No início de janeiro de 2022, membros da Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) do Paraguai desarticularam uma organização narcotraficante internacional no âmbito da Operação Navis. Os agentes realizaram seis incursões em diversas cidades do país. Pelo menos quatro pessoas foram detidas, entre elas o chefe da quadrilha, Fernando Enrique Balbuena Acuña, conhecido como Riki ou Herrero.
“[Balbuena] era responsável pelo armazenamento e envio de grandes quantidades de cocaína pela hidrovia Paraguai-Paraná e em seguida para a Europa, através do Atlântico”, informou a SENAD em sua página no Facebook. O traficante estava em uma propriedade do distrito de Eusebio Ayala, no estado de Cordillera, onde os militares também encontraram 947 quilos de cocaína.
“O suposto líder narcotraficante comandava e coordenava vários operadores que se encarregavam de adquirir quantidades de cocaína e armazená-las no estado de Cordillera”, informou a SENAD em um comunicado.
Posteriormente, as cargas eram transportadas através da hidrovia até os principais portos europeus, informou o jornal La Nación do Paraguai. As drogas vinham do Peru, Bolívia e Colômbia, informou o site paraguaio 1000 Notícias.

Mulas
A captura de Riki e a desarticulação de seu esquema foram o resultado de uma investigação de quase oito meses realizada pela Direção Geral de Inteligência da SENAD.
“Foi uma satisfação ter encerrado esse caso, porque pudemos conhecer esses tipos de estruturas que se dedicam especificamente a contaminar contêineres e que prejudicam nosso comércio exterior”, disse a ministra da SENAD, Zully Rolón, em uma entrevista ao canal Unicanal do Paraguai.
Durante as incursões nas localidades de Luque e San Lorenzo, os militares encontraram malas e bolsas com restos de cocaína. “Isso leva a supor que a organização também se dedicava ao recrutamento de ‘mulas’ para o transporte de pacotes de cocaína para a Europa dentro de fundos duplos nas malas”, informou o jornal paraguaio ABC.
As autoridades paraguaias não descartam que essa organização tenha realizado um dos maiores contrabandos de cocaína da história do país: dois carregamentos com 23 toneladas que foram traficadas pela hidrovia e apreendidas em fevereiro de 2021 nos portos de Antuérpia, Bélgica, e Hamburgo, Alemanha.
Peça vital dentro da organização
Durante a incursão realizada na localidade de Fernando de la Mora, foi detido um cidadão ucraniano, Victor Melnyk, acusado de fazer parte da quadrilha. Segundo o jornal argentino La Nación, Melnyk é um ex-soldado de um corpo de elite ucraniano, que foi detido em setembro de 2020 dentro do porta-malas de um carro, na fronteira entre as províncias argentinas de Corrientes e Entre Rios.
“Esse ex-soldado ucraniano é uma peça vital da engrenagem da organização porque, segundo os trabalhos de inteligência criminal, ele é quem atuaria como um elo com os compradores da droga na Europa”, afirmaram fontes da investigação no Paraguai ao jornal La Nación, da Argentina.