No início de janeiro de 2022, começou a operar o Comando Conjunto Marítimo (CCM), subordinado ao Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas Argentinas. O organismo reúne pela primeira vez o Exército, a Marinha e a Força Aérea Argentina para combater os crimes marítimos, como a pesca ilegal, e controlar o mar e os espaços fluviais do país sul-americano.
O CCM foi criado em fevereiro de 2021 face à necessidade de se contar com um organismo encarregado de conduzir permanentemente as operações de vigilância e controle nos espaços marítimos e fluviais, realizar tarefas de busca e resgate e supervisionar o tráfego marítimo, informou o Ministério da Defesa da Argentina em um comunicado, em meados de dezembro de 2021.
Além de contar com o apoio de aeronaves e tecnologia aeroespacial, as tarefas operacionais do CCM contarão com a participação dos patrulheiros oceânicos ARA Bouchard, ARA Piedrabuena e ARA Storni, entre outras unidades navais, que possuem sensores e sistemas de armas de última geração, informou o Ministério da Defesa.
O CCM também tem como objetivo fortalecer o controle e o patrulhamento na zona econômica exclusiva argentina, por onde transita a frota pesqueira chinesa, informou o comunicado.
“Esse comando terá a missão de supervisionar a presença de embarcações e aeronaves na zona econômica exclusiva das 200 milhas marítimas argentinas. Ele contará com a participação das três Forças Armadas para vigiar nossas águas e evitar atividades como a depredação de nossos mares”, disse o ministro da Defesa da Argentina, Jorge Taiana, durante uma visita ao CCM no final de dezembro, segundo o portal de notícias argentino Télam.
“No transcurso desse ano [2021], dotamos o Comando com tecnologia e equipamentos de última geração para garantir seu adequado funcionamento”, explicou o ministro em um comunicado do Ministério da Defesa.
Em dezembro de 2021, foi registrada a entrada de centenas de navios pesqueiros, a maioria de bandeira chinesa, através do Estreito de Magalhães. “Esse ciclo migratório vem se repetindo ano após ano. Observa-se que entre os meses de junho e novembro as frotas pesqueiras se posicionam no Oceano Índico e no Oceano Pacífico. Mais tarde, entre dezembro e maio, chegam por ambos os lados ao Atlântico Sul. Essa situação, que já estudamos profundamente, nos permite agora planejar com tempo o curso das ações a serem seguidas”, disse o Comodoro Norberto Pablo Varela, da Marinha Argentina, comandante do CCM, de acordo com o site de notícias argentino Infobae.
Em uma pesquisa publicada em setembro de 2021, a agência de notícias AP informou que o número de navios pesqueiros de bandeira chinesa dedicados à pesca de lulas no Pacífico Sul passou de 54 embarcações ativas em 2009 para 557 em 2020, enquanto suas capturas aumentaram de 70.000 toneladas em 2009 para 358.000 em 2020.
Segundo o Índice Mundial da Pesca Ilegal, atualizado em dezembro de 2021, a China ocupa a pior colocação por ser o país mais propenso à pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (INN). A pesca INN, afirma a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, afeta todos os aspectos e etapas da captura e da utilização do pescado e pode estar associada ao crime organizado.