A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, adverte que as medidas repressivas crescentes do governo nicaraguense contra seus opositores políticos estão enfraquecendo as perspectivas de eleições presidenciais e parlamentares livres e justas em novembro de 2021. Bachelet fez a advertência ao entregar seu relatório ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, no dia 22 de junho.
A Nicarágua sofre uma crise de direitos humanos há anos. Bachelet diz que a situação está se agravando, tornando pouco provável que os nicaraguenses possam exercer plenamente seus direitos políticos nas eleições.
Bachelet afirma que o governo do presidente Daniel Ortega está usando leis criminais recentemente adotadas para se livrar de seus opositores políticos. Ela lembrou que as forças de segurança prenderam 15 pessoas, em junho, que declararam sua intenção de disputar a presidência em novembro, acusando-as de cometer delitos ambíguos e sem evidências suficientes.
“Há investigações em curso contra os direitos das pessoas e contra a presunção de inocência. Isso impede que as pessoas participem das eleições gerais, além de enfraquecerem os direitos políticos de voto no candidato de sua escolha”, disse ela.
Há investigações em curso contra os direitos das pessoas e contra a presunção de inocência. Isso impede que as pessoas participem das eleições gerais, além de enfraquecerem os direitos políticos de voto no candidato de sua escolha”, Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet.
O relatório da alta comissária documenta casos de detenções arbitrárias, ataques e assédio da Polícia Nacional contra os defensores dos direitos humanos, jornalistas e opositores declarados do governo de Ortega. Até meados de junho, fontes da sociedade civil informaram que nove mulheres e 115 homens que haviam sido detidos durante as manifestações ainda permaneciam na prisão.
Bachelet diz que as autoridades nicaraguenses estão sufocando os direitos dos cidadãos de liberdade de expressão e reunião, bem como sua participação política.
“As autoridades estão estigmatizando a oposição, ameaçando-a na mídia social… Isso causa um ambiente de medo. Não existe o direito de se gozar a liberdade de reunião. Não há garantia de que haverá um processo eleitoral confiável”, disse ela.
Em resposta, o ministro das Relações Exteriores da Nicarágua, Samuel Santos López, acusou os países norte-americanos e a Europa de tentarem manter seu domínio colonial sobre seu país. Santos López instou o conselho a não ser vítima de sua estratégia de desinformação, classificando-a como uma tentativa imoral de coagir a Nicarágua que deveria ser denunciada.