O Tenente-Coronel de Engenharia Cláudio Santos Bispo, do Exército Brasileiro (EB), e o Capitão-Tenente (FN) Gustavo Lopes da Silva Freitas, do Corpo de Fuzileiros Navais do Brasil, estão na Colômbia capacitando militares daquele país para exercerem a função de monitor nacional em desminagem humanitária.
Eles são instrutores do Curso de Monitor Nacional em Desminagem Humanitária. Os militares brasileiros integram o Grupo de Assessores Técnicos Interamericanos na Colômbia (GATI-CO), que tem o objetivo de assessorar o Comando Geral das Forças Militares da Colômbia em temas relacionados à desminagem humanitária e capacitar os militares colombianos que atuam nessa missão.
O novo curso de monitores, iniciado em 21 de janeiro de 2022, com a duração de sete semanas, tem a participação de dez militares da Marinha e do Exército da Colômbia, com experiência em operações de desminagem humanitária.
A Técnica de Detecção Canina (TDC) foi uma das instruções ministradas pelos militares brasileiros durante o curso. A capacitação aconteceu nos dias 27 e 28 de janeiro, na Escola de Engenheiros Militares da Colômbia (ESING, em espanhol) e nas instalações da Seção de Treinamento Canino da ESING. Os alunos colombianos tiveram a oportunidade, durante as aulas teóricas e práticas, de verificar os procedimentos adotados para a seleção, preparo e emprego dos guias e cães detectores de minas, que são utilizados na busca e identificação de substâncias explosivas diversas.
Os oficiais brasileiros explicaram à Diálogo que a parte teórica do treinamento teve o propósito de permitir que os futuros monitores conheçam as especificidades, exigências, possibilidades e limitações da utilização dos cães detectores de minas no contexto das operações de desminagem em solo colombiano. “Os monitores serão os responsáveis pela gestão de qualidade das ações de desminagem a serem realizadas por uma organização de desminagem humanitária (ODH) e precisam dominar com detalhes o emprego dessa técnica”, explicou o Ten Cel Bispo.
A parte prática teve o propósito de ampliar a confiança dos alunos no emprego dos cães detectores de minas. “Na atividade, eles puderam visualizar o desempenho dos animais na busca de substâncias e conheceram as etapas do árduo treinamento que irão executar diariamente”, explicou o CT Gustavo Lopes. “Os binômios [guia canino e cão detector de minas], uma vez formados, permanecem juntos em um treinamento que dura mais de um ano, o que permite um trabalho com precisão, rapidez e confiabilidade nas buscas.”
Benefícios
A TDC incrementa a capacidade operativa e melhora o desempenho de uma ODH, permitindo a atuação do binômio canino em regiões onde o emprego de detectores de metais se mostra inviável. Os instrutores do GATI-CO têm observado os benefícios do emprego dos cães, que propiciam rapidez e confiabilidade aos trabalhos de desminagem, devido à sua inteligência aguçada, resistência física e precisão na detecção dos artefatos explosivos.
“Em locais com excesso de contaminação metálica, regiões onde o solo é naturalmente rico em minerais metálicos ou áreas de grandes extensões, é muito eficaz utilizar essa técnica”, disse o Ten Cel Bispo. “O olfato apurado dos cães permite que áreas relativamente grandes possam ser verificadas com segurança e agilidade, conferindo maior velocidade ao processo de desminagem como um todo”, acrescentou o CT Gustavo Lopes.
A missão dos militares brasileiros na Colômbia teve início em 2020. Ambos os oficiais têm a previsão de voltar ao Brasil no final de 2022.
No ano de 2021, foram realizados três cursos de Gestão de Qualidade em Desminagem Humanitária. “Além do curso que já está em andamento, mais dois estão programados até o final de 2022”, disse o oficial do EB.
“Atuar como instrutor na Colômbia tem sido uma grandiosa oportunidade de ter contato e analisar como trabalham as Forças Militares da Colômbia em relação à temática dos problemas advindos com a existência de minas em algumas áreas do país”, salientou o Ten Cel Bispo. “Mais do que apenas atuarmos como instrutores, o conhecimento no contexto da missão funciona como uma via de ‘mão dupla’. Isso porque os alunos, que são militares conhecedores da desminagem, também compartilham suas experiências em operações de desminagem humanitária”, concluiu o CT Gustavo Lopes.