Em meados de abril, pilotos aeronavais da Força de Aviação Naval da Marinha de Guerra do Peru realizaram um treinamento de escape de cabine submersa, organizado pela Marinha Argentina. O exercício foi realizado no Centro de Adestramento da Força Aeronaval No 2 (CIFA) da Marinha Argentina, localizado na Base Aeronaval Comandante Espora de Buenos Aires.
O treinamento teórico-prático de cinco dias se concentrou na apresentação de cenários de emergências em voos sobre a água e exercícios em piscina, para pôr à prova o aprendido. O objetivo do intercâmbio foi ensinar conhecimentos novos e reforçar as destrezas dos oficiais peruanos, para responder a situações aquáticas extremas a bordo de um helicóptero.
“Os pilotos aeronavais da Marinha de Guerra do Peru realizaram adestramento de escape de cabine submersa”, disse à Diálogo o Capitão de Corveta da Marinha Argentina Ramiro Reyero, chefe do CIFA. “Esse exercício ajuda a incrementar as possibilidades de sobrevivência de uma tripulação aérea que precisou realizar um pouso de emergência e deve abandonar sua aeronave enquanto ela está afundando.”
Etapas de adestramento
A capacitação foi dividida em três etapas: uma teórica e duas práticas. Na primeira parte, os instrutores do CIFA apresentaram a história do centro, a metodologia de trabalho, bem como os procedimentos e os aspectos a serem considerados no momento de uma emergência aérea.
A segunda etapa consistiu em exercícios realizados em uma piscina, que incluíram natação e imersões controladas de um simulador de cabine. Durante essa fase, os oficiais praticaram diversas técnicas para escapar da cabine submersa, tendo em conta a desorientação espacial sob a água.
“Finalizadas as duas etapas anteriores, os participantes se dirigiram ao adestrador de cabine submersa, que lhes explicou e demonstrou exercícios de adaptação à água, para que sejam capazes de ajustar a posição de segurança e possam, assim, planejar o processo de evacuação e escape da cabine. Esses treinamentos são realizados posteriormente pelos participantes”, explicou o CC Reyero.
“Aprendemos conceitos teóricos e práticos relativos ao escape de helicópteros com cabine invertida, à utilização do respirador autônomo para poder ter uma capacidade maior de resistência debaixo da água, ao resgate de pessoas em situação de perigo e aos passos necessários de sobrevivência diante de uma possível situação arriscada”, disse o Capitão de Corveta da Marinha de Guerra do Peru Jorge Santa María Zagastizabal, segundo comandante da Base Aeronaval de Callao.
A Marinha Argentina pôs à disposição os membros do Grupo de Paraquedistas de Busca e Resgate e nadadores de resgate do Comando de Aviação Naval da Marinha, todos especialistas nesse tipo de trabalho para a capacitação, explicou o CC Reyero.
Por sua parte, o CC Zagastizabal considerou completo o adestramento recebido dos seus homólogos argentinos. “Foi transferida para nós toda a experiência do pessoal que forma parte do CIFA”, disse o oficial. “Isso tem muito valor e nos permite completar nosso treinamento, tanto individual quanto coletivo.”
Laços de amizade
O intercâmbio não serviu apenas para compartilhar técnicas que podem salvar vidas, mas também permitiu estreitar os laços de amizade entre os pilotos aeronavais da região e padronizar os procedimentos utilizados quando seja necessário realizar operações multinacionais de resposta a desastres, por exemplo.
“Exercícios desse tipo nos permitem transmitir toda a experiência adquirida ao longo dos anos para assim poder contribuir para o adestramento do pessoal da Aviação Naval peruana, ratificando uma vez mais os laços de fraternidade que nos unem”, destacou o CC Reyero.
“A experiência de poder vir aqui [ao CIFA] foi muito interessante. A relação criada com os membros da Marinha Argentina foi muito profissional e muito didática”, concluiu o CC Zagastizabal. “A maneira com que nos trataram foi muito positiva e esse aprendizado nos enriqueceu.”