No início de setembro, as forças de segurança do Paraguai e do Brasil desarticularam uma das estruturas mais poderosas de narcotráfico e lavagem de dinheiro da região, informou a Secretaria de Prevenção de Lavagem de Dinheiro ou Bens do Paraguai (SEPRELAD) em um comunicado. Trata-se do clã García Morínigo, “um esquema familiar que construiu uma potência econômica colossal em ambos os países a partir do crime”, explicou a instituição.
Em uma entrevista à Rádio Nacional do Paraguai, Arnaldo Giuzzio, ministro da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai classificou o clã García Morínigo como um dos maiores grupos do narcotráfico na região, que controlava grande parte do mercado de cocaína entre o Paraguai e o Brasil.
Segundo Giuzzio, as atividades de lavagem de dinheiro eram feitas através de casas de câmbio e outras empresas, como construtoras, imobiliárias e concessionárias de veículos de luxo. “Eles possuíam imóveis muito valiosos, veículos, estabelecimentos pecuaristas, ou seja, muito coisa”, disse Giuzzio. “O que eles faziam era utilizar a plataforma paraguaia para lavar o dinheiro sujo do narcotráfico.”
No dia 11 de setembro, no âmbito da Operação Status, as autoridades realizaram na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero, na fronteira com o Brasil, 15 incursões simultâneas em propriedades luxuosas pertencentes a esse clã. No Brasil, a Polícia Federal realizou 42 invasões nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, informou a SEPRELAD.
O prejuízo econômico sofrido pelo clã durante as invasões em ambos os países ultrapassa US$ 42 milhões, somente com os imóveis, somando-se a isso a apreensão de uma frota de luxo que incluía 36 veículos e duas embarcações, entre outros bens, declarou a SEPREAD.
Foram detidos em Pedro Juan Caballero os seguintes membros do clã: os brasileiros Emidio Morínigo Ximénez (líder do clã), seus filhos, Jeferson García Morínigo e Kleber García Morínigo (os três foram deportados para o Brasil), e Julio Cesar Duarte, de nacionalidade paraguaia.
De acordo com o jornal paraguaio ABC Color, a Operação Status começou em 2014, quando a Polícia Federal do Brasil confiscou os primeiros carregamentos de cocaína do grupo criminoso e capturou alguns dos traficantes envolvidos com o clã. O trabalho de inteligência das autoridades brasileiras permitiu que fosse feita a conexão com o Paraguai, ao descobrir que os prisioneiros recebiam na prisão um auxílio financeiro procedente de uma casa de câmbio em Pedro Juan Caballero pertencente a Duarte, relatou o jornal.
“No histórico de operações contra o crime organizado, esse trabalho investigativo se destaca como o mais importante em nível internacional entre o Paraguai e o Brasil, não apenas pela envergadura dos resultados, mas também pela participação conjunta da Secretaria Nacional Antidrogas, do Ministério Público e da Polícia Federal do Brasil desde os primeiros passos nas ações de inteligência, no mesmo nível de responsabilidades”, enfatizou a SEPRELAD em seu comunicado.