Prontidão 24 horas por dia, sete dias na semana, é o que assegura o Coronel Brian T. Hughes, comandante da Força-Tarefa Bravo (JTF-Bravo, por sua sigla em inglês). Eles estão preparados para ser a força de reação rápida e responder a qualquer crise ou contingência. “Uma equipe, uma luta!” é o lema do Cel Hughes para missões designadas a seu pessoal militar.
A JTF-Bravo, localizada na Base Aérea Soto Cano, em Honduras, é uma das forças-tarefas sob a diretriz do Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM, por sua sigla em inglês). Ela atua em um campo aéreo estratégico avançado, para operação dia e noite, sob qualquer clima, e executa ações de resposta rápida, organiza exercícios multilaterais em cooperação com nações parceiras na América Central, dá apoio a operações contra o crime organizado transnacional e contra o narcotráfico e auxilia na capacitação de militares hondurenhos para promover a cooperação e a segurança regionais.
A força-tarefa consiste em um Estado-Maior e cinco comandos de apoio a missões: Batalhão de Aviação 1-228, 612º Esquadrão da Base Aérea, Batalhão de Apoio Conjunto/Forças Armadas, Forças Conjuntas de Segurança e um Elemento Médico.
Durante uma visita a Soto Cano, a Diálogo conversou com o Cel Hughes sobre o seu foco principal, exercícios multilaterais, o apoio às autoridades de Honduras e América Central e as operações conjuntas no combate às redes de crime transregionais e transnacionais e contra o narcotráfico.
Diálogo: Qual é o foco principal da JTF-Bravo em relação à nossa área de atuação (AOR, por sua sigla em inglês)?
Coronel Brian T. Hughes, comandante da Força-Tarefa Conjunta Bravo: Estamos vivendo e operando no meio das zonas ilícitas que vão diretamente da América do Sul para o ponto nevrálgico dos Estados Unidos para narcóticos e outros produtos ilícitos que atravessam a região. Nossas funções e responsabilidades incluem planejar e realizar operações, atividades e ações em apoio às necessidades das equipes das nações parceiras e agências internacionais de aplicação da lei. Somos também responsáveis por uma força de resposta a desastres/assistência humanitária 24 horas por dia. Trabalhamos com, por meio de e entre equipes dos Estados Unidos baseadas nos países específicos para estabelecer segurança em nossa área designada de operações conjuntas. Agora estamos sendo anfitriões e promotores do fórum Comunidade de Interesse (COI, por sua sigla em inglês) da América Central, em nome do comandante do SOUTHCOM.
Diálogo: Qual é o foco dos seus esforços militares como comandante da JTF-Bravo?
Cel Hughes: O foco é combater as redes de ameaça transnacionais e transregionais. Não nos concentramos em mercadorias, drogas, armas ou dinheiro; estamos nos concentrando nas redes, nos nós de facilitação e nas lideranças que controlam toda a movimentação de mercadorias ilícitas na região. Estamos tentando encontrar e mapear as redes e determinar onde podemos obter resultados contra elas. Como diz o meu chefe [Almirante de Esquadra Kurt W. Tidd da Marinha dos EUA, comandante do SOUTHCOM]: em vez de atacar as flechas, queremos atacar o arqueiro.
Diálogo: O que o senhor espera conseguir com cada país na área de ação do SOUTHCOM com o qual se envolver, seja por meio de exercícios, encontros com os principais líderes ou qualquer outra reunião correlata?
Cel Hughes: Certamente esperamos ganhar a confiança dentro dos países. Criamos confiança por meio desses encontros, criamos segurança dentro da região ao treinar e cooperar com as forças de segurança das nações parceiras – sejam forças policiais e/ou militares. Ganhamos confiança por meio da prontidão; prontidão para nós é de especial importância por causa de todos os exercícios e operações que realizamos. Há um elemento de treinamento nisso, então qualquer coisa que fizermos aqui aumenta a prontidão dos nossos soldados, marinheiros, aviadores e fuzileiros navais. Somos fornecedores de prontidão. Por meio da confiança, prontidão e segurança, estamos realmente ganhando relevância em toda a região.
Diálogo: Qual é sua maior preocupação em termos de segurança regional na América Central, América do Sul e no Caribe?
Cel Hughes: As maiores preocupações são as redes de ameaça transregionais e transnacionais. São as redes que operam e facilitam a movimentação de produtos ilícitos e de pessoas através da região. Acho que a principal preocupação é a de que alguém com uma intenção terrorista entre na região, mova-se através das rotas ilícitas estabelecidas e obtenha acesso aos Estados Unidos para causar algum tipo de incidente. As drogas que estão transitando pela região são obviamente um problema importante, mas, novamente, o nosso foco está nas redes que facilitam a movimentação de quaisquer mercadorias ilícitas que estão vindo através da região.
Diálogo: Como comandante da JTF-Bravo há oito meses (desde julho de 2016), como a sua perspectiva desta região mudou desde que assumiu o comando?
Cel Hughes: A perspectiva mudou no sentido de termos evoluído bastante nos últimos seis meses. Nossa facilitação da COI da América Central em nome do Alte Esq Tidd ampliou nossa abertura muito mais do que antes. Estamos compartilhando informações muito mais rapidamente do que no passado. Estamos vendo um compartilhamento significativo de informações e inteligência entre as equipes conjuntas, interagências e entre países. Agora, nossos militares baseados em cada nação parceira não estão focados apenas em seu próprio país, mas também estão preocupados com seus parceiros regionais, porque estão mais conscientes de como as situações ou operações em um país, principalmente ao redor das fronteiras, afetarão seus países. Estamos vendo uma melhoria bastante significativa na cooperação e encontros entre agências, principalmente na América Central. Em última análise, estamos tentando criar confiança entre as agências, porque sem confiança, inteligência e compartilhamento de informações fica muito mais difícil; a confiança é realmente a coisa mais importante que estamos tentando alcançar junto aos nossos parceiros entre agências.
Diálogo: Como os relacionamentos que o senhor ajuda a estabelecer beneficiam a colaboração entre os militares dos EUA e os das nações parceiras regionais?
Cel Hughes: Os relacionamentos que estamos formando se destinam a obter uma compreensão compartilhada da região quanto a onde e como essa área é afetada por atores extrarregionais e como ela é impactada por atores de fora das áreas donde trabalhamos, inclusive outros Comandos de Combate (COCOM, por sua sigla em inglês) geográficos. Referem-se também à maneira pela qual as mercadorias e estrangeiros com interesse especial afluem à região. Acho que enquanto evoluímos a comunidade de interesse, estamos também aperfeiçoando, compartilhando e entendendo, bem como adquirindo maior conscientização da situação das redes que facilitam a movimentação de produtos ilícitos através da região.
Diálogo: Que tipo de resultados são esperados para 2017 e que resultados já apareceram até agora nesse período em que está trabalhando nesta região?
Cel Hughes: Vamos continuar a crescer e aumentar a confiança pela região. Vamos aumentar o tamanho da participação dentro da COI da América Central para tentar atrair mais equipes nacionais sul-americanas para as nossas operações. Hoje já temos o México, que é um componente-chave pois está na nossa região, mas faz parte da AOR do Comando Norte dos EUA. Isso é importante porque precisamos “ver” o que está acontecendo do outro lado da fronteira do COCOM, e eles precisam saber o que está acontecendo do nosso lado.
Estamos evoluindo; não mudamos o motivo pelo qual estamos aqui, mas estamos evoluindo a forma de executar as operações, atividades e ações a fim de obter melhores resultados dentro da região. Queremos poder compartilhar as capacitações singulares que a JTF-Bravo tem a oferecer para obter acesso na região onde antes tínhamos pouco ou nenhum acesso. Como exemplo, tivemos uma missão na Costa Rica no outono que obteve grandes resultados contra uma rede ilícita. Realizamos um exercício de prontidão médica e missões praticamente simultâneas contra o narcotráfico, ao auxiliar a movimentação da força policial da Costa Rica para uma área onde eles puderam cumprir uma missão de erradicação de maconha. Essa foi a primeira vez que a JTF-B pôde entrar na Costa Rica nos últimos seis anos. Outro exemplo da utilização de nossas capacitações singulares para obter acesso é o Exercício de Treinamento de Prontidão Médica (MEDRETE, por sua sigla em inglês) na Nicarágua, de 27 a 31 de março.
Diálogo: Como a sua experiência anterior o preparou para essa função? E que lições aprendidas anteriormente o senhor trouxe consigo para essa função, principalmente após servir como subcomandante do Componente de Aviação das Operações Especiais Conjuntas Combinadas no Afeganistão e como oficial de Operações de Comando de Aviação das Operações Especiais do Exército?
Cel Hughes: Acho que as lições que aprendi no Afeganistão foram que os relacionamentos pessoais significam muito mais do que o relacionamento de comando. Com qualquer força-tarefa conjunta ou qualquer força-tarefa combinada ou de coalizão conjunta, o esquema do relacionamento de comando parece com uma teia de aranha e é muito confuso. No final do dia, as pessoas que estão lá executando as missões são as pessoas com as quais você precisa se conectar. Você obterá resultados muito mais eficazes por meio de conexões pessoais e relacionamentos pessoais do que por meio de relacionamentos de comando.
Minhas experiências anteriores me ajudaram no sentido de que éramos uma organização muito centrada em rede, principalmente no Afeganistão e Iraque, então aproveitei uma grande parte da experiência que eu obtive nas operações especiais de combate às redes criminosas e apliquei o mesmo tipo de esforços aqui.
Diálogo: Quais são as prioridades suas e da JTF-Bravo para 2017?
Cel Hughes: Uma das prioridades é modernizar a força e os equipamentos. Pode haver certo crescimento limitado que seria necessário, mas precisamos aqui dos conjuntos de capacitações corretos. Por exemplo, nosso Elemento Médico realiza muito mais missões de saúde comunitária agora do que antes, então precisam de mais pessoal de medicina preventiva. Estamos aqui há 32 anos e queremos expandir nosso alcance e capacitações ainda mais por toda a nossa área de operações conjuntas.
Também precisamos melhorar os equipamentos. Temos alguns equipamentos antigos (comunicações, veículos e aeronaves) que precisamos melhorar e modernizar, principalmente a frota de helicópteros UH 60. Precisamos evoluir nossa capacidade expedicionária para podermos comunicar e fornecer uma rápida conscientização da situação porque, com frequência, temos forças operando em vários países ao mesmo tempo, durante o mesmo dia ou semana. Precisamos modernizar a infraestrutura e modernizar equipamentos que estão aqui desde 1984.
Diálogo: Gostaria de acrescentar algo para os leitores da Diálogo?
Cel Hughes: A resiliência das pessoas da América Central é incrível. Em um MEDRETE, por exemplo, você não acreditaria ao ver centenas de pessoas pacientemente em fila durante horas para tratamentos médicos; alguns caminharam quase uma semana para chegar lá; eles sabem o nível de cuidados que irão receber de nossos soldados, principalmente do nosso pessoal do Elemento Médico. Em muitos dos outros locais onde estive destacado, você rotineiramente via os homens empurrando mulheres e criancinhas para furar as filas. Aqui na América Central, a paciência e disciplina demonstradas pela população é um exemplo digno de ser imitado pelo mundo inteiro.
Não tivemos nenhum incidente com os militares ou forças policiais de nossas nações parceiras e tudo tem sido muito positivo com a nossa cooperação. Novamente, isso decorre da confiança que foi construída nos 32, quase 33 anos, de estarmos prontos, sermos relevantes e fornecermos os meios corretos quando se necessitam resultados.