Pela primeira vez, a Força Aérea Brasileira (FAB) tem uma mulher no comando de uma unidade operacional. A Major Aviadora Márcia Regina Cardoso assumiu, em 26 de janeiro de 2022, o comando do Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º/1º GCC), sediado na Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro. O pioneirismo também acompanhou a oficial no seu ingresso na FAB, já que a militar se formou na Academia da Força Aérea (AFA) em 2006, na primeira turma de mulheres aviadoras. A Maj Márcia conversou com Diálogo sobre os desafios da nova função.
Diálogo: O que representa para a senhora ser a primeira mulher da FAB a assumir uma unidade operacional?
Major Aviadora Márcia Regina Cardoso, comandante de esquadrão da Força Aérea Brasileira: Representa uma grande responsabilidade, que espero poder corresponder da melhor forma possível, atendendo à missão do 1º/1º GCC e da Força Aérea Brasileira. O maior desafio acredito ser a gestão de pessoas, principalmente por se tratar de um esquadrão com muito envolvimento fora da sede.

Diálogo: Qual é a principal missão do 1º/1º GCC?
Maj Márcia: O 1°/1° GCC tem a finalidade de instalar, operar e manter um escalão avançado de operações aerotáticas em áreas onde a cobertura radar não seja suficiente. Também tem a função de ligar áreas remotas com os usuários dos centros de controle e operações em apoio aos exercícios e operações da Força Aérea Brasileira. Recentemente, o esquadrão prestou apoio a diversas operações, por ocasião das enchentes em Petrópolis, em fevereiro [de 2022], no Rio de Janeiro, quando realizou a montagem do Serviço de Informação de Voo de Aeródromo (AFIS – Aerodrome Flight Information Service), de maneira a dar suporte às aeronaves que atuaram diretamente no socorro e apoio às vítimas.
Diálogo: Como foi a trajetória profissional da senhora na FAB até chegar ao posto de comandante de esquadrão?
Maj Márcia: Após formação da AFA, fiz especialização em Asas Rotativas, pilotando a aeronave H-50 Esquilo. Em 2008, fui designada para servir no 2°/10° GAV [Segundo Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação], Esquadrão Pelicano, onde tive oportunidade de pilotar as aeronaves SC-95 Bandeirante, H-1H Huey e SC-105 Amazonas, participando de diversas missões, como de busca e resgate, humanitária (por exemplo: no apoio às enchentes na cidade de Petrópolis, em 2011) e exercícios operacionais. Em 2013, fui transferida para o 3°/8° GAV [Terceiro Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação], Esquadrão Puma, onde tive a oportunidade de pilotar o H-34 Super Puma e o H-36 Caracal, participando também de diversas missões, como de transporte de autoridades, humanitária (por exemplo: no apoio às enchentes no Estado do Espírito Santo, em 2013) e exercícios operacionais. Servi, ainda, na Base Aérea de Santa Cruz e no 1° GCC, com funções administrativas que contribuíram para meu desenvolvimento profissional. Com o apoio dos meus pares e superiores hierárquicos, ao longo da minha carreira pude adquirir experiência e vivência para minha atual fase profissional.
Diálogo: Como surgiu a vontade de ser piloto da FAB?
Maj Márcia: Eu já me interessava pela aviação e, com o concurso para mulheres aviadoras na AFA, surgiu uma oportunidade de poder servir como piloto militar. Dessa forma, tive a felicidade de ingressar na Força Aérea e poder servir ao Brasil.
Diálogo: O que a senhora poderia dizer para outras mulheres que sonham em ser piloto da FAB?
Maj Márcia: Para se atingir um objetivo, por maior que seja o desejo, começar com passos curtos pode ser uma boa estratégia. Acredito que os sonhos podem ser alcançados, com bastante estudo, esforço e concentração.