O Major Brigadeiro Mark D. Kelly assumiu o comando da 12ª Força Aérea, o Comando de Combate Aéreo e das Forças Armadas do Sul (AFSOUTH, por sua sigla em inglês), do Comando Sul dos EUA, na Base da Força Aérea de Davis-Monthan, em Tucson, Arizona, em outubro de 2016. Assim, o Maj Brig Kelly é responsável por sete esquadrões da ativa e uma unidade de subordinação direta para operações de contingência e 15 unidades de Componente de Reserva Aérea, somando mais de 360 aeronaves e 20.300 aviadores.
Como componente aeroespacial do Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM), as Forças Aéreas do Sul conduzem cooperação de segurança e oferecem recursos aéreos, espaciais e ciberespaciais para 31 nações da América Latina e do Caribe. Depois de quase dois meses na sua nova função, o Maj Brig Kelly conversou com a Diálogo durante a Conferência de Chefes das Forças Aéreas Centro-Americanas 2017, que aconteceu em 12 e 13 de dezembro, sobre a sua nova função e os desafios que enfrenta.
Diálogo: Qual é a importância de receber a Conferência de Chefes das Forças Aéreas Centro-Americanas no quartel general da 12ª Força Aérea? Maj Brig Kelly: Oferecemos aos chefes das forças aéreas um local e um tempo dedicado para que possam se reunir e perceber que enfrentam desafios bastante similares na região e que, algumas vezes, eles têm soluções e ideias comuns que podem compartilhar uns com os outros. Oferecemos a eles um local onde podem se sentir livres para discutir entre si, com a equipe do AFSOUTH, comigo e com os seus parceiros de Estado da Guarda Nacional. Na realidade, a melhor parte de recebê-los aqui para a conferência é que é possível oferecer um fórum afastado das suas nações de origem, onde todos estão no mesmo nível, desfrutando da mesma posição. Não importa que o chefe da força aérea seja um general de quatro estrelas ou um capitão: todos enfrentam os mesmos desafios.
Diálogo: Que mensagem o senhor gostaria de enviar para cada um dos países dos chefes das forças aéreas visitantes, durante o evento deste ano? Maj Brig Kelly: Provavelmente, a mensagem mais importante que queremos transmitir a eles é precisamente a de que gostaríamos de ser parceiros em condições de igualdade e estar onde eles querem que estejamos, pois não queremos estar ali se não for para sermos úteis. Também gostaria de dizer-lhes que, embora algumas vezes a percepção seja a de que forças aéreas menores, nações menores, recorrem a forças aéreas e nações de maior porte para aprender, nós também aprendemos com elas. Nós aprendemos com os nossos parceiros tanto quanto eles aprendem conosco.
A Força Aérea dos EUA está ficando menor e estamos aprendendo a trabalhar com os recursos e as pessoas que temos. Temos excelentes aviadores em países parceiros; eles trabalham como forças aéreas menores e grupos menores de aviadores e estão fazendo um trabalho excelente, portanto, temos muito a aprender com eles também. Diálogo: Com apenas alguns meses na função, qual é o foco dos seus esforços militares como comandante da 12ª Força Aérea? Maj Brig Kelly: Meu foco é bastante similar ao do comandante do SOUTHCOM, Almirante de Esquadra Kurt Tidd, da Marinha dos EUA.
Ele articula uma estratégia para a região que nos ajuda e ajuda os nossos parceiros. Como ele disse nas suas reuniões, gostaríamos de trabalhar coletivamente quanto aos desafios de segurança que são comuns a todos. Quer seja um terremoto ou um furacão, temos que responder rapidamente e chegar ao local imediatamente. Como afirmaram os chefes das forças aéreas na conferência, as redes de ameaças transregionais e transnacionais não se importam com fronteiras políticas, então, todos os chefes das forças aéreas das nações parceiras enfrentam os mesmos desafios. Queremos ser o parceiro da sua preferência, mas isso não significa que vamos nos importar com o fato de que trabalhem com outras pessoas; no entanto, além de ser o parceiro da sua preferência é importante também ser o parceiro de conveniência, porque temos os mesmos problemas e podemos compartilhar soluções para estes desafios.
Diálogo: Que tipos de resultados o senhor espera obter e quais resultados o senhor observou até agora, trabalhando nessa área? Isso mudou a sua visão original daquilo que esperava atingir e alcançar no futuro? Maj Brig Kelly: Esta área é ampla e eu tive a oportunidade de visitar apenas dois dos nossos parceiros, Colômbia e Chile. Portanto, a oportunidade de trazê-los todos aqui me permite cooperar com todos os nossos grandes parceiros. Não só tenho a oportunidade de falar com todos eles, frente a frente, como também eles têm a oportunidade de falar uns com os outros e com seus parceiros de estado da Guarda Aérea Nacional, o que traz, com frequência, muitos aviadores, recursos e aeronaves para os exercícios conjuntos e exibições aéreas.
Eles respondem rapidamente às necessidades e fortalecem os relacionamentos estabelecidos, ou seja que o evento fornece um local para trabalhar com todos eles. Também há uma entidade que foi representada aqui por um único oficial, o secretário da Força Aérea para Assuntos Internacionais; então o fato de ter todos esses participantes aqui unidos ajuda a colocar em prática qualquer interação futura, simplesmente por facilitar o diálogo. Não queremos que a primeira vez que um chefe de uma força aérea ligar para mim seja porque está tendo uma emergência e usando o Sistema de Cooperação das Forças Aéreas Americanas (SICOFAA) para obter ajuda. Queremos que seja um relacionamento no qual ele ligue para mim depois de eu já ter visitado o seu país e ele visitado o meu, assim já nos conhecemos quando chegar o momento necessário. As expectativas não mudaram muito desde o início. Estamos ansiosos simplesmente para ver os países trabalhando em conjunto.
Todos temos diferenças; em cada parceria – sem importar quem esteja envolvido – haverá pontos de convergência, divergência e atrito. Queremos trabalhar sobre os pontos de convergência. Por exemplo, o nosso parceiro da Nicarágua está nos visitando para a Conferência de Chefes das Forças Aéreas Centro-Americanos e estamos muito satisfeitos com a sua visita. Não trabalhamos muito com a Nicarágua, então estamos ansiosos por cooperar com eles em aspectos que lhes tragam benefícios. Portanto, essa é uma das mensagens principais que tenho para os nossos amigos da Nicarágua, hoje. Queremos fazer coisas que beneficiem a sua Força Aérea. Nós estaremos lá para apoiá-los quantas vezes eles queiram que o façamos.
Diálogo: Como a sua experiência anterior preparou o senhor para esta função? Que lições aprendidas o senhor traz consigo para esse cargo? Maj Brig Kelly: Tenho muita experiência com assistência humanitária e atendimento a desastres, formação de parcerias em muitas áreas do mundo, principalmente no Pacífico e Oriente Médio, assim como em países ao longo da área de responsabilidade (AOR, por sua sigla em inglês) do Comando do Pacífico dos EUA no Afeganistão e Iraque.
Até recentemente não tinha viajado muito na área de cooperação do SOUTHCOM, mas não importa em que parte do mundo você esteja, se você tratar as pessoas com dignidade e respeito, e se você as tratar como iguais, você pode resolver praticamente qualquer coisa. Então, não faz diferença se estou falando com um habitante de uma vila ou o ancião de uma tribo no Afeganistão, ou ainda, conversando com um chefe de uma força aérea bem estabelecido. A primeira etapa é conhecer a pessoa e respeitar o que ela fez em sua carreira para servir a sua própria nação e eles desejam a mesma coisa.
Novamente, quer você fale com um chefe tribal no Afeganistão ou com alguém no Pacífico, ou com um desses grandes aviadores, todos querem uma vida melhor para as suas famílias; querem representar bem a sua força área; querem representar bem a sua nação e buscam paz e estabilidade para o local onde vivem. A melhor parte sobre essa visita de chefes das forças aéreas é que não importa a sua patente. Não importa que o tamanho da sua força aérea seja de 1.400, 14.000 ou 140.000 membros. O que importa são os desafios que cada chefe de força aérea têm, pois são todos iguais, incluindo a Força Aérea dos EUA. Estamos todos trabalhando longas horas e muitos dias.
Assim como nós, os nossos parceiros, não têm pessoal, recursos ou aeronaves suficientes para fazer o que precisam fazer. Queremos garantir que vamos tratar o indivíduo com dignidade e respeito por sua posição, pois eles estão trabalhando com mesmos desafios que nós. Diálogo: Qual é a sua maior preocupação em termos de segurança regional na América Central, América do Sul e no Caribe? Maj Brig Kelly: Acredito que estamos nos saindo muito bem no esforço de construção da capacidade de parceria.
Acredito que estamos nos saindo muito bem como o parceiro da sua preferência. Acredito que não há limite no que possamos fazer na rede de ameaças transregionais e transnacionais. Esse é um tema que preocupa cada um dos chefes das forças aéreas, quer se trate de uma gangue ou de um cartel. Estão todos interconectados, então minha maior preocupação é a de que os desafios da economia global, mudança climática e competição pelos recursos, tudo isso alimenta essas redes. Está cada vez mais difícil reverter a situação.
Diálogo: Que diferença existe entre as preocupações de segurança da área de cooperação do SOUTHCOM e, especialmente para esta conferência, na América Central e Caribe, em relação àquelas das Forças Aéreas do Pacífico e da área de cooperação do Comando do Pacífico dos EUA (USPACOM, por sua sigla em inglês), as quais o senhor já apoiou? Maj Brig Kelly: Elas não são tão diferentes daquelas da área de cooperação do USPACOM; são bastante similares.
Por exemplo, se estou trabalhando com Bangladesh, ou com a Tailândia, ou com qualquer um desses países, queremos ser parceiros da preferência lá. Queremos ser capazes de responder rapidamente quando um tsunami atingir o Japão ou a Tailândia, mas estamos mais preocupados com as redes de ameaças transregionais e transnacionais. Na realidade, é a mesma coisa. Diria que minha experiência no Iraque ou no Afeganistão é diferente, porque é extremamente cinética no sentido em que a presença de terroristas no Afeganistão ou Iraque é, obviamente, uma ameaça incrível para a existência dos governos que os recebem.
Diálogo: Qual é a importância do Sistema de Cooperação das Forças Aéreas Americanas —SICOFAA? Maj Brig Kelly: Sou um grande fã do SICOFAA. Usando um exemplo de esforço de assistência humanitária/atendimento a desastre durante um evento como um terremoto ou tsunami que acontece em qualquer lugar do globo, normalmente isso tem que vir como um pedido da nação anfitriã, antes que possamos planejar, discutir qualquer ponto, ou oferecer qualquer atendimento.
O SICOFAA é único no sentido de que não é um órgão político. Eles construíram uma estrutura e um formato – que é a chave – para iniciar a coordenação simultaneamente à ativação dos canais diplomáticos, de forma a oferecer às forças aéreas membros uma estrutura legal para começar o planejamento e dar início às preparações para fornecer esforços de atendimento, enquanto os esforços diplomáticos avançam. Ele acelera o esforço de atendimento. Entendemos que as forças aéreas do SICOFAA compartilham desafios, portanto, trabalhamos para o compartilhamento de soluções e entendimento de como chegaremos lá sob a estrutura do SICOFAA. Diálogo: Qual é o seu objetivo principal como comandante? Maj Brig Kelly: Meu principal objetivo, quer seja com meus aviadores da Força Aérea dos EUA nas bases de Idaho, aqui no Arizona, ou no Novo México, ou com aqueles enviados para o Oriente Médio ou com meus grandes parceiros no SOUTHCOM, é se podemos encerrar o dia, a semana, o mês ou o ano com o mesmo número de aviadores, famílias, dignidades e carreiras intactas. Se isso acontecer, então é um bom dia, uma boa semana, um bom mês, um bom ano.
Minha responsabilidade quanto aos meus aviadores no norte e meus amigos aviadores no sul é a de ajudá-los nesse processo. Quer eu faça isso visitando-os, enviando especialistas para ajudá-los com logísticas, manutenção e outros esforços, ou oferecendo conferências como esta, se pudermos ajudar os chefes das forças aéreas das nações parceiras a obter uma vida melhor, uma força aérea melhor e uma posição melhor para a sua nação, isso será um sucesso para nós, aqui.