No dia 21 de agosto de 2020, o Brigadeiro Barry Cornish assumiu o comando das Forças Aéreas Sul dos EUA/12ª Força Aérea (AFSOUTH, em inglês), na Base da Força Aérea Davis-Monthan, em Tucson, Arizona. A AFSOUTH é o componente aéreo do Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM), focada em combater as ameaças regionais, prestar assistência humanitária e treinar as nações parceiras.
O Brig Cornish falou à Diálogo sobre o papel da AFSOUTH na região, bem como o do Red Flag-Rescue, um exercício importante de busca e resgate de combate, do qual participaram também a Força Aérea Colombiana, junto com a Alemanha e a França. O Brig Cornish, que foi piloto de caça e voou em missões de combate no Iraque, conversou sobre o treinamento recebido no Red Flag, que o preparou para essas missões.
Diálogo: O senhor poderia falar sobre o Exercício Red Flag e a relevância da participação da Força Aérea Colombiana nesse exercício?
Brigadeiro da Força Aérea dos EUA Barry Cornish, comandante da AFSOUTH: O Red Flag é conhecido em todo o mundo como o lugar para um treinamento realista. Ele começou na Base da Força Aérea Nellis. Realizamos o Red Flag no Alasca e o Red Flag-Rescue aqui, que é realmente o centro de excelência para as forças de resgate. Após minha primeira participação no Red Flag como piloto de caça de um F-15, meu esquadrão estava se preparando para um destacamento no Iraque. Quando cheguei no Iraque, na minha primeira missão de combate, senti como se já tivesse estado lá anteriormente. Em meio a toda a excitação, o planejamento e a execução, senti que aquilo não era novo para mim. E não era, porque já estivera lá antes no Red Flag na Base Nellis da Força Aérea. Esse é o objetivo do exercício, promover esse treinamento realista. Já provamos [que] quanto mais realista for o treinamento em tempos de paz, mais letais e capazes de sobreviver são nossas equipes.
A participação da Colômbia é interessante, porque o país tem uma longa experiência como força aérea, principalmente através de nossa parceria. E, ao longo do tempo, o Programa de Parceria Estatal com a Guarda Nacional Aérea da Carolina do Sul vem rendendo dividendos. Ele permitiu que eles viessem aqui e operassem realmente em um ambiente em que não costumam atuar na Colômbia, um ambiente desafiador, disputado, deteriorado e operacionalmente limitado. Ele realmente cria líderes melhores para o futuro e aumenta nossa interoperabilidade com provavelmente nossos parceiros mais fortes na América Latina.
Diálogo: Quais são os maiores desafios às forças aéreas na região? Como vocês podem cooperar com elas para lidar com as ameaças à segurança regional?
Brig Cornish: Elas são desafiadas pela constante missão de combater o crime transnacional. Elas vivem isso dia após dia, especialmente a Força Aérea Colombiana, que combate as FARC [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia] e o ELN [Exército de Libertação Nacional], e estão realizando um excelente trabalho. Esse trabalho se tornou mais difícil, porque o equipamento se tornou obsoleto, e há desafios financeiros como qualquer outra força aérea. Entretanto, o desafio se agravou com a pandemia da COVID-19 em um momento muito difícil para o país. Assim, estamos tentando realmente concentrar-nos na criação, na interoperabilidade e no desenvolvimento profissional da força.
Diálogo: Quais são as principais capacidades que a AFSOUTH compartilha com as nações parceiras da região?
Brig Cornish: Primordialmente, nos dedicamos à cooperação para a segurança. Nós nos concentramos nos domínios aeroespaciais e cibernéticos. Nossas hipóteses de planejamento e nossa campanha apoiam a rede de planos com o planejamento e a estratégia da campanha do SOUTHCOM. E estamos lá para demonstrar que somos um parceiro preferencial de escolha, que respondemos às crises quando é necessário. E estaremos lá com nossas nações parceiras, para comprometer-nos com a paz em nosso hemisfério e garantir um futuro livre e próspero para todos nós.
Diálogo: Qual tem sido o papel da AFSOUTH durante a pandemia?
Brig Cornish: Atualmente, estamos planejando uma operação denominada H.E.A.R.T. (Equipe de Resposta para Assistência ao Engajamento de Saúde), um tipo de força aérea equivalente ao USNS Comfort. Nós concentraremos essa iniciativa primordialmente naqueles países mais necessitados de ajuda para a COVID-19, prestando assistência e cuidando da distribuição de vacinas onde for possível, com o objetivo geral do esforço governamental para ajudar a aliviar a COVID-19 entre nossos grandes parceiros na América Latina e no Caribe.
Diálogo: Como o senhor promove a cooperação de segurança com as forças aéreas da região?
Brig Cornish: Temos diversos engajamentos planejados através das equipes móveis de treinamento. Temos um esquadrão de aconselhamento que viaja aos lugares de tempos em tempos. Estive muito ocupado com os compromissos em nível de líder aéreo com diversos parceiros, tanto na região, quanto os convidando para virem aqui para que possamos fazer os principais engajamentos de líderes. Estamos sempre buscando oportunidades de treinar, para fortalecer o desenvolvimento profissional através do programa IMET [Treinamento e Educação Militar Internacional], além de nosso programa de intercâmbio de militares. Não se trata apenas de fortalecer as instituições da Força Aérea dos EUA e de nossas nações parceiras, mas também de fortalecer as sólidas relações e a confiança entre elas.
Diálogo: Qual é seu principal objetivo como comandante da AFSOUTH?
Brig Cornish: Quando expus ao comando minhas áreas de atuação, eu me concentrei em quatro pontos principais. Primeiro, um cargo de embaixador. Acho que todos nós, e incluo aí nossos oficiais de ligação estrangeiros, porque todos fazemos parte de uma equipe, somos embaixadores de nossos países. E criamos confiança mútua, e mantemos essa confiança.
Em segundo lugar, como o senhor sabe, nosso comando, nosso país, nossos parceiros esperam que sejamos os melhores líderes componentes do serviço possíveis. Somos pilotos e espera-se de nós que dominemos o espaço aéreo e o cibernético.
Em terceiro lugar, integração conjunta. Em tudo aquilo que realizamos, devemos encontrar meios de aperfeiçoar nosso modo de atuação através dos componentes de nossas operações conjuntas, atividades e investimentos. E eu lhes digo a todos os meus amigos: se tivermos um homólogo por lá em todos os demais componentes, devemos desenvolver também essa relação, porque isso nos torna melhores.
Por fim, adotar uma mentalidade competitiva, que às vezes a população tem dificuldade para entender. Sabemos o que a paz e a guerra significam, e o que o conflito e a crise significam. Entretanto, competir diariamente com grandes potências, que estão encontrando novos meios de minar nossa influência em todo o mundo, requer uma mentalidade competitiva, e usamos todos os nossos instrumentos de poder, não apenas no Departamento de Defesa [dos EUA], mas também na nossa interagência, para implementar o que eu acredito que o secretário de Defesa [dos EUA] Lloyd Austin tenha chamado de dissuasão integrada.
Se conseguirmos fazer isso corretamente e competirmos fortemente a cada dia, então evitaremos conflitos futuros. Então, é nisso que tenho me concentrado.