O presidente da Bolívia, Evo Morales, e seu aliado venezuelano, Nicolás Maduro, terminarão na prisão, disse em uma entrevista à AFP o ministro do Interior boliviano Arturo Murillo, ao considerar que esses dois governantes “assassinaram muita gente” em seu empenho para se manterem no poder.
Murillo acredita que estão sendo criadas as condições para que Morales e Maduro terminem “em uma prisão fria”, segundo disse ao referir-se à denúncia que o governo está preparando contra o ex-presidente boliviano perante a Corte Penal Internacional de Haia por crimes de lesa-humanidade. Em 2018, seis países apresentaram uma denúncia contra Maduro com acusações similares.
O governo provisório da Bolívia atribui a Morales as 34 mortes registradas no tumulto social que cercou sua renúncia, no dia 10 de novembro, depois da anulação das eleições do dia 20 de outubro que lhe deram a vitória para um quarto mandato e nas quais a Organização dos Estados Americanos encontrou irregularidades.
“Creio que já existem condições para que Nicolás Maduro acompanhe Evo Morales em alguma prisão em Haia; isso está sendo preparado”, disse Murillo à AFP.
E insistiu: “Nicolás Maduro terminará em uma prisão muito fria junto com Evo Morales, porque assassinaram muita gente e prejudicaram seus países pelo poder.”
Maduro foi denunciado em 2018 pela Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Paraguai e Peru perante o tribunal internacional por crimes praticados na Venezuela desde fevereiro de 2014.
O titular do governo da Bolívia descartou que Morales possa voltar ao poder, como disse Maduro no dia 4 de dezembro, em Caracas.
“Evo Morales pode voltar, mas ninguém garante que ele não vá direto para a prisão”, garantiu Murillo.
Segundo o ministro, Morales “perdeu a oportunidade de sair pela porta da frente”. “Ele não agiu bem; a ambição e seu círculo fechado de corruptos e narcotraficantes o convenceu” a se candidatar a um quarto mandato consecutivo, apesar de que um referendo de 2016 tenha lhe negado essa possibilidade.
“Ele foi adulado, fazendo-o crer que era um deus”, disse Murillo, mas “é um ser humano que cometeu muitíssimos crimes, pelos quais deverá pagar nesta Terra”.
Morales conseguiu em 2017 que o Tribunal Constitucional o tornasse elegível indefinidamente, ao considerar que esse seria um direito humano.
“Ingerência terrível”
Venezuela e Cuba estão na mira do novo governo transitório boliviano, que acusa os dois países de “ingerência terrível” durante os 14 anos em que Morales esteve no poder, até renunciar em meio a uma grave crise política.
Uma das primeiras medidas da presidente interina direitista Jeanine Áñez foi exatamente a expulsão de todos os funcionários da embaixada da Venezuela em La Paz, devido à “violação das normas diplomáticas”, por supostamente terem se imiscuído em assuntos internos.
“Os representantes de Maduro vêm realizando uma ingerência terrível no país e, obviamente, havia agentes deles causando medo e terror” durante a violência que explodiu entre outubro e novembro, disse Murillo.
O governo de Áñez, como cerca de 50 outros países, reconheceu o oposicionista Juan Guaidó como presidente da Venezuela.