No dia 31 de agosto de 2020, cerca de 1.100 agentes da Polícia Federal (PF) do Brasil deflagraram a segunda fase da Operação Caixa Forte, a maior ação contra organizações criminosas já posta em prática no país. Acionada em 72 cidades, a operação cumpriu 422 mandados de prisão preventiva e mais 201 mandados de busca e apreensão em 19 estados e no Distrito Federal.
A organização criminosa em foco foi o Primeiro Comando da Capital, conhecido pela sigla PCC, principal facção do narcotráfico no Brasil. O objetivo da operação foi atacar a sua base financeira. “Não estamos mais no viés de realizar operações prendendo membros do baixo escalão ou simplesmente apreendendo drogas. O objetivo é enfraquecer essas organizações criminosas”, afirmou o delegado Elvis Secco, coordenador geral de repressão a drogas e facções criminosas da PF.
Somente em um dos endereços onde se cumpriram mandados de busca e apreensão, os agentes policiais encontraram aproximadamente US$ 1,1 milhão em espécie, além de quatro armas de fogo. O montante estava em uma casa em Santos, cidade do litoral de São Paulo, que abriga o maior porto da América do Sul. Santos é uma das principais bases de atuação do PCC, por onde a facção faz a droga vendida chegar aos destinos internacionais.
Lavagem de dinheiro
O juiz que ordenou os mandados cumpridos no dia 31 de agosto também realizou o bloqueio de cerca de US$ 50 milhões em contas bancárias ligadas ao PCC. As investigações que levaram à Operação Caixa Forte tiveram início em 2018 e revelaram uma estrutura dentro da facção responsável não só por gerenciar o tráfico de drogas, mas também por lavar o dinheiro proveniente do crime.
Com isso, contas bancárias de pessoas que pareciam não ter ligação com a facção eram usadas para movimentar grandes valores, depositados de forma fracionada, para não chamar a atenção dos órgãos de fiscalização financeira.
Foi descoberto também que entre essas contas havia aquelas que eram usadas para depositar valores para membros do PCC que se encontram presos. O dinheiro servia para compensá-los pelo crime cometido, como uma forma de reconhecimento por parte da própria facção. A investigação policial identificou 210 integrantes do alto escalão do PCC, recolhidos em presídios, que recebiam valores mensais em razão dos feitos que haviam cumprido para a organização criminosa.
Os investigados que foram presos durante a segunda fase da Operação Caixa Forte vão responder pelos crimes de participação em organização criminosa, associação para o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. As penas combinadas podem levar a até 28 anos de prisão.