Pela primeira vez na história da participação colombiana em missões de paz, uma mulher do Exército foi destacada no norte da África. A 1º Tenente do Exército Nacional da Colômbia Zuly Vannesa Lugo Varón atua desde fevereiro como observadora militar de paz na Missão das Nações Unidas para o Referendo no Saara Ocidental (MINURSO).
A participação da 1º Ten Lugo é um marco para o país latino-americano e reafirma o compromisso das Forças Militares da Colômbia para a integração e a garantia de igualdade de oportunidades das mulheres. Segundo os últimos dados de 2020 do Ministério da Defesa da Colômbia, as mulheres representam 9 por cento do total das Forças Armadas.

“A Colômbia assumiu um compromisso com as questões de equidade”, disse à Diálogo Karen Pineda Mejía, da Direção de Direitos Humanos e Direito Internacional Humanitário do Ministério da Defesa. “Com base na experiência que a tenente poderá adquirir, isso motivará as demais que vierem depois dela a se prepararem para participar de mais missões.”
A 1º Ten Lugo, de 27 anos, que vem de uma família com tradição militar, domina o inglês e foi capacitada em operações de paz no Centro de Treinamento e Capacitação para Operações de Paz (CENCOPAZ) da Marinha Nacional da Colômbia. Além disso, sua trajetória militar inclui cursos avançados de combate, paraquedismo, salto livre e infiltração a grande altura.
Com suas funções de observadora de paz, a oficial contribuirá para uma missão cujo objetivo é pôr fim ao conflito entre Marrocos e o Polisário – o movimento de libertação que representa a população nativa saharaui –, que data da década de 1970. A 1º Ten Lugo realizará seus destacamentos e observações no terreno pelo lado marroquino.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU) de 21 de janeiro de 2020, a MINURSO conta com a presença de 186 militares, dos quais 43 são mulheres. Em sua Estratégia para a Paridade de Gênero de Pessoal Militar, iniciada em 2017, a ONU tem por meta chegar a um total entre 15 e 35 por cento de pessoal feminino em todas as suas missões de paz até 2028.
“As unidades femininas de patrulhamento se comunicam em melhores condições com homens e mulheres nas zonas de operação, têm acesso à inteligência essencial e oferecem uma visão mais holística dos problemas de segurança”, afirmou António Guterres, secretário-geral da ONU, durante uma sessão do Conselho de Segurança, em meados de 2019.
A 1º Ten Lugo desempenhará suas funções no Saara Ocidental até fevereiro de 2021. “Vou com a melhor intenção de elevar o nome da Colômbia, do Exército e o meu próprio sobrenome, porque depende de mim que no próximo ano [2021] continuem enviando mais mulheres” disse a oficial.