Defender o meio ambiente e preservar os recursos naturais é a principal função da Brigada contra a Exploração Ilegal de Depósitos Minerais. Seu foco é a repressão às organizações criminosas responsáveis pela destruição ambiental, causada pela exploração ilegal de depósitos minerais, para financiar suas atividades ilícitas.
Seu comandante, o Coronel William Virgüez, do Exército da Colômbia, conversou com Diálogo sobre as operações que realizam.
Diálogo: Qual é a missão da Brigada?
Coronel William Alirio Virgüez, do Exército da Colômbia, comandante da Brigada contra a Exploração Ilegal de Depósitos Minerais: Fazemos parte da Divisão de Aviação de Ataque Aéreo do Exército Nacional e pertencemos ao componente terrestre, que no nosso caso é o Comando contra o Narcotráfico e as Ameaças Transnacionais. A Brigada foi criada há aproximadamente seis anos e realiza atividades de articulação, coordenação e cooperação interagências, para combater a extração ilegal de depósitos minerais e mitigar os danos ambientais em nosso país.
Diálogo: Que ações realizam as organizações criminosas em detrimento do meio ambiente?
Cel Virgüez: Diferentes grupos armados organizados e grupos criminosos financiam e promovem a extração ilegal de depósitos minerais em todo o território nacional, o que causa danos ambientais irreparáveis aos ecossistemas, devido ao desmatamento, ao deslocamento da fauna e à contaminação dos afluentes hídricos.
Diálogo: Quais são os minerais que mais atraem as organizações criminosas para seus negócios ilícitos?
Cel Virgüez: O ouro, porque é lá que eles utilizam o mercúrio, que causa danos ambientais em nossos riachos, rios e na Amazônia colombiana, bem como em todas as montanhas, por causa do uso desta substância. Há também o carvão vegetal, a extração de materiais que chamamos de material de arrasto, que são os cascalhos, as pedras nos rios e as pedras preciosas.
Diálogo: Que lucros as organizações criminosas obtêm com a exploração ilegal de depósitos minerais?
Cel Virgüez: Sempre comparei os lucros do narcotráfico com os da exploração ilegal de depósitos minerais, e eles estão no mesmo nível. Estes lucros estão fazendo a diferença do narcotráfico, que começa como uma atividade ilegal e termina como ilegal; com a exploração ilegal de depósitos minerais, ela pode começar como uma atividade ilegal e terminar como legal, razão pela qual os grupos armados estão gerando muitos recursos com essas economias ilícitas.
Diálogo: Que tipo de operações coordenadas, conjuntas e interinstitucionais a Brigada realiza em defesa do meio ambiente e da preservação dos recursos naturais?
Cel Virgüez: Fazemos parte do plano de campanha Heróis do Bicentenário da Liberdade. Nosso Exército tem nove operações principais, das quais apoiamos duas. Uma das operações é a Pedro Pascasio Martínez, uma operação que ataca as economias ilícitas, que é a exploração ilegal de depósitos minerais. E a outra operação é a Operação Artemisa, que tem como objetivo prevenir e proteger o meio ambiente.
Diálogo: Que resultados vocês já obtiveram?
Cel Virgüez: Os resultados evoluíram, especialmente com o forte trabalho das duas grandes operações como a Artemisa e a Pedro Pascasio Martínez, as quais afetaram as economias dos grupos ilegais, porque deixaram de receber lucros. Em 2021, com a ajuda de nossas Forças Militares, da Polícia e de outras instituições, conseguimos realizar 315 operações em relação a 2020, que efetuou apenas 76 operações, o que significou um aumento considerável. Entre janeiro, fevereiro e março de 2022, realizamos 74 operações, e o objetivo é superar o ano passado.
Diálogo: Que estratégias utiliza a Brigada contra organizações criminosas que afetam o meio ambiente?
Cel Virgüez: Uma das principais estratégias é a integração da inteligência militar com outras agências e instituições do Estado, para trabalhar em conjunto, porque o problema é realmente de todos. Contamos com o apoio da Procuradoria Geral e de outras entidades para realizar todas essas operações, porque estamos combatendo a exploração dessas economias ilícitas e, ao mesmo tempo, ajudando a evitar mais destruição ambiental, pois os hectares destruídos para extrair um quilo de ouro podem levar três, quatro ou cinco décadas para que se recuperem, dependendo do maquinário utilizado, assim como o subsolo que é afetado. Em 2021, aproximadamente 1.721 hectares foram destruídos pela extração ilegal de depósitos minerais. Em 2022, temos intervenções em quase 379 hectares de terras. Em 2021, as organizações ilícitas deixaram de receber mais de US$ 63 milhões. E este ano, com as operações que realizamos, eles deixaram de receber aproximadamente mais de US$ 6 a 7 milhões.