Em meados de fevereiro, a Marinha Nacional da Colômbia e o Serviço Nacional Aeronaval do Panamá (SENAN) realizaram uma operação combinada que resultou na captura de um semissubmersível e de seus quatro tripulantes colombianos. A embarcação, que navegava no Mar do Caribe, na altura da província panamenha de Bocas del Toro, transportava 5 toneladas de cocaína.
A Marinha da Colômbia estimou que a droga apreendida teria um valor superior a US$ 168 milhões no mercado internacional. A droga, acrescentou a instituição, pertenceria a estruturas ligadas ao grupo armado organizado colombiano Clã do Golfo.

“Foi uma surpresa para nós, porque há aproximadamente 10 anos não se via ou não se detectava a presença de um semissubmersível no Caribe”, disse à Diálogo o Vice-Almirante da Marinha Nacional da Colômbia Andrés Vásquez Villegas, comandante da Força Naval do Caribe, que acrescentou que a construção da embarcação pode ter custado até US$ 2 milhões.
A operação foi o resultado de meses de monitoramento, durante o qual a Marinha da Colômbia determinou que uma quantidade considerável de cocaína estava sendo preparada para ser enviada ao litoral panamenho. Quatro unidades da Marinha da Colômbia, 17 unidades do SENAN e uma aeronave da Força-Tarefa Conjunta Interagencial Sul dos EUA participaram da operação.
A Colômbia e o Panamá vêm fortalecendo as operações combinadas para interromper as atividades dos grupos criminosos transnacionais. Segundo o Relatório da Estratégia Internacional de Controle de Narcóticos 2020 do Departamento de Estado dos EUA, o Panamá, devido à sua localização e geografia, é uma das rotas principais de trânsito marítimo para o narcotráfico.
As organizações narcotraficantes utilizam as águas panamenhas e o Canal do Panamá para transportar as drogas da América do Sul até os Estados Unidos e a Europa, continua o relatório.
Em 2019, as forças de segurança do Panamá conseguiram apreender cerca de 80 toneladas de drogas, das quais 86 por cento eram cocaína, indica o relatório. De acordo com Juan Manuel Pino Forero, ministro da Segurança Pública do Panamá, 33 toneladas desse total foram confiscadas durante operações combinadas entre a Colômbia e o Panamá.
“Nos últimos anos, a Marinha Nacional da Colômbia e o Serviço Nacional Aeronaval do Panamá foram capazes de estreitar muitíssimo os seus laços de confiança”, disse o V Alte Vásquez. “Hoje em dia, temos uma conectividade em tempo real com as autoridades panamenhas, o que nos possibilitou realizar uma série de operações com os EUA com impacto transnacional, afetando diretamente as finanças dessas organizações de narcotraficantes.”
As conquistas, explicou Pino à Diálogo, são parte da estratégia trinacional entre a Colômbia, a Costa Rica e o Panamá, conhecida como Triângulo Sul, que nasceu em 2017. Os três países compartilham iniciativas de segurança em suas fronteiras e enfrentam a ameaça do narcotráfico com o apoio dos Estados Unidos.
“A confiança que existe entre os países vizinhos permitiu a nossa cooperação no intercâmbio de informação constante e útil, o que nos ajuda a combater as redes narcotraficantes”, concluiu o Major Jhonathan Indomar Ali, chefe da Direção Nacional de Inteligência do SENAN.