Não é segredo para ninguém que a República Popular da China faz uso do que há de mais recente em termos de tecnologia para monitorar cidadãos chineses no próprio país e no exterior, e o faz com a intenção expressa de perpetuar o poder do Partido Comunista Chinês, punindo qualquer comportamento considerado subversivo ou perigoso.
Mas, o que aconteceria se outros países comprassem a mesma tecnologia de Pequim pela mesma razão? Isso já está acontecendo. Essa é uma das razões pelas quais os Estados Unidos estão tão preocupados com a rede 5G, o novo sistema sem fio de quinta geração que formará a espinha dorsal de futuras economias e serviços públicos.
A preocupação é que Pequim possa usar a tecnologia 5G para reprimir ainda mais os cidadãos e que outros países também o façam.
Alguns regimes autoritários já reprimem seus cidadãos e a 5G poderia permitir que haja mais violações de direitos humanos.
Venezuela
Nicolás Maduro anunciou em junho de 2019 que a República Popular da China vai ajudar a levar a tecnologia 5G para a Venezuela, o que permitirá que o líder ilegítimo controle a vida dos venezuelanos.
O uso e as atividades dos venezuelanos na internet já são monitorados e censurados pelo governo e as infrações, que são consideradas em violação aos estatutos, são puníveis por lei.
Um dos métodos de vigilância de Maduro é o Cartão da Pátria, que combina o título de eleitor com um sistema de pagamento móvel, desenvolvido por seu regime com a ajuda da ZTE, empresa chinesa de telecomunicações.

O cartão rastreou as pessoas que votaram no Partido Socialista de Maduro e as recompensou com acesso a alimentos e serviços. Aquelas que não votaram em Maduro não conseguiram acessar os programas básicos de assistência social. Esse é um exemplo que ilustra o uso que Maduro faz da tecnologia fornecida pela China e das necessidades básicas como arma contra o povo da Venezuela.
Maduro também indicou que seu regime está adotando medidas para construir e lançar o satélite Guaicaipuro, o terceiro que a Venezuela terá com o apoio da China, informou a Associated Press.
Irã
A empresa chinesa de telecomunicações Huawei tem prestado serviços ao Irã há anos. Se a Huawei começar a implementar sua tecnologia 5G no Irã, o regime iraniano será equipado com a mais nova tecnologia para espionar, rastrear e controlar seu povo.
De acordo com o relatório “Liberdade na Internet: a crise das mídias sociais” de 2019, da Freedom House, o Irã ficou em segundo lugar, atrás apenas da República Popular da China, como o país que mais comete violações de liberdade na internet. O relatório informa que as autoridades iranianas “têm se vangloriado de possuir um exército de 42.000 voluntários que monitoram as conversas on-line” dos cidadãos iranianos.
Em novembro de 2019, o governo iraniano interrompeu a internet por 136 horas, enquanto seus cidadãos protestavam contra o aumento dos preços da gasolina. O regime usou o apagão da internet para ocultar atrocidades, incluindo muitas mortes.
“A Huawei e a ZTE não são confiáveis”, escreveu o procurador-geral dos EUA William P. Barr, em uma carta à Comissão Federal de Comunicações dos EUA, em 13 de novembro. “Neste momento crucial (…) não devemos dizer que a Huawei e a ZTE não são nada mais do que uma ameaça à nossa segurança coletiva.”