O General de Brigada Rodrigo Ferraz Silva é o comandante da 12.ª Brigada de Infantaria Leve Aeromóvel, que é uma brigada de emprego estratégico que faz parte das Forças de Prontidão do Exército Brasileiro. No exercício multinacional PANAMAX 2022, o General Ferraz é o comandante da Força-Tarefa Terrestre Componente Combinada, chamada nos Estados Unidos de Combined Force Land Component Command, ou CFLCC.
Diálogo: Em que sua experiência no mundo real contribui para sua função no PANAMAX 2022?
General de Brigada Rodrigo Ferraz Silva, do Exército Brasileiro: A brigada que eu comando no Brasil tem uma capacidade expedicionária e tem como maior característica a prontidão para o combate. Então, eu sigo um plano de instrução diferenciado das demais brigadas do Exército Brasileiro e faço parte também de outras missões que possuem um vínculo com o Comando de Operações Terrestres e também com a Segunda Divisão de Exército e o Comando Militar do Sudeste, sendo que este tem uma vocação expedicionária, que seria essa capacidade de enviar tropas para outras regiões para solucionar problemas de qualquer natureza. E isso é exatamente o que precisamos no cenário apresentado no PANAMAX 2022.
Diálogo: No PANAMAX 2022, a força oponente é a Brigada dos Mártires da Libertação (BML). No caso de um possível ataque da BML, a CFLCC faria um enfrentamento direto?
Gen Bda Ferraz: Na fase [3] que a gente está atualmente, que é a chamada fase de dominação, sim. A missão principal da CFLCC na verdade são duas. A primeira é degradar a capacidade da BML e a gente vai degradar fazendo um combate direto. A segunda é que a gente tem que treinar as forças de segurança de Nova Centrália [país fictício criado para o exercício], para que eles aumentem sua capacidade. E o final dessa fase é exatamente enfrentar a BML.
Diálogo: Qual a importância de ter o apoio da população nesta situação?
Gen Bda Ferraz: É fundamental ter o apoio da população. Esse tipo de operação, nós só podemos fazer com legitimidade e com o menos de danos colaterais possível. Por exemplo, quando a gente tem um alvo que pode ser abatido por fogo de artilharia, a gente tem que, nesse momento, fazer uma análise de qual é o efeito colateral de um tiro naquela situação. Às vezes a gente consegue atingir o alvo e destruir, mas às vezes o dano colateral é tão grande que não vale a pena, porque além das eventuais mortes, você perde o apoio da população. Nos dias de hoje, a gente tem que ter a opinião pública do nosso lado, a legitimidade ao nosso lado. O combate moderno requer dos comandantes uma análise muito profunda e fazer só a força necessária atingir seu objetivo ou a tarefa ou efeito desejado dado pelo escalão superior, que nesse caso seria a BML.
Diálogo: E com relação à interoperabilidade no exercício?
Gen Bda Ferraz: Quanto isso a gente consegue fazer, porque todo o planejamento militar possui uma matriz que é muito semelhante em qualquer país que tenha força armada. O método de planejamento é muito semelhante, independente da doutrina. O que muda muito são as capacidades. Então, por exemplo, tem país que tem um tipo de capacidade que outro país não tem. Então faz a diferença. Mas a matriz de planejamento, análise da missão, todo o planejamento é muito parecido.
Diálogo: Qual o principal objetivo do exercício PANAMAX?
Gen Bda Ferraz: É estreitar os laços de camaradagem, fraternidade, apoio mútuo, conhecer quem são os nossos parceiros, as nações parceiras, criarmos laços de confiança um com o outro. Isso é muito importante e quando a gente começa a trabalhar juntos em cima de um mesmo problema, que são as ameaças à paz, a segurança, à democracia, vemos que todos estão envolvidos para o mesmo objetivo. Então, nesse momento, no planejamento, onde cada nação traz consigo a sua experiência, esse conjugado é que nos vai possibilitar estreitar o laço de amizade, fraternidade, camaradagem e lealdade.