONJEFAMER é importante?
Tenente-Brigadeiro-do-Ar Alberto Zanelli, comandante em chefe da Força Aérea Uruguaia: Para a FAU, é importante estar na CONJEFAMER, porque isso nos permite assegurar os laços de integração que mantemos com nossos pares da América Latina e do Caribe. Desde que começamos a ter meios aéreos, manifestamos nosso desejo de participar de diferentes atividades conjuntas com nossos vizinhos, já que sempre tivemos situações similares e inimigos comuns.
Diálogo: Por que é importante que seu país pertença ao Sistema de Cooperação das Forças Aéreas Americanas (SICOFAA)? Quais são os benefícios?
Ten Brig Ar Zanelli: O Uruguai pertence ao SICOFAA desde a sua fundação. Os benefícios do SICOFAA são muitos, mas principalmente acredito que as lições aprendidas são fundamentais para nossas forças aéreas – quando menciono as lições aprendidas, me refiro por exemplo às operações dos sistemas de aeronaves ou de diferentes áreas de responsabilidade. O que não nos acontece, visto que somos uma força relativamente pequena, pode acontecer a alguém na região, inclusive mais longe, e essa lição é muito valiosa e todos nós podemos aprender com ela. Da mesma forma, quando temos um conhecimento e o compartilhamos, enriquecemos todos os integrantes do sistema de cooperação.
Diálogo: Uma de suas metas é a renovação da frota aérea da FAU. Há algum avanço nesse sentido?
Ten Brig Ar Zanelli: Do ponto de vista positivo, fornecemos aos tomadores de decisões [o governo] todas as informações necessárias quanto às necessidades da renovação da frota aérea, exatamente para que eles possam colocar essa prioridade na posição que considerem oportuna.
Diálogo: Que tipo de trabalho interagências a FAU realiza com as forças aéreas do Brasil e da Argentina para o controle dos voos irregulares?
Ten Brig Ar Zanelli: Uma coisa muito interessante é compartilhar informações para que todos nós estejamos integrados e para saber quem está usando o espaço aéreo. Nós compartilhamos informações entre as forças aéreas, incluindo a transferência de dados dos alvos ou aeronaves que não desejam ser identificados. Esse processo é interessante porque nos permite analisar, por exemplo, como se deve realizar com segurança a transferência de informações entre os centros de controle e onde começam e terminam as ações de cada força aérea.
Diálogo: Qual é a contribuição da FAU para as forças aéreas da região?
Ten Brig Ar Zanelli: Acredito que aportamos às forças aéreas parceiras nossa capacidade de atuar com um orçamento muito baixo, nossa iniciativa e nosso desejo de sobressair além das circunstâncias.
Diálogo: Por que é fundamental que as forças aéreas da região se unam para combater problemas comuns como o narcotráfico?
Ten Brig Ar Zanelli: É importante compartilhar os conhecimentos e as informações, especialmente no combate às organizações criminosas. É impressionante o preço que se paga para aprender, já que o aprendizado tem um custo. Em todas as situações onde o aprendizado é tão caro – como o combate ao flagelo do narcotráfico e do tráfico ilegal em geral – é importante compartilhar as informações para que todos possam se beneficiar.
Diálogo: Qual é a sua mensagem para as forças aéreas da região?
Ten Brig Ar Zanelli: Quando conseguimos colocar uma aeronave com as cores de nossos respectivos países nessas situações que estão se tornando tão frequentes como os terremotos e furacões, o efeito sobre o moral das pessoas que recebem essa ajuda é imensurável. Elas [as pessoas atingidas] sentem a chegada do irmão latino-americano que estende sua mão amiga, com ajuda, com uma tripulação e uma aeronave que lhes diz que estamos presentes e que elas não estão sozinhas. A FAU realiza missões que vão muito além do alcance que nossas aeronaves nos permitem, já que as asas uruguaias sempre souberam estar presentes e aprender com tudo isso.