No dia 24 de agosto, os governos do Paraguai e dos EUA realizaram uma ação coordenada contra a rede de lavagem de dinheiro de Kassem Mohamad Hijazi, um cidadão brasileiro de origem libanesa envolvido no financiamento do terrorismo do Hezbollah.
Em resposta a um pedido de extradição dos EUA, as equipes da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (SENAD) capturaram Hijazi e fizeram uma incursão em seus escritórios na Cidade do Leste, Paraguai, localizada na Tríplice Fronteira com a Argentina e o Brasil. Poucas horas após sua detenção, o Departamento do Tesouro dos EUA impôs sanções anticorrupção contra Hijazi, seu primo irmão Khalil Ahmad Hijazi e uma de suas parceiras, a empresária paraguaia Liz Paola Doldán González, informou um comunicado do Departamento do Tesouro dos EUA. O Tesouro também denunciou cinco entidades “relacionadas com seus esquemas de corrupção”.
Segundo o Tesouro, a rede de lavagem de dinheiro de Hijazi opera em escala mundial desde 2017, “com a capacidade de lavar centenas de milhões de dólares”.
O centro de investigações baseado em Washington D.C. Foundation for Defense of Democracies (Fundação para a Defesa das Democracias) disse que um cabo diplomático dos EUA de 2005 indicou Hijazi como “o principal arrecadador de fundos e ativista do Hezbollah, que apoia atividades relacionadas ao terrorismo do Hezbollah”.
Em um comunicado, a SENAD informou que a organização de Hijazi estava na lista das mais importantes organizações internacionais do narcotráfico e lavagem de dinheiro da Administração para o Controle de Drogas (DEA, em inglês) dos EUA. “Kassem Mohamad Hijazi estaria permeando habilmente as vulnerabilidades do sistema financeiro nacional e internacional para colocar e estratificar fundos procedentes de atividades ilícitas, entre elas o narcotráfico, gerando transações comerciais fraudulentas”, acrescentou a SENAD.
De acordo com o Tesouro, Hijazi utilizava empresas de importação e exportação, como a España Informatica S.A. – da qual Khalil Ahmad Hijazi era presidente –, para importar mercadorias dos EUA através de portos de entrada no Paraguai e vendê-las no país. Os lucros eram transferidos em seguida através de casas de câmbio e bancos da Cidade do Leste para os Estados Unidos, China e Hong Kong, entre outros lugares. A rede de empresas de fachada e as relações comerciais de Hijazi lhe permitiam movimentar seus rendimentos ilícito por todo o mundo e sua rede se estenderia aos Estados Unidos, América do Sul, Europa, Oriente Médio e China. Segundo o jornal paraguaio El Independiente, ele operaria com mais de 110 empresas.
Fontes antidrogas informaram que Hijazi supostamente não opera para uma organização exclusiva ou para grupos de um único tipo de crimes, mas que gerencia a lavagem de dinheiro de qualquer pessoa que solicite seus recursos, e que inclusive a inteligência dos EUA o vincula ao financiamento do grupo xiita Hezbollah”, publicou El Independiente.
Segundo a SENAD, em 2004 Hijazi e seu irmão Chadi Mohamad Hijazi já tinham sido investigados pela justiça paraguaia por evasão impositiva, lavagem de dinheiro e remessa ilegal de divisas.