Uma investigação comandada pela Direção Geral de Repressão ao Tráfico Ilícito de Drogas da Polícia Nacional do Uruguai resultou, no início de julho de 2021, na captura de três pessoas supostamente vinculadas à apreensão de 1 tonelada de cocaína em um contêiner no Porto de Barcelona, Espanha, no dia 17 de junho, informou o Ministério do Interior do Uruguai em um comunicado. A droga, um dos mais volumosos confiscos efetuados em Barcelona, segundo a rede de televisão Euronews, estava escondida em duas caldeiras a vapor que partiram do Porto de Montevidéu.
Várias incursões realizadas em Montevidéu no âmbito da investigação permitiram a detenção dos suspeitos e a apreensão de quase 103 quilos adicionais de cocaína em um depósito onde estavam colocadas as caldeiras que transportavam a droga encontrada em Barcelona, afirmou o comunicado do Ministério do Interior.
Segundo a organização internacional InSight Crime, que se dedica a investigar o crime organizado na América Latina, o Uruguai é cada vez mais utilizado como ponto de trânsito da cocaína que sai da América Latina para a Europa e a África.
As autoridades uruguaias desferiram um duro golpe contra o narcotráfico, realizando um confisco recorde no final de dezembro de 2019, com a apreensão de 6 toneladas de cocaína, 4 delas em contêineres de farinha de soja destinados a Togo, África, e o restante na fazenda onde os contêineres foram carregados, informou El País.
No entanto, os criminosos continuam buscando novos métodos para enganar as forças de segurança. Em agosto de 2019, as autoridades alemãs encontraram no Porto de Hamburgo 4,5 toneladas de cocaína procedentes do Uruguai, escondidas em bolsas esportivas em uma embarcação cargueira destinada à Antuérpia, Bélgica, que foi considerada pela alfândega de Hamburgo como a apreensão mais importante da Alemanha, publicou o site de notícias alemão DW.
O Projeto de Informação sobre a Criminalidade Organizada e a Corrupção (OCCRP, em inglês), uma organização internacional de investigação jornalística especializada no crime organizado, apontou a organização criminosa italiana ‘Ndrangheta como uma das mais poderosas redes criminosas da Europa, dedicada à compra de cocaína na América Latina, para depois transportar e vender na Europa.
“O alcance da ‘Ndrangheta vai muito além da Europa, até os cartéis colombianos e mexicanos. Através de intermediários no Paraguai e no Uruguai – com a logística proporcionada por uma temida quadrilha de prisioneiros no Brasil –, eles enviam a droga aos portos de Antuérpia, na Bélgica, Roterdã, nos Países Baixos, e Hamburgo, na Alemanha, frequentemente através da África Ocidental”, informou o OCCRP. “Uma vez que a cocaína chega ao noroeste da Europa, os italianos assumem o controle.”
No final de junho, o Gabinete das Nações Unidas para Drogas e Crimes (UNODC, em inglês) advertiu que havia um problema crescente de cocaína na Europa. “Vemos que a cocaína está cada vez mais barata e mais pura na Europa e há maiores quantidades, o que é muito preocupante; por isso, devemos aumentar a cooperação, a colaboração internacional e o intercâmbio de informação entre os países de origem e os portos receptores”, disse Ghada Waly, diretora executiva do UNODC, informou a Euronews.
Por sua vez, o Uruguai continua lutando para impedir a saída de drogas para o exterior. Apenas duas semanas após a apreensão na Espanha, as forças policiais uruguaias apreenderam 400 kg de pasta base de cocaína em uma camionete que continha a droga, no estado de Rio Negro. Quatro pessoas, membros de uma organização criminosa transnacional, foram detidas durante essa operação, informou El Observador.